elBulli: o influente restaurante reabre, mas não vai servir comida

Os amantes de gastronomia do mundo todo que um dia peregrinaram pela estrada que liga Barcelona ao interior de Roses para comer no restaurante mais influente do século já podem voltar a encher o tanque do carro para refazer o percurso. O elBulli, comandado pelo celebrado chef catalão Ferran Adrià, está pronto para reabrir as portas em junho — mas desta vez não servirá nenhum tipo de prato.

Agora batizado de elBulli1846, o espaço virado para o Mediterrâneo que abrigou aquele que foi o epicentro da gastronomia molecular se transformou em um museu; as experiências gastronômicas que acontecem ali ficarão na memória dos que tiveram a sorte de conseguir garantir uma mesa até o restaurante fechar, em 2011.

O buldogue francês, 'bulli', deu nome ao restaurante, uma homenagem que Adriá prestou aos primeiros donos do imóvel, aficionados pela raça
O buldogue francês, ‘bulli’, deu nome ao restaurante, uma homenagem que Adrià prestou aos primeiros donos do imóvel, aficionados pela raça (elBulli/Divulgação)

Quem visitar o novo ambiente, porém, vai poder ter uma dimensão do que era servido e entender por que o elBulli transformou os rumos da alta cozinha como a conhecemos em 1846 receitas criadas nos últimos seis anos em que o restaurante permaneceu aberto (a referência do novo nome vem daí).

O museu terá dois espaços: uma área externa com vista para o mar com 2.500 metros quadrados e, no interior, a mítica casa caiada que serviu como salão com 1.200 metros quadrados, que abriga outra parte do acervo. 

São 69 instalações artísticas, conceituais e audiovisuais que contam a história do restaurante. Entre os objetos expostos estão desde cadernos usados por cozinheiros que passaram por ali e hoje se tornaram muito famosos (como o basco Andoni Luis Aduriz, do Mugaritz, em San Sebastian, no País Basco) até 114 desenhos que Adrià pintou a partir de 2012 em sua casa em Barcelona usando tintas e cotonetes.

Salão do elBulli: quem comeu, comeu. Quem não comeu, se contenta com o museu
Salão do elBulli: quem comeu, comeu… (elBulli/Divulgação)

Logo na entrada há uma homenagem aos bullinianos, com os nomes de todos os cozinheiros que passaram por ali e ganharam a alcunha por terem feito parte da famosa equipe. Também estão disponíveis os 23 (dos 53 previstos) livros que compõem a “bullipedia”, o mais ambicioso acervo de gastronomia já publicado no mundo, com 17.500 páginas. 

A um custo de €27,50 a entrada, o museu tem um tempo médio de visita de 2 horas e meia: há audioguias em francês, inglês, espanhol e, claro, catalão, além de vans (chamadas de elBulli bus) que levam os turistas do charmoso e pacato centro de Roses até a Cala Montjoi, onde o edifício — que consumiu um investimento de 11 milhões de euros — está localizado. 

A incrível vista para a Cala Montjoi, em Roses
A incrível vista para a Cala Montjoi, em Roses (elBulli/Divulgação)

Utensílios que foram primeiro usados pelo elBulli em uma cozinha profissional — como sifões, desidratadores, liofilizadores — também estão à mostra, assim como manuais técnicos de como utilizá-los. Adrià e sua equipe mudaram a linguagem da alta cozinha moderna ao unir avanços da indústria alimentar com a gastronomia.

Onde ficava a cozinha, por exemplo, um telão exibe vídeos de como era o trabalho que acontecia ali quando o restaurante ainda estava aberto: ambicioso e minucioso, Adrià sempre quis registrar tudo o que se fazia ali, como todos os métodos e receitas criadas por sua equipe. Também há uma sala das contribuições do restaurante para os utensílios e o design na gastronomia, de louças a seringas, de colheres vazadas às pinças que se tornaram presentes em todas as grandes cozinhas do mundo. 

