Covid: quais países já vacinam crianças com menos de 12 anos contra o coronavírus?

Garota sendo vacinada por enfermeira

Crédito, Getty Images

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Por ora, a única vacina autorizada no Brasil para jovens de 12 a 17 anos é a Comirnaty, desenvolvida pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech

Os EUA se tornaram o mais recente país a autorizar o uso de vacinas contra covid-19 em crianças (menos de 12 anos), mais especificamente a aplicação da Pfizer/BioNTech para jovens de 5 a 11 anos. Autorização semelhante deve começar a ser discutida oficialmente no Brasil em novembro, quando a farmacêutica entrar com o pedido de uso do imunizante.

Diversos países do mundo já autorizaram o uso de vacinas para adolescentes com mais de 12 anos, como o Brasil. Mas até agora apenas 9 países já imunizam jovens mais novos que isso, segundo levantamento da agência de notícias Reuters: Bahrein, Chile, China, Cuba, El Salvador, Emirados Árabes Unidos, EUA, Equador e Indonésia. Esses locais usam diversas vacinas diferentes: Sinopharm, Sinovac (Coronavac), Soberana 02 e Pfizer/BioNTech.

Parte dos médicos e pesquisadores tem afirmado que, dada a persistência da variante Delta e a volta do ensino presencial, a vacinação de crianças é o próximo passo crucial no combate à pandemia.

“Os pais precisam entender a urgência da vacinação porque a pandemia ainda não acabou”, disse à BBC James Versalovic, patologista-chefe do Hospital da Criança do Texas (EUA).

O aval das autoridades americanas foi dado após um grupo de especialistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e da agência local de controle e regulamentação de alimentos e remédios (FDA) avaliar riscos e benefícios da vacinação de crianças contra a covid-19.

Dados oficiais dos EUA apontam quase 1,8 milhão de casos de covid em criança de 5 a 11 anos no país. Menos de 200 morreram, e a maioria delas já tinha problemas de saúde crônicos.

Segundo análises de pesquisadores da FDA, a vacina da Pfizer/BioNTech tem eficácia de quase 91% na prevenção de covid em crianças pequenas, uma resposta imunológica comparável à observada em pessoas de 16 a 25 anos. Nenhum efeito colateral sério foi identificado pelos pesquisadores.

A vacina para a faixa etária de 5 a 11 anos tem uma dosagem diferente (um terço da aplicada em adultos) e demanda agulhas menores. Estima-se que a segunda dose seja concedida três semanas depois. Em razão dessas mudanças, os países precisam fazer novas encomendas com a Pfizer/BioNTech, em vez de fracionar as doses já adquiridas.

Vacinação contra covid-19 para menores de 12 anos no mundo. . .

O primeiro país a aplicar vacinas em crianças pequenas foi a China, em junho, quando autoridades aprovaram o uso emergencial da vacina da fabricante Sinovac (parceira do Instituto Butantan no Brasil na produção da Coronavac) para jovens de 3 a 17 anos.

O país estabeleceu uma meta aproximada de vacinar 80% de sua população de 1,4 bilhão até o final do ano, um número impossível de atingir sem contemplar também um grande número de menores de 18 anos.

Em teoria, a vacina contra a covid-19 é voluntária na China, embora alguns governos locais tenham dito que os alunos não terão permissão para voltar à escola neste semestre a menos que sua família inteira tenha sido vacinada com duas doses.

Essa mesma vacina Coronavac foi aprovada para uso emergencial em crianças acima de 6 anos em outros países, como Chile (setembro), Equador (outubro) e Indonésia (novembro).

Cuba, por sua vez, começou no início do mês a vacinação em crianças de dois a 18 anos com as vacinas produzidas no país, tornando-se o primeiro país do mundo a imunizar crianças tão pequenas. A campanha será feita em etapas para viabilizar a volta às aulas.

Em novembro, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein também autorizaram o uso emergencial da vacina Pfizer/BioNTech para crianças de 5 a 11 anos. Ambos os países já haviam aprovado o uso de outro imunizante, Sinopharm, semanas antes para jovens de 3 a 17 anos e de 3 a 11 anos, respectivamente.

Vacinação de menores de idade no Brasil

Por ora, a única vacina autorizada no Brasil para jovens de 12 a 17 anos é a Comirnaty, desenvolvida pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech, que devem pedir ainda em novembro autorização à Anvisa para uma vacina voltada a jovens de 5 a 11 anos.

O Instituto Butantan já fez um pedido para uso da Coronavac em menores de idade, mas a Anvisa solicitou mais dados dos estudos que fundamentam esse tipo de solicitação de uso.

O principal efeito colateral da vacina da Pfizer nos mais jovens tem sido a miocardite, um tipo de inflamação no músculo cardíaco. Mas os casos são considerados raríssimos e leves.

Segundo os cálculos (os mesmos usados pelo Ministério da Saúde), foram 16 indivíduos acometidos a cada 1 milhão de vacinados, e a maioria das inflamações cardíacas foi leve. Os acometidos se recuperaram após um tempo curto de tratamento e repouso. Também não foi observado nenhum infarto decorrente dessa complicação.

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Como reduzir riscos de covid após 2ª dose

As autoridades ainda estão estudando se esse problema cardíaco é realmente causado pelos imunizantes ou se não há nenhuma relação, diz a médica Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, organização que trabalha com políticas públicas de imunização em vários países do mundo.

De acordo com o site do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, os sintomas mais comuns que aparecem nos adolescentes após a vacina são dor e vermelhidão no braço, cansaço, dor de cabeça, calafrios, febre e náuseas. Nem todas as pessoas sentem os incômodos — e, mesmo naquelas que apresentam esses efeitos colaterais, o quadro costuma ser leve e dura poucos dias, de acordo com a entidade americana.

E embora os adolescentes não estejam entre os mais afetados pela infecção com o coronavírus, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil entendem que levar essa proteção a eles é um passo natural, ainda que seja mais urgente e prioritário garantir a segunda dose aos adultos e dar uma terceira nos grupos vulneráveis.

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Fonte: BBC