Esqui na Argentina e no Chile: guia das estações

Se as imagens da neve caindo em cidades da Serra Gaúcha e Catarinense nessa semana já povoaram os sonhos dos viajantes de plantão, que dirá o fato de que em abril já foi possível esquiar em Cerro Catedral, a estação de Bariloche. A saudade das montanhas, do peso das botas, do frio na barriga, dos tombos – enfim, do aprendizado – vem desde 2019, quando a temporada de esqui no Hemisfério Sul teve que ser mais curta devido à escassez de neve. No ano seguinte, ironicamente, a neve caiu aos montes sobre os Andes, mas ninguém pôde aproveitar o cenário perfeito para descidas porque as pistas estavam fechadas devido à pandemia. Em 2021, algumas estações de esqui até chegaram a abrir, mas as fronteiras da Argentina e do Chile, não. 

Dessa vez, a participação dos brasileiros na temporada de esqui do Hemisfério Sul não só está desimpedida como vem sendo estimulada: os dois países flexibilizaram suas regras de entrada em abril (saiba mais aqui e aqui) e a Aerolíneas Argentinas confirmou que, entre julho e setembro, terá quatro voos diretos por semana entre São Paulo e Bariloche e dois entre São Paulo e Ushuaia. Como os dois últimos anos foram de vacas magras, não espere por muitas novidades nas estações e tampouco por preços baixos. Ainda assim, os centros de inverno da América do Sul compensam com belas paisagens e estações de esqui de qualidade a um pulo do Brasil. Veja, a seguir, um guia das principais estações de esqui na Argentina e no Chile:

ARGENTINA

Bariloche (Cerro Catedral)

Cerro Catedral, Bariloche, Argentina
O sucesso de Bariloche é tamanho entre os brasileiros que, durante a temporada de inverno, ela recebe o apelido de “Brasiloche”. Ben Girardi/Getty Images

Espremida entre as montanhas e o Lago Nahuel Huapi, que por si só já rendem vários passeios, Bariloche é o destino onde muitos brasileiros debutam na neve. Cerro Catedral, a estação propriamente dita, fica a 19 km da cidade e tem boa quantidade de pistas, mas apenas 7% dela são para iniciantes. Isso, somado à popularidade do destino, faz com que as descidas sejam concorridas. O esqui, no entanto, é quase um pretexto para a viagem. Quem desistiu de aprender ou não tem interesse em praticar o esporte todos os dias encontra várias opções de diversão na neve, como circuitos de tubing e esquibunda, além de um centro comercial bem completo, com o charme das construções de pedra. Fora os restaurantes, as lojas e a vida noturna agitada, Bariloche abriga as clássicas chocolaterias, hoje ameaçadas em popularidade pelo número crescente de cervejarias artesanais.

Datas da temporada – Da primeira semana de julho até o fim de setembro.

Como chegar – Entre julho e setembro, a Aerolíneas Argentinas terá quatro voos diretos por semana entre São Paulo e Bariloche. Outra opção é voar para lá com conexão em Buenos Aires.

Novidades – A cidade ganhou novos restaurantes de alta gastronomia, como o mediterrâneo Anima e o argentino Quiven. Outro recém-inaugurado é o Almado, que fica sobre o Lago Nahuel Huapi e serve café da manhã, almoço, café da tarde e jantar. Na montanha, houve a inclusão de pistas e de um teleférico quádruplo.

Villa La Angostura (Cerro Bayo)

Cerro Bayo, Villa La Angostura, Argentina
Descida com vista nas encostas de Cerro Bayo. Cerro Bayo/Divulgação

Do outro lado do Lago Nahuel Huapi, Villa La Angostura compartilha com Bariloche as belezas naturais, mas difere da vizinha em todos os outros aspectos. A proposta por aqui é sossegar e curtir a natureza, especialmente no Parque Nacional de Arrayanes, uma reserva de árvores da espécie. Não muito distantes dele ficam os puertos Bahia Brava e Manzano e o Lago Correntoso, ótimos pontos para clicar a paisagem. A Avenida de los Arrayanes é onde está boa parte dos restaurantes e do comércio – e cujas construções de madeira lembram os vilarejos suíços. A 9 km, a estação de Cerro Bayo se autodenomina butique: não espere encontrar uma estrutura à Bariloche, mas um clima reservado e intimista. O complexo é considerado bom para os novatos por ter pistas de iniciantes bem longas e um magic carpet, espécie de esteira que agiliza as subidas. A diversão sem esquis fica por conta das pistas de tubing e das caminhadas com raquetes de neve.

