- Jane Wakefield
- Repórter de tecnologia da BBC News
Um cabo submarino de fibra óptica que conecta Tonga ao resto do mundo foi cortado durante a erupção do vulcão submarino Hunga Tonga-Hunga Haʻapai, no Pacífico.
O Ministério das Relações Exteriores da Nova Zelândia diz que pode levar mais de um mês para reparar os 49.889 km de cabo no Pacífico Sul.
A erupção submarina — seguida por um tsunami —, no dia 15 de janeiro, fez com que os 110 mil habitantes de Tonga ficassem isolados.
Uma conexão sem fio 2G foi estabelecida na ilha principal, usando uma antena parabólica da Universidade do Pacífico Sul. Mas o serviço é irregular, e a internet tem conexão lenta.
Como o cabo será consertado?
Acredita-se que o cabo, operado pela Tonga Cable, tenha sido danificado a cerca de 37 km da costa.
De acordo com a agência de notícias Reuters, uma inspeção em busca de avarias conduzida pela empresa após a erupção do vulcão parecia confirmar a ruptura do cabo.
O processo para “remendar” o cabo é, na verdade, bastante simples, de acordo com o engenheiro-chefe da Virgin Media, Peter Jamieson, que também é vice-presidente do conselho da European Subsea Cable Association.
“Eles vão enviar um pulso de luz da ilha, e uma máquina vai medir quanto tempo ele leva para viajar — isso vai estabelecer onde está a ruptura”, explica.
Na sequência, uma embarcação especializada em reparo de cabos será enviada ao local da primeira ruptura.
Ela vai usar um ROV (sigla em inglês para veículo submarino operado remotamente) ou uma ferramenta conhecida como arpéu (basicamente um gancho em uma corrente) para recuperar a extremidade quebrada.
Ela será reconectada ao novo cabo a bordo da embarcação — e, em seguida, o mesmo processo será realizado na outra extremidade da ruptura.
Se tudo correr bem, todo o processo levará entre cinco e sete dias.
Por que pode demorar mais?
Vai levar tempo para levar uma embarcação de reparo de cabos ao arquipélago — a mais próxima está atualmente estacionada em Port Moresby, Papua Nova Guiné, a cerca de 4.700 km de distância.
O barco especializado, The Reliance, atende mais de 50 mil km no Pacífico Sul.
Especialistas vão ter que determinar que a área é segura para a embarcação e a tripulação, e que não há mais vulcões sujeitos a entrar em erupção.
Estima-se que globalmente sejam realizados até 200 reparos por ano, mas é raro que sejam causados por desastres naturais (90% das rupturas são decorrentes de redes ou âncoras de barcos de pesca).
Cada vez mais, a tecnologia de rastreamento está sendo usada para informar os operadores sobre a presença de barcos em áreas que possam representar um risco para os cabos, para que sejam capazes de contatá-los diretamente para alertá-los.
Os cabos de transmissão de dados são feitos de fibra óptica de vidro, mas grande parte da espessura do cabo é apenas um revestimento de proteção para as fibras de vidro.
Os cabos que percorrem uma plataforma continental devem ser enterrados entre um e dois metros de profundidade. No entanto, muitos ficam apenas no leito do oceano porque estão fundo demais para serem danificados.
A exceção a isso são os desastres naturais, como aconteceu em Tonga. Em 2006, um terremoto na costa de Taiwan rompeu um cabo, levando à perda da conexão de internet e dos serviços de telefonia internacional na região.
Quão vitais são esses cabos?
Nos países ocidentais, se um cabo romper não é um problema, porque existem muitos outros. O Reino Unido, por exemplo, tem cerca de 50 cabos que fornecem dados ao país.
Em Tonga, havia apenas um.
“Idealmente, você teria pelo menos dois cabos”, diz Jamieson. “Mas os cabos são caros e não há motivação para o Facebook, Google ou qualquer pessoa construir um lá.”
Em todo o mundo, estima-se que existam mais de 430 cabos, que percorrem 1,3 milhão de km ao redor do planeta.
Após o rompimento de um cabo em 2019 — por causa da âncora de um navio —, Tonga assinou um contrato de 15 anos para obter conexão via satélite.
Mas o uso de telefones por satélite foi afetado pelas cinzas vulcânicas que cobrem o país. Algumas pessoas relataram que só conseguem ligar — e não recebem chamadas.
Por causa do custo, o uso de telefones por satélite é limitado a funcionários do governo e algumas empresas.
O provedor de rede móvel Digicel instalou um sistema provisório na ilha principal de Tongatapu, usando a antena parabólica da Universidade do Pacífico Sul para fornecer cobertura 2G limitada.
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Fonte: BBC