Hotéis em Paris para jantar, badalar, fazer yoga e até dormir

No quesito hotelaria, Paris está em festa. Às vésperas de abrigar os jogos olímpicos de 2024, a cidade exibe um cardápio de endereços onde o requinte e a sofisticação – palavras que por aqui não são vazias de sentido – andam de mãos dadas com as mais recentes tendências da hospitalidade, como o foco em wellness e alimentação saudável. Mas se o que você busca é um recanto para chamar de seu, de preferência com vista para os telhados de Ratatouille, seu desejo será muito bem atendido com esta seleção das melhores inaugurações mais recentes e alguns clássicos eternos. E muitos dos lugares você pode frequentar sem estar hospedado: um jantar em um estrelado Michelin, um drinque com vista para a igreja Saint Eustáquio e até mesmo uma aula de yoga estão ao seu alcance, mesmo se o seu pernoite tiver que ser em um honrado Ibis.

Hôtel Particulier (18º arrondissement)

O mais bucólico e exclusivo

O Hôtel Particulier está no meu Top 5 e fica em Clignancourt, Montmartre, região que conservou a Paris dos primórdios, com a arquitetura e o charme de uma pequena vila de campo, com direito a vinhedos e moinhos. Nesse cenário, na extensão da rua mais chique do bairro, há uma escadaria com acesso fechado para um caminho de pedestres chamado Passagem da Bruxa, com uma enorme pedra que parece uma caverna atravessada na passagem. Passado esse caminho instigante, um portão de ferro guarda um jardim de 900m² e um sóbrio e belo château todo branco no estilo directoire. É como uma caça ao tesouro que ao fim não decepciona. 

Com apenas 5 quartos e estrutura de 5 estrelas (uma para cada cliente), a sensação não é de hotel, mas de casa dos sonhos. As áreas comuns de jardim, lobby com chaminé, biblioteca, restaurante e bar (o Très Particulier) são aconchegantes e com aquele ar caché (escondido) de quem busca privacidade e aconchego, tanto que é possível encontrar por lá alguns moradores de Paris em escapadas discretas. 

As estações mais quentes convidam a aproveitar o brunch sem pressa no jardim da propriedade (o maior entre os hotéis) e depois passear no bairro de residência de Amélie Polain. Montmartre também foi o spot preferido dos pintores no início do século 20 e deixou rastros dessa tradição, como o Bateau Lavoir, um ateliê colaborativo onde Modiagliani morou. O lugar funciona ainda hoje com 25 ateliês de artistas residentes e abriga exposições temporárias. Uma outra caça ao tesouro é comprar a obra de algum desses nomes emergentes que mais tarde podem decolar no mercado de arte. 

E para mais uma balada Amelie e cult ao mesmo tempo, o Studio 28 fica no mesmo quartier. A localização do Hotel Particulier permite chegar mais cedo na Sacré Couer, antes das multidões.

A casa pertenceu à família Hermès, a grife francesa que virou sinônimo de inquestionável qualidade. O entendimento do herdeiro acerca da marca define o que o hotel imprime: “prefiro a palavra qualidade a luxo. Enquanto o luxo pode ser marketing, a qualidade é palpável”. Reserve aqui.

Perfil: fãs de Montmartre, Amélie e exclusividade. Casais.

The Hoxton (2º arrondissement)

O mais descolado

O hotel particulier do século 18 que pertenceu a um conselheiro de Louis XV e tombado como patrimônio histórico é, hoje, um dos spots mais descolados da cidade. Com vida noturna e cenário mega instagramável, o The Hoxton também está meu Top 5. 

No 2ème (o menor arrondissement de Paris), perto do Centre Pompidou, do cinema Le Grand Rex e da belíssima Bibliothèque Nationale Richelieu, o The Hoxton descarta muitas ideias preestabelecidas de um hotel de luxo. Por ter uma pegada jovem, conseguiu se impor como o melhor do segmento e superou o hypster Mama Shelter que, apesar do pouco tempo de vida, parece ter envelhecido mal. 

