COP27: Negociações seguem tensas em busca de acordo climático

  • Justin Rowlatt, Georgina Rannard e Elsa Maishman
  • Da BBC News em Sharm el-Sheikh (Egito) e em Londres

Ativistas climáticos segurando cartazes durante manifestação durante a COP27

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Jovens ativistas climáticos têm sido uma forte presença na Cúpula do Clima da ONU em Sharm el-Sheikh

As negociações sobre um acordo potencialmente histórico na Cúpula do Clima da ONU (COP27) no Egito continuaram durante toda a noite deste sábado (19/11).

A conferência de duas semanas em Sharm el-Sheikh foi estendida depois que nenhum acordo foi alcançado na sexta-feira.

A questão de quem vai pagar por “perdas e danos” causados pelas mudanças climáticas tem sido o maior ponto de discórdia entre os países.

Embora os negociadores tenha dito na noite de sábado que isso havia sido resolvido, nenhum acordo geral foi anunciado.

O Egito, país anfitrião do evento, disse que queria que o acordo fosse fechado antes do final da noite, mas os negociadores disseram a repórteres que um acordo ainda está longe e eles estavam se preparando para outra longa noite.

Essas cúpulas regularmente passam do tempo previsto — e a COP27 está a caminho de se tornar uma das mais longas de todos os tempos.

As negociações continuaram mesmo após o local do evento ser desmontado, e os representantes de alguns países já teriam ido embora, segundo relatos.

O principal desacordo é sobre um fundo dedicado a “perdas e danos” para compensar os efeitos das mudanças climáticas, que os países em desenvolvimento vêm pedindo há décadas.

Se um acordo for fechado, será uma vitória histórica para essas nações, o que pode contribuir para reduzir o fardo de eventos como as recentes inundações no Paquistão e na Nigéria.

Em um movimento dramático, na noite de quinta-feira (17/11), a União Europeia (UE) disse que poderia concordar com isso sob algumas condições — o que provou ser controverso.

A UE argumentou que todos aqueles que pudessem pagar deveriam contribuir para o fundo, incluindo economias emergentes maiores como China, Arábia Saudita e Cingapura.

Isso levantou questões fundamentais para a ONU sobre a definição de países em desenvolvimento.

Um compromisso assumido há 30 anos estipulava que as nações ricas deveriam arcar com mais esforços para reduzir as emissões de carbono.

Mas o cenário mudou muito desde então, e alguns países em desenvolvimento se tornaram muito mais ricos — e contribuintes muito maiores para as emissões.

Representantes dos EUA disseram que estão trabalhando em propostas na conferência para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar os custos das mudanças climáticas.

Mais cedo, a ministra do Clima do Paquistão, Sherry Rehman, disse que os negociadores estavam se aproximando de um resultado positivo.

Outras questões ainda sobre a mesa incluíam metas sobre combustíveis fósseis.

No ano passado, na COP26 em Glasgow, na Escócia — que também durou mais do que o previsto — os países concordaram em “reduzir gradualmente” o uso de carvão.

Houve agora uma proposta para expandir isso para incluir também petróleo e gás.

Há preocupações sobre se a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C acima dos tempos pré-industriais será mantida.

A ONU diz que o aumento da temperatura acima desse nível exporia milhões de pessoas a impactos climáticos potencialmente devastadores.

Fonte: BBC