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elBulli galeria
A história da gastronomia molecular contada em documentos, livros e experimentos (elBulli/Divulgação)

O museu também é uma ode ao pensamento bulliniano, em que inovação sempre foi ingrediente principal e que gerou novos braços, como a própria fundação (elBullifoundation) que gere tudo o que envolve o universo criado por Adrià, incluindo o sistema Sapiens, uma metodologia desenvolvida para “conectar conhecimentos e compreensão”, como explica o site. 

“Criar é não copiar”, lê-se em um neon de uma frase destacada em uma das paredes do novo espaço. O elBulli foi uma revolução na gastronomia, um restaurante tão importante para entender os movimentos das cozinhas na última década que virou, quem diria, até museu.

Nota do colunista: aos que quiserem aproveitar o trajeto e matar, de certa forma, alguma saudade dos pratos do elBulli ou ter uma ínfima ideia do que era a comida servida ali (para não voltar para Barcelona com o estômago roncando), uma dica é reservar uma mesa no Compartir, em Cadaqués. O restaurante é gerido por três bullinianos (Oriol Castro, Eduard Xatruch e Mateus Casañas) e é uma herança direta do DNA que ainda se mantém a partir da gastronomia concebida por Adrià (Riera Sant Vicenç s/n, Cadaqués / +34 972 25 84 82). O restaurante também aluga três pequenos apartamentos, uma pedida e tanto para passar a noite em um dos vilarejos à beira-mar mais encantadores da Espanha.

elBulli 1846

Funcionamento: 15 de junho a 16 de setembro de 2023

De 2ª a sábado das 9h30 às 20h.

O museu organiza um passeio com duração de 7 horas que inclui também uma visita a bordo do Tren Turístico Cultural Roses Exprés ao Parque Natural del Cap de Creus, uma das paisagens naturais mais bonitas da Catalunha; informações aqui

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Fonte: Viagem e Turismo

elBulli: o influente restaurante reabre, mas não vai servir comida

Os amantes de gastronomia do mundo todo que um dia peregrinaram pela estrada que liga Barcelona ao interior de Roses para comer no restaurante mais influente do século já podem voltar a encher o tanque do carro para refazer o percurso. O elBulli, comandado pelo celebrado chef catalão Ferran Adrià, está pronto para reabrir as portas em junho — mas desta vez não servirá nenhum tipo de prato.

Agora batizado de elBulli1846, o espaço virado para o Mediterrâneo que abrigou aquele que foi o epicentro da gastronomia molecular se transformou em um museu; as experiências gastronômicas que acontecem ali ficarão na memória dos que tiveram a sorte de conseguir garantir uma mesa até o restaurante fechar, em 2011.

O buldogue francês, 'bulli', deu nome ao restaurante, uma homenagem que Adriá prestou aos primeiros donos do imóvel, aficionados pela raça
O buldogue francês, ‘bulli’, deu nome ao restaurante, uma homenagem que Adrià prestou aos primeiros donos do imóvel, aficionados pela raça (elBulli/Divulgação)

Quem visitar o novo ambiente, porém, vai poder ter uma dimensão do que era servido e entender por que o elBulli transformou os rumos da alta cozinha como a conhecemos em 1846 receitas criadas nos últimos seis anos em que o restaurante permaneceu aberto (a referência do novo nome vem daí).

O museu terá dois espaços: uma área externa com vista para o mar com 2.500 metros quadrados e, no interior, a mítica casa caiada que serviu como salão com 1.200 metros quadrados, que abriga outra parte do acervo. 

São 69 instalações artísticas, conceituais e audiovisuais que contam a história do restaurante. Entre os objetos expostos estão desde cadernos usados por cozinheiros que passaram por ali e hoje se tornaram muito famosos (como o basco Andoni Luis Aduriz, do Mugaritz, em San Sebastian, no País Basco) até 114 desenhos que Adrià pintou a partir de 2012 em sua casa em Barcelona usando tintas e cotonetes.