Com 250 quartos decorados com estilo urbano, mas super fino, há outros ambientes incrivelmente desenhados como o lobby com escadaria do século 18, estofados vintage e uma parede inteira de vidro com vista para a área externa do restaurante, que é um lugar perfeito para o apéro de fim de tarde. Além do lobby espetacular e convivial com cara de loft nova-iorquino frequentado por jovens de Paris, o Hoxton tem também um bar à vin (Planche), um bar de coquetéis (Jacques Bar), um restaurante (Claude) aberto apenas no inverno, uma brasserie (Rivié), além de salas de co-working. Todos sem defeitos – ou melhor, espetaculares.

Nas noites de quarta-feira, o bar à vin Planche tem um tipo de clube do vinil onde os frequentadores são incentivados a trazer discos pra tocar. Uma boa deixa pra se entrosar, mesmo sem estar hospedado. 

Quer mais? Fica ao lado do Jardin des Tuileries e do novo e impressionante Musee de la Bourse de Commerce. Reserve aqui.

Perfil: jovens e profissionais de áreas criativas, influencers.

Château Voltaire (1º arrondissement)

O mais intimista e elegante

O Château Voltaire ganhou vaga no meu Top 5 com um luxo sem ostentação, aconchegante e nobre. Depois de um brainstorm com uma turma bem nascida e antenada, o dono da Zadig & Voltaire concebeu um hotel que vai na contramão da sua marca de roupas e aporta modernidade a um estilo mais tradicional. 

O hi-lo do chique francês já se anuncia na fachada de arquitetura ultrassimples toda em branco patinado e que contrasta com o enorme ornamento rococó de concha de ouro do século 16, que demarca a entrada independente do bar La Coquile d’or. Mais ou menos como uma bela mulher vestida num longo minimalista da estilista Phoebe Philo e com grandes brincos vintage de ouro maciço, como só vistos nas jóias de família.

O hotel foi inspirado na cenografia dos filmes de Claude Sautet, o diretor da Nouvelle Vague que forjou um dos casais fetiche do cinema francês: Marcel Piccoli e Romy Schneider. E é nesse discreto charme da burguesia e de seus casais a inspiração para as suítes, literalmente de cinema. 

Um dos aspectos mais charmosos nesse ambiente de extremo bom gosto sem aparente esforço é a arte em madeira criada para o hotel, como a marchetaria nobre de inspiração Art Déco da brasserie e do bar. Sim, nenhum acessório é aleatório, nem as bijoux de madrepérolas. 

Cereja do bolo, no último andar há um apartamento de 40m² com direito a sala de jantar, terraço e jardim de inverno pra se sentir no seu próprio filme francês. Reserve aqui.

Perfil: gente elegante, mas não conservadora ou careta. Parisienses natos ou de espírito.

Hôtel Providence (10º arrondissement)

O mais neoprovençal e antenado

Escondido em uma pequena praça perto da região do 10ème, o Providence é “o novo luxo para um nova geração” e, assim como o Château Voltaire, um outro exemplo de que o tradicional não precisa ser empoeirado e datado. O approach moderno de referências provençais é lindo e nunca os papéis de parede florais foram tão bonitos.

A decoração é luxuosa, sensual e aconchegante, com achados de antiquário como espelhos venezianos, muito veludo e lustres majestosos. Nas suítes, um supremo momento O Grande Gatsby pode ser realizado graças a um cabinet bar antigo à disposição para um drink DIY (faça você mesmo).

Melhor lugar entre os dois mundos, o Providence fica no entrecruzamento da ferveção das baladas do Alto Marais, do descolado Canal St. Martin e de alguns teatros, ao mesmo tempo está apartado do agito numa rua silenciosa de pedestres com calçada de pedras.