Datas da temporada – De 7 de julho a 31 de agosto.

Como chegar – Do aeroporto de Bariloche saem shuttles e ônibus privativos para Villa La Angostura, a 82 km.

San Martín de Los Andes (Chapelco)

Chapelco, San Martín de Los Andes, Argentina
O lift, a neve e o visu. Chapelco/Divulgação

Menor que a vizinha Bariloche, Chapelco exibe um dos mais belos cenários, com bosques de lengas (árvores típicas) cobertas de neve na margem das pistas. Base de visita à montanha, San Martín de los Andes tem ares de vilarejo alpino e reúne charmosas casinhas de madeira e pedra, endereço de hotéis, restaurantes, cafés, chocolaterias e butiques. O centro de esqui tem a menor área esquiável desta seleção, mas conta com pistas longas, de até 3 km de extensão, que livram de subir nos lifts a toda hora e são boas para os iniciantes. Além disso, a infraestrutura é moderna: os paradores da montanha têm Wi-Fi, o sistema de ski pass é automatizado e há um lift quádruplo e rápido. Na montanha também acontecem passeios de trenó, tours de snowmobile e snowshoeing pelos bosques.

Datas da temporada – Do fim de junho ao fim de setembro.

Como chegar – O Aeroporto de Chapelco recebe voos de Buenos Aires. Também é possível ir de carro de Bariloche, que fica a 185 km, aproveitando a paisagem da Rota dos Sete Lagos.

Novidades – Chapelco foi eleito o melhor centro de esqui da Argentina pelo World Ski Awards em 2021. Essa é a sexta vez que a estação recebe o título.

Las Leñas

Las Leñas, Mendoza, Argentina
Paisagem coberta de branco em Las Leñas. Las Leñas/Divulgação

A 2250 metros de altitude, no coração da Cordilheira dos Andes, Las Leñas é cercada por uma paisagem bela e inóspita. Apesar do isolamento, a estação está entre as favoritas dos grandes esquiadores, que se aventuram nas pistas para experts e ousam explorar as áreas “fora de pista”, cobertas de neve virgem e sem trajetos demarcados. Para os iniciantes, há uma área de cerca de mil metros de extensão com pouco declive, ótima para o aprendizado. Há também atividades como tubing, passeios de trenó e tirolesa. À noite, os visitantes escolhem entre esquiar sob as estrelas (há pistas com iluminação especial) e curtir a afamada vida noturna na base da montanha, em especial no cassino do Hotel Piscis. E, falando nisso, boas opções de hotel, restaurantes variados e um pequeno centro comercial compõem a infra.

Datas da temporada – Não confirmadas.

Como chegar – Os aeroportos mais próximos são os de Malargüe, a 80 km da estação, de Mendoza, a 100 km, e de San Rafael, a 180 km. Os três recebem voos de Buenos Aires.

Ushuaia (Cerro Castor)

Cerro Castor, Ushuaia, Argentina
A paisagem inóspita e a qualidade da neve são características da estação. Cerro Castor/Divulgação

A cidade mais austral do mundo abriga uma estação pequena, mas com neve de ótima qualidade, encostas que desafiam todos os níveis de esquiadores e a temporada mais longa da América do Sul. Apesar da infraestrutura na base do Cerro Castor ser contida, ela inclui o essencial: bons hotéis, lojas para comprar ou alugar equipamentos e restaurantes que servem tanto a parrilla argentina quanto frutos do mar típicos da região. Outra vantagem é que é possível combinar a viagem de esqui com passeios de snowmobile, de trenó puxado por cães e também de barco, para observar pinguins e leões-marinhos.

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Datas da temporada – De 28 de junho a 6 de outubro.

Como chegar – Entre julho e setembro, a Aerolíneas Argentinas terá dois voos diretos por semana entre São Paulo e Ushuaia. Outra opção é voar para lá com conexão em Buenos Aires.

