China: perfil do país mais populoso do mundo e mais nova superpotência

A China é o país mais populoso do mundo. Tem uma cultura milenar e contínua, cujas origens vêm de cerca de 4 mil anos atrás e são responsáveis por muitas das fundações do mundo moderno.

Após existência de várias dinastias durante a Antiguidade, a China passou mais de 2 mil anos como um império, no que é conhecido como a época da China Imperial, de 221 AC a 1912 DC.

O império foi substituído por décadas da chamada República da China, fase marcada por disputas pelo poder, guerra civil e a ocupação japonesa de parte do país, particularmente a ilha de Formosa (futura Taiwan) e a região da Manchúria, ao norte da Península Coreana.

Após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, a guerra civil chinesa ganhou intensidade.

A República Popular da China foi fundada em 1949, depois que o Partido Comunista, liderado por Mao Tsé Tung, derrotou o nacionalista Kuomintang. O grupo derrotado, liderado pelo general Chiang Kai-shek, refugiou-se em Formosa (Taiwan), criando dois Estados chineses rivais – a República Popular, no continente, e a República da China, baseada em Taiwan.

Depois de estagnar por décadas, sob o rígido socialismo totalitário de Mao Tsé Tung, a China reformou sua economia a partir de 1979, parcialmente de acordo com linhas capitalistas, para fazer dela uma das economias de crescimento mais rápido no mundo, além de maior exportador do planeta.

Em 1999, um acordo com os Estados Unidos abriu as portas para que a República Popular da China entrasse na Organização Mundial do Comércio (OMC), permitindo que o país abrisse seu mercado e expandisse suas relações comerciais.

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A Grande Muralha da China, erguida no século 14, é um dos grandes monumentos históricos do país

A China tornou-se um enorme investidor no exterior, assumiu a posição de segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e seguia firme em seu rumo de assumir a primeira colocação.

O país passou a perseguir uma política externa e de defesa cada vez mais assertiva.

As mudanças econômicas, porém, não foram acompanhadas de reforma na política, e o Partido Comunista mantém um forte controle na vida política e em grande parte da sociedade como um todo.

O massacre na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989, sufocou a última grande manifestação em favor de reformas democráticas.

Desde então, dissidentes políticos foram perseguidos e silenciados, enquanto a economia seguiu avançando e ocupando posições de liderança internacional na área de tecnologia.

Em 2003, a China ganhou posição de destaque na exploração espacial ao colocar em órbita o primeiro de vários astronautas que enviaria ao espaço.

A China é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, juntamente com Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido.

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República Popular da China

Capital: Pequim

  • População1,4 bilhão

  • Área9,6 milhões de quilômetros quadrados

  • Principal línguaChinês mandarim

  • Principais religiõesBudismo, cristianismo, islamismo, taoísmo

  • Expectativa de vida75 anos (homem), 78 anos (mulher)

  • MoedaRenminbi (yuan)

Fonte: ONU, Banco Mundial

Presidente: Xi Jinping

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Xi Jinping chegou ao cargo de presidente em 2013 e rapidamente concentrou poder em suas mãos

Xi Jinping chegou ao poder em 2012-13, como o escolhido herdeiro do predecessor Hu Jintao, e a expectativa é que ele lidere a China durante a próxima década.

Desde que assumiu o cargo, ele concentrou poder em suas mãos, num gesto visto como um afastamento do tradicional sistema de liderança coletiva, e buscou apresentar uma face moderna da China ao mundo.

Sua posição como o mais poderoso líder desde Mao Tsé Tung foi consolidada em 2027, quando seu nome e sua filosofia política foi escrita na Constituição do Partido Comunista pelo Congresso Nacional.

No início de 2018, o partido também autorizou que Xi Jinping permaneça no cargo indefinidamente, ao abolir o convencional limite de dois mandatos presidenciais.

Os principais temas de sua liderança têm sido reforma econômica para incentivar as forças do mercado e uma campanha contra corrupção.

Xi rejeita as ideias ocidentais de democracia constitucional e direitos humanos como modelos para a China, e seu governo agiu para silenciar vozes críticas ao regime de partido único, especialmente nas mídias sociais.

A China é o maior mercado de mídia do mundo. Seus veículos de comunicação operam sob forte controle do Partido Comunista.

A abertura do setor se estendeu pelos setores de distribuição e publicidade, mas não necessariamente pelo conteúdo editorial.

Pequim tenta limitar o acesso ao noticiário por meio da restrição da retransmissão e do alcance de televisão por satélite, além do bloqueio de sites da Web, utilizando um amplo sistema de filtragem conhecido como “Grande Firewall”.

Com 772 milhões de usuários, a China tem a maior população conectada à internet do mundo. Três poderosas empresas – Baidu, Alibaba e Tencent – dominam o mercado. O aplicativo de mensagens da Tencent, o WeChat, tem mais de 900 milhões de usuários.