No pátio do térreo, os tradicionais bancos de ferro forjado e jasmins que cercam a fachada em caramanchão dão o toque provençal definitivo. No bar de coquetéis, até os garçons hypsters parecem do século 19, e a brasserie, linda como um boudoir de madame, serve releituras de todos os hits da culinária francesa preparados num romântico forno a lenha. Um oásis de paz e de beleza. 

Perfil: classe teatral e seus entusiastas. Apreciadores da região do Canal St. Martin e da Provence.

HOY Hôtel (9º arrondissement)

O mais healthy e latino-americano

Também no meu Top 5 pela originalidade, o HOY Hôtel foi criado pela jovem Charlotte Gomez de Orozco, que vem de uma família mexicana de hoteliers e trouxe novos ares para o ramo com um espaço dedicado ao wellness, cozinha 100% vegetal e decoração de inspiração latina. O próprio nome HOY entrega a proposta: significa “hoje” em espanhol e é uma abreviação para House of Yoga.

Já na recepção, a diferença: uma linda floreria no lugar do lobby (como a Floreria Atlântico, em Buenos Aires, ou o La Ménagère, em Florença). O esquema se estende pelo hotel: no lugar da TV, uma barra de alongamento; em vez de uma sobremesa açucarada, um pudim de chia; sai a academia, entra um salão de yoga, o primeiro da cidade com aulas realizadas no escuro com luz infravermelha, perfeita para o detox, segundo dizem. Parece até que a ex-atriz Gwyneth Paltrow, da plataforma de bem estar Goop, idealizou esse hotel, que é um verdadeiro spa urbano de tendências em alimentação e estilo de vida clean. 

Outros serviços da panaceia alternativa são disponibilizadas no HOY, como massagens com pedras quentes, soundhealing, aromaterapia e outros. Não é pra menos que o lugar virou ponto de encontro de toda a Paris healthy. Quem não estiver hospedado também pode frequentar as atividades, basta reservar. 

E no coração do hotel está o Mesa, restaurante vegetariano de inspiração latino americana, com decoração de linho e terracota a la Tulum e que serve um cardápio saudável e tentador: pães assados no carvão, panquecas de mandioca roxa, banana na manteiga de castanha, torta de gengibre com doce de leite e sorvete de tapioca. Para os mais radicais, opções como creme de cbd e raiz juba de leão nos coloridos smoothies.

O HOY fica a 10 minutos a pé do tranquilo Musée de la Vie Romantique, sobre o qual falei aqui. De lá é possível fazer um passeio completo entre Montmartre e Pigalle. Na volta, curtir uma sessão de yoga infrarouge com os locais e, no quarto, acender o palo santo de boas vindas. Pra fechar (ou começar) a noite, brindar com um vinho orgânico da adega. Reserve aqui.

Perfil: lifestyle saudável, veganos, yoguers, nutricionistas, estressados. Quem quer conhecer Montmartre e a região noturna de South Pigalle mais a fundo. 

Bulgari Hotel Paris (8º arrondissement) 

O mais James Bond 

Em um dos quartiers mais bonitos e monumentais de Paris, nos Invalides, o Bulgari Hotel poderia ser facilmente um cenário luxuoso de um 007 com a Bond Girl do momento. Inaugurado no fim de 2021 em plena Avenida George V, o empreendimento é verdadeiramente espetacular e de certa forma reinventa o conceito de alto luxo na hotelaria francesa: menos flamboyant e colorido e com mais sofisticação e energia masculina. Nas palavras do arquiteto: “old charm with new energy”.

O alto luxo está em todos os detalhes: paredes cobertas de seda, banheiras de ônix verde, mármore de Carrara, chef 3 estrelas Michelin, móveis assinados, barman vindo do Ritz, suítes com dressing room, academia com vista para Montmartre, piscina semi-olímpica, spa de 1300m², espelhos em couro, mini bar escondido numa mala de viagem, vista da Torre Eiffel. Quer mais? Há uma suíte na cobertura com 400m² e mais 600m² de jardins suspensos da Babilônia. 