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CHILE

Chillán

Chillán, Chile
As piscinas de águas termais encerram o dia nas pistas. Chillán/Divulgação

O Vulcão Chillán acaba desempenhando uma função dupla: suas encostas nevadas são cenário para as descidas de esqui e as temperaturas em seu interior abastecem piscinas de águas termais. Entre as suas pistas, ladeadas por bosques cênicos, está a mais longa dos Andes, batizada de Tres Marías e com 13 quilômetros de extensão. Já as termas se combinam com um spa de 3000m² dentro do Gran Hotel, a mais luxuosa das três hospedagens do complexo. Chillán se destaca pelas atividades na neve, como snowmobile, trenós puxados por cachorros e até paintball. Mas, por outro lado, tem poucas opção de alimentação ou badalação.

Datas da temporada – 24 de junho a 25 de setembro.

Como chegar – O Aeroporto de Concepción, que fica a 98km da estação, recebe voos de Santiago.

Novidades – A estação inaugurou uma nova escola de esqui para crianças com magic carpet, espécie de esteira que facilita as subidas. Também foi aberta a cafeteria Garganta del Diablo, que promete ser uma parada estratégica no meio da pista Tres Marías.

Corralco

Corralco, Chile
Corralco fica dentro de uma reserva ambiental. Corralco/Divulgação

Inaugurada em 2013, Corralco é uma área de concessão dentro da Reserva Malalcahuello-Nacas, repleta de bosques de araucárias milenares. Por esse motivo, existe apenas um hotel, o ecofriendly Valle Corralco Hotel & Spa, e um único restaurante fora dele. Com um número tão restrito de leitos, os hóspedes desfrutam quase com exclusividade dos lifts modernos e das pistas, várias delas para iniciantes, que ficam nas encostas do Vulcão Lonquimay. Como fica ao sul do país, a estação tem neve duradoura e de qualidade. Só não espere por badalação: fora das pistas, o programa consiste em mandar manobras de freestyle no snowpark, escorregar na neve usando boias ou trenós e relaxar no spa com piscinas de águas termais.

Datas da temporada – De 25 de junho a 12 de outubro.

Como chegar – O Aeroporto de Temuco, que fica a 120 km de Corralco, recebe voos de Santiago.

Novidades – A estação estendeu o percurso feito pelo lift Navidad e comprou uma nova máquina de neve, capaz de preparar 10 quilômetros de pistas a cada dia.

Portillo

Portillo, Chile
O icônico hotel amarelo é um verdadeiro resort na neve. Portillo/Divulgação

Portillo é sinônimo do icônico hotel amarelo que fica aos pés das montanhas e às margens da Laguna de Inca. Fundada em 1949, a estação pioneira na América do Sul não tem centrinho com restaurantes, bares e lojas, mas é uma das mais caras, intimistas e qualificadas do continente. Não à toa, sua infraestrutura atrai equipes profissionais do mundo todo, que treinam por lá durante o verão no Hemisfério Norte, e também iniciantes que desejam fazer aulas na sua ótima escola de esqui. Quem dispensa a prática do esporte pode investir nas pistas de tubing, nas piscinas aquecidas ao ar livre e no cinema dentro do hotel.

Datas da temporada – De 25 de junho a 1º de outubro.

Como chegar – A estação fica a 164 km de Santiago.

Valle Nevado

Valle Nevado, Chile
Na base da montanha há três hotéis e condomínios de apartamentos. Valle Nevado/Divulgação

Valle Nevado atrai muitos brasileiros em bate e volta da capital, mas merece mais do que isso. Além de ser por si só o maior resort de neve do Chile, ele se conecta com as estações vizinhas de La Parva El Colorado formando Tres Valles, a maior área esquiável da América do Sul. Dessa forma, não faltam pistas para todos os níveis de esquiadores com vista para um mar de picos nevados, que se somam a uma infraestrutura moderna composta por gôndolas fechadas, Wi-Fi nas pistas e canhões de neve que entram em ação quando o clima não coopera. Outra vantagem: por receber muitos brasileiros, há instrutores de esqui que falam português. Na base da montanha há três hotéis com perfis variados, condomínios de apartamentos, restaurantes, pubs animados durante a noite, piscina aquecida ao ar livre e um pequeno centro comercial.

Datas da temporada – De 17 de junho ao final de setembro.

Como chegar – A estação fica a 40 km da capital Santiago.

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Fonte: Viagem e Turismo