Salão do elBulli: quem comeu, comeu. Quem não comeu, se contenta com o museu
Salão do elBulli: quem comeu, comeu… (elBulli/Divulgação)

Logo na entrada há uma homenagem aos bullinianos, com os nomes de todos os cozinheiros que passaram por ali e ganharam a alcunha por terem feito parte da famosa equipe. Também estão disponíveis os 23 (dos 53 previstos) livros que compõem a “bullipedia”, o mais ambicioso acervo de gastronomia já publicado no mundo, com 17.500 páginas. 

A um custo de €27,50 a entrada, o museu tem um tempo médio de visita de 2 horas e meia: há audioguias em francês, inglês, espanhol e, claro, catalão, além de vans (chamadas de elBulli bus) que levam os turistas do charmoso e pacato centro de Roses até a Cala Montjoi, onde o edifício — que consumiu um investimento de 11 milhões de euros — está localizado. 

A incrível vista para a Cala Montjoi, em Roses
A incrível vista para a Cala Montjoi, em Roses (elBulli/Divulgação)

Utensílios que foram primeiro usados pelo elBulli em uma cozinha profissional — como sifões, desidratadores, liofilizadores — também estão à mostra, assim como manuais técnicos de como utilizá-los. Adrià e sua equipe mudaram a linguagem da alta cozinha moderna ao unir avanços da indústria alimentar com a gastronomia.

Onde ficava a cozinha, por exemplo, um telão exibe vídeos de como era o trabalho que acontecia ali quando o restaurante ainda estava aberto: ambicioso e minucioso, Adrià sempre quis registrar tudo o que se fazia ali, como todos os métodos e receitas criadas por sua equipe. Também há uma sala das contribuições do restaurante para os utensílios e o design na gastronomia, de louças a seringas, de colheres vazadas às pinças que se tornaram presentes em todas as grandes cozinhas do mundo. 

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A história da gastronomia molecular contada em documentos, livros e experimentos (elBulli/Divulgação)

O museu também é uma ode ao pensamento bulliniano, em que inovação sempre foi ingrediente principal e que gerou novos braços, como a própria fundação (elBullifoundation) que gere tudo o que envolve o universo criado por Adrià, incluindo o sistema Sapiens, uma metodologia desenvolvida para “conectar conhecimentos e compreensão”, como explica o site. 

“Criar é não copiar”, lê-se em um neon de uma frase destacada em uma das paredes do novo espaço. O elBulli foi uma revolução na gastronomia, um restaurante tão importante para entender os movimentos das cozinhas na última década que virou, quem diria, até museu.

Nota do colunista: aos que quiserem aproveitar o trajeto e matar, de certa forma, alguma saudade dos pratos do elBulli ou ter uma ínfima ideia do que era a comida servida ali (para não voltar para Barcelona com o estômago roncando), uma dica é reservar uma mesa no Compartir, em Cadaqués. O restaurante é gerido por três bullinianos (Oriol Castro, Eduard Xatruch e Mateus Casañas) e é uma herança direta do DNA que ainda se mantém a partir da gastronomia concebida por Adrià (Riera Sant Vicenç s/n, Cadaqués / +34 972 25 84 82). O restaurante também aluga três pequenos apartamentos, uma pedida e tanto para passar a noite em um dos vilarejos à beira-mar mais encantadores da Espanha.

elBulli 1846

Funcionamento: 15 de junho a 16 de setembro de 2023

De 2ª a sábado das 9h30 às 20h.

O museu organiza um passeio com duração de 7 horas que inclui também uma visita a bordo do Tren Turístico Cultural Roses Exprés ao Parque Natural del Cap de Creus, uma das paisagens naturais mais bonitas da Catalunha; informações aqui

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Fonte: Viagem e Turismo