Se a grana não der pra suíte, contente-se com o impecável Il Ristorante, do chef Niko Romito, um acerto pra uma boa e estrelada refeição mediterrânea. Reserve aqui.

Perfil: CEOs, industriais, políticos, herdeiros, espiões. 

Maison Proust (4º arrondissement)

O mais Belle Époque e literário 

Em um casarão do século 17 do aristocrático e medieval bairro do Marais, a Maison Proust é o hotel mais imersivo dessa lista. O endereço reconstitui com primor e detalhismo o esplendor dos salões da Belle Époque parisiense, o período faustoso de progresso econômico e efervescência cultural que o romancista Marcel Proust tão bem retratou nos livros da série Em Busca do Tempo Perdido, um dos maiores clássicos da literatura francesa. 

Em salões forrados de tapeçaria, obras de arte e papéis de paredes se reuniam as grandes cabeças da época: de nobres a industriais, de políticos às famosas cocotes (mulheres de maneiras livres que não eram nem casadas e nem prostitutas). O clima desse momento histórico fulgurante e que estimula a imaginação até hoje é dado pelos móveis e tapeçarias de época, o maximalismo na justaposição de elementos, objetos orientais (uma moda na época), quadros raros e lustres luxuosos. 

E para coroar a pompa e o devaneio de cocote, um spa oriental subterrâneo. O Palais du roi du Maroc é também uma réplica de palácios do Marrocos.

A Maison tem 23 quartos, cada um decorado de forma única e em homenagem a uma personalidade do universo proustiano como Sarah Bernhard, Jean Cocteau e Colette. Alguns quartos têm até uma alcova e gabinetes de escrita. Convidativo para escrever no seu blog ou no caderno de memórias. Reserve aqui.

Perfil: escritores, leitores, historiadores, cenógrafos, blogueiros, dondocas. 

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Lutetia (6º arrondissement) 

O mais esquerda-caviar e Poderoso Chefão style

A fachada Art Nouveau mais famosa da Rive Gauche guarda também o seu hotel mais icônico. Batizado com o primeiro nome da capital da França, o Lutetia é tão visado que foi o escolhido para as núpcias de Charles De Gaulle e QG da Gestapo durante a ocupação nazista em Paris. Num plot twist triunfal à Conde de Monte Cristo, em 2018 o prédio foi adquirido por um grupo hoteleiro de Israel. 

A presença territorial desse palácio na Rive Gauche (margem esquerda do Sena) demarca também uma certa preferência dos clientes em Paris. Como a maioria dos hotéis de luxo ficam na margem direita, em sua maioria no entorno da Place Vendôme, a opção pelo único palácio na Rive Gauche diz muito sobre o gosto intelectual ou a afinidade de uma clientela abastada com a aura da vizinhança herdeira de Maio de 68. Na Rive Droite você vai ver um artista pop, um jogador de futebol, uma influencer ou um príncipe do Oriente Médio; na esquerda, um marchand ou alguns milionários que estudaram na Sorbonne, por exemplo.

Apesar disso, o hotel é tradicional, mas sem cair na pompa rebuscada, o que talvez explique a preferência de alguns clientes como Yves Saint Laurent, David Lynch e Francis Ford Coppolla. De tão habitué, e também hotelier experiente, o diretor de O Poderoso Chefão foi convidado a assinar um quarto no Lutetia com os seus próprios objetos em homenagem à Sétima Arte. Na suíte Parain, uma escadaria se abre para o teto-terraço privé de 60m² com espreguiçadeiras, jardim e vistão. 

Além do Jardin du Luxembourg e das galerias e cafés míticos de Saint Germain des Près, o Lutetia fica em frente ao maior templo das compras de luxo da capital, o Le Bon Marché (veja algumas boutiques aqui). Pra quem curte comprinhas como parte importante da viagem, a localização é ideal. 

Pra coroar a experiência, o Lutetia tem vista para a Torre Eiffel, uma academia vermelha como uma instalação de Cildo Meirelles em Inhotim, spa e piscina completos mais uma biblioteca. 