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O regime chinês controla o uso da internet em seu país, implantando o que ficou conhecido como “Grande Firewall”

RELAÇÕES COM O BRASIL

A aproximação entre os governos do Brasil e da China começou já no século 19. Os primeiros imigrantes chineses desembarcaram em território brasileiro para trabalhar na lavoura, e em 1880 Brasil e China assinaram um tratado de “Amizade, Comércio e Navegação”.

O tumultuado século 20 para os chineses distanciou os dois países, e a revolução de 1949 criou um dilema para o Brasil sobre como se relacionar com Pequim.

Por muitos anos, o governo brasileiro manteve relações diplomáticas formais com Formosa, a ilha rebelde de Taiwan.

Em agosto de 1974, no entanto, o governo do general Ernesto Geisel, impulsionado pela necessidade prática de estabelecer laços econômicos com Pequim, decidiu reconhecer a República Popular da China como única representante do povo chinês. As relações com Taiwan foram então rompidas.

Brasil e China então reaproximaram-se ao longo dos anos, até que João Baptista Figueiredo tornou-se, em 1984, o primeiro presidente brasileiro a visitar o país.

Foi seguido de José Sarney quatro anos depois, gestos que levaram à crescente colaboração entre os dois países na área científica.

Nessa época, nasceu a parceria no programa Satélite de Recursos na Terra China-Brazil, ou CBERS na sigla em inglês.

A iniciativa levou à produção conjunta de satélites para o gerenciamento de florestas e geologia, o que culminou com o lançamento do primeiro CBERS, a bordo de um foguete chinês, em 1999.

Após a entrada da China na OMC, em 2001, as exportações e importações entre os dois países aumentaram significativamente.

Isso fez com que, em 2009, a China se tornasse o principal parceiro comercial do Brasil, na época com US$ 36 bilhões em transações, ultrapassando o total comercializado entre Brasil e Estados Unidos.

A China tornou-se vital para a exportação agrícola, particularmente de soja, e de minérios brasileira.

As relações entre Brasília e Pequim continuaram positivas até a chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, em 2019.

Depois de criticar a China durante sua campanha, o presidente brasileiro adotou uma postura cética em relação à potência asiática, repetindo o tom de críticas feitas pelo então presidente americano, Donald Trump, sobre o avanço econômico chinês pelo mundo.

Em 2020, ataques feitos à China pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, responsabilizando Pequim pela pandemia de covid-19, levaram a uma crise diplomática entre os dois países.

O governo brasileiro também adotou uma postura de antagonismo em relação à empresa de tecnologia Huawei e à possibilidade de ela participar do sistema de transmissão 5G no país.

A postura foi aliviada após a derrota de Donald Trump em sua tentativa de reeleição, em novembro de 2020.

LINHA DO TEMPO

Cerca de 1700-1046 AC – A dinastia Shang reina sobre o norte da China – o primeiro Estado chinês sobre o qual ainda existem registros escritos.

221-206 AC – O centro da Chian é unificado pela primeira vez sob o primeiro imperador da nação, Qin Shihuangdi.

1644 – Uma invasão manchu vinda do norte estabelece a dinastia Qing.

1911-12 – Revoltas militares levam à proclamação da República da China sob Sun Yat-sem e à abdicação do último imperador manchu. Grande parte do país, porém, é tomada por grupos armados e seus líderes.

1931-45 – O Japão invade a China e estabelece um regime brutal de ocupação por vastas áreas do país.

1949 – Em 1º de outubro, o líder comunista Mao Tsé Tung proclama a fundação da República Popular da China, depois de derrotar na guerra civil o movimento nacionalista Kuomintang.

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A moderna Xangai, maior cidade da China, é um dos símbolos do desenvolvimento recente do país

1950 – A China envia tropas do Exército de Libertação Popular ao Tibete, impondo à força sua reinvindicação sobre a região.

1958-60 – O “Grande Salto Adiante” de Mao Tsé Tung perturba a produção agrícola chinesa, causando um abalo econômico, e é rapidamente abandonado depois da perda de milhões de vidas.

1966-76 – A “Revolução Cultural” de Mao produz enorme turbulência social, econômica e política.

1976 – Morre Mao Tsé Tung. A partir de 1977, o pragmático Den Xiaoping emerge como a figura dominante no comando da China e conduz amplas reformas econômicas.

1989 – Tropas chinesas abrem fogo contra manifestantes pró-democracia na Praça da Paz Celestial, em Pequim, matando centenas de pessoas.

2001 – A China entra na Organização Mundial do Comércio.

2010 – A China torna-se a segunda maior economia do mundo, depois dos Estados Unidos, depois que a economia japonesa encolheu nos últimos meses do ano.

Fonte: BBC

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