No quesito cuisine, suprema delicadeza: o café da manhã tem opções vegetarianas, sem glúten, halal e kasher. Há também dois restaurantes: a brasserie Lutetia, de frutos do mar, e o restaurante Saint Germain, com vitral espetacular de Gustave Eiffel (o mesmo da torre). E bien sur, um bar impressionante com lindos afrescos originais recuperados na grande reforma. Nos finais de semana, o Josephine tem jam sessions de jazz frequentadas pela fina flor de Saint Germain. Se for lá, abra um champagne. Reserve aqui.

Perfil: amantes da Rive Gauche, moradores de Saint Germain des Prés, fashionistas. 

Maison Armance (1º arrondissement)

O apartamento-boutique por excelência

Segundo os idealizadores, a Maison Armance é uma junção de hotel, casa e apartamento no coração de Paris. A primeira diferença do lugar é que o hotel fica no 6º andar de um prédio hausmaniano, quer dizer, o local onde os empregados moravam no século 19, as chamadas chambre de bonne, com uma vista sobre os pictóricos telhados de zinco e as chaminés terracota. Pra quem um dia sonhou em conhecer uma mansarda parisiense por dentro, essa é a sua chance.

Antiga residência do escritor francês Stendhal (O Vermelho e o Negro), a Maison Armance fica na rue Cambon e é vizinha da Chanel, que foi o primeiro e último ateliê de alta costura da estilista. O pequenino hotel boutique de paredes rebaixadas parece ter emprestado de Coco algumas referências, tal como o tweed, o tecido que imortalizou os casaquetos da eterna madeloiselle. Mas a decoração haut couture está a serviço do aconchego e a onipresença de tons de azul confirmam. São apenas 6 suítes, o que aumenta a possibilidade de fazer dali um pied à terre (casa secundária) pra compartilhar com amigos e família. 

Legal que este apartamento-ninho não está longe dos pontos mais agitados e desejados, como o Louvre (10 minutos) ou a Champs-Élysées (500 metros). Reserve aqui

Perfil: admiradores da arquitetura Hausmaniana. Quem prefere a região do Louvre (1º arrondissement). Fãs de Coco Chanel ou de Stendhal.

Hotel Verneuil Saint Germain (7º arrondissement) 

O mais fresh e Saint Germain des Prés  

A casa do século 17 está a poucos passos das bouquinistes, as bancas de livros às margens do Sena. Despretensioso, mas não menos chique, tem cara de casa parisiense elegante, contemporânea, com decoração minimalista, mas não austera. 

A sensação é de morar a poucos metros da igreja de Notre Dame e do burburinho de galerias, cafés e butiques de Saint Germain des Prés. O hotel também fica na mesma rua e a poucos passos da última casa onde morou Serge Gainsbourg, que em breve reabrirá como museu, e a 700 metros do Café de Flore.

Mão na roda, os quartos já vem com um smartphone com chip local, pronto para você usar e economizar no roaming. Reserve aqui

Perfil: cults, flâneurs, frequentadores de Saint Germain des Prés, minimalistas, fãs de Serge Gainsbourg e Jane Birkin. 

Hôtel Madame Rêve (1º arrondissement)

O mais rooftop de madame  

Outra novidade entre os 5 estrelas, o Madame Rêve fica a dois passos do Louvre e da loja de departamentos em estilo Art Déco La Samaritaine. O hotel ocupa a enorme e antiga sede dos correios do Louvre, com vistão para a Torre Eiffel e Montmartre e tem um enorme terraço com teto de vidro. O Madame Rêve pertence ao nicho do alto luxo com todas as suas benesses, mas sem aquela pompa mais antiga.

A reforma levou 8 anos e foi feita em parceria com as maiores marcas do savoire-faire francês, dos parquets aos tecidos, das madeiras a jardinagem. No interior da construção, uma estrutura industrial como de containers e vista do jardim interno contrasta com o prédio antigo de fachada monumental. 

Dos pontos altos, o hotel fica em uma área discreta em Les Halles, o quartier que Emilie Zola batizou de “O ventre de Paris”, antigo ponto das feiras e depósitos de alimentos e que hoje, dada a quantidade de bons restaurantes nessa região, é uma provável herança daquela época.

Além dos quartos em tom de mostarda, o Madame Revê tem outros espaços fofos pra conhecer e frequentar: o restaurante panorâmico de cozinha mediterrânea La Plume; o Madame Rêve Café, de influência japonesa e, sobretudo, o fantástico bar ROOF.

A menina dos olhos do hotel é exatamente o ROOF, de 5000m². Um lugar pra ver e ser visto e ao mesmo tempo sair incógnito. Nesse embalo, o bar tem mesinhas individuais afixadas diretamente ao parapeito para quem gosta de sair avulso(a) e pra um momento de contemplação solitária e magnífica da igreja Saint Eustáquio e do skyline de Ratatouille. Voilà, é principalmente aqui onde a madame rêve (ou sonha). Reserve aqui.

Perfil: sociáveis (ou não), notívagos, gourmands, madames. 

Cour des Vosges (4º arrondissement)

O mais século 17 e Place des Vosges

Inaugurado há 4 anos, o hotel Cour des Vosges é um endereço intimista e ultra discreto, com um único salão de chá como área comum e doze quartos. Outro hotel com clima de pied-à-terre dos sonhos em Paris e vista para a régia Place des Vosges

A des Vosges é uma das três praças reais e a mais antiga de Paris, com arquitetura engenhosa de arcadas que sustentam os hotéis particuliers do século de 17 e que hoje abrigam inúmeras galerias de arte nos andares térreos.

Com endereço nobilíssimo por si só, o projeto de decoração do Hotel Cours des Vosges foi esperto: em vez de uma reconstituição histórica ao pé da letra como num museu, optou-se por reproduzir o clima de uma casa aristocrática viva e habitada, que manteve uma estrutura do passado, como o piso em terracota original, com alguns acréscimos de móveis e eletrodomésticos atuais. Com detalhismo, a pesquisa do visual se inspirou em edições da revista Paris Match dos anos 1920. 

Quanto ao entorno, a des Vosges fica entre o Marais e a République. Mas na própria Place há muitas opções. Visite o divertido Serpent a Plume, sobre o qual falei aqui, o restaurante de comida francesa tradicional Ma Bourgogne, as galerias particulares e a Maison de Victor Hugo, um museu gratuito dedicado ao grande escritor francês que morou no local.

Enfim, pelos fatores discrição, localização e abordagem, a clientela preferencial do hotel são de estetas low profile, apaixonados por história da arte e arquitetura. Faz todo sentido. Reserve aqui.

Perfil: amantes de arte, discretos, “aristocratas”.

L’Hôtel (6º arrondissement)

O mais discreto dos 5 estrelas  

Em plena Saint Germain des Prés, mas discreto por natureza, o seu próprio nome simples e autorreferente (O Hotel) já dá mostras da sua pretensão ao mesmo tempo segura e low profile.

Dizem que L’Hotel foi o primeiro hotel boutique de Paris, muito antes do conceito ser forjado. Foi também a última casa de Oscar Wilde, que cunhou por lá a célebre frase: “eu e esse papel de parede terrível estamos travando uma disputa mortal e só um de nós sairá vivo”. O quarto do escritor irlandês, com o fatídico papel de parede, pode ser visto e reservado pelos admiradores do autor de O Retrato de Dorian Gray

Após 50 anos da morte do escritor, o L’hôtel da rue Beaux-Arts se estabeleceu como um refúgio da nobreza e de artistas como Grace Kelly, Ava Gardner, Frank Sinatra e Salvador Dalí. Reserve aqui.

Perfil: adeptos do old glamour, fãs de galerias, dândis e flâneurs.

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Fonte: Viagem e Turismo