Nouã, o brasileiro que está bombando com vídeos imitando sotaque português

Nouãcom mas mãos nos joelhos e óculos escuros, dando uma risada com a cabeça para trás
Nouã, seus famosos caracóis e a melhor risada que você vai ver hoje. Rachel Verano/Reprodução

O catarinense Fábio Guilherme responde por Nouã e, nas horas vagas, também por Ineishhhhhh (legenda: Inês é pronunciado assim, em português de Portugal). O artista – formado em design de moda, cabeleireiro e produtor de música digital – só percebeu a real dimensão de sua fama em Lisboa poucos dias atrás, quando voltava de trem do show da Marisa Monte em Oeiras, nos arredores da cidade. Estava saindo do vagão quando um passageiro gritou: “tchau Ineishhhhhh!”. Ao olhar para trás e retribuir o cumprimento, se deparou com umas 20 pessoas fazendo coro e acenando.

Nouã fotografando com o celular o seu brunch com café, suco de laranja e panquecas de chocolate
Nouã em momento brunch instagramável no Amélia Café, em Lisboa. Rachel Verano/Reprodução

Nouã conheceu a fama nas redes sociais primeiro no Tik Tok (onde começou em 2020 e já tem 130 mil seguidores) e seguia tímido no Instagram até o começo deste ano: no dia 1º de dezembro estava comemorando 3 mil seguidores (“praticamente meus amigos e minha família”) e no dia 31 de janeiro já estava com 30 mil. Sua marca registrada? Misturar humor e militância. “Eu uso os meus vídeos para expressar os meu valores”, resume o artista queer. Mas foi quando foram ao ar seus primeiros vídeos imitando o sotaque português (com delicadeza, elegância e de maneira zero pejorativa, importante dizer), que Nouã viralizou também no Insta. E a sua forma de pronunciar Ineishhhhhh se transformou imediatamente em um apelido – ou alcunha, como se diz por aqui. “As pessoas me gritam de Ineishhhhhh no meio da rua!”

Saiba porque aqui:

Entre diálogos de chorar de rir, dicas que vão de cabelos cacheados a botox e esquetes do mundo queer, de tempos em tempos Nouã publica um novo vídeo desta série dos portugueses – e, embora o sucesso seja imediato, ele tem sofrido alguns (poucos) ataques. “Não tens mais nada para fazer? Gozar com quem te acolhe? Não percebo estes brasileiros…”, comentou uma seguidora recentemente. Ao que ele respondeu: “Eu não estou a gozar, querida. Isso é uma homenagem. E 99% dos portugueses entenderam, basta ler a sessão de comentários.” É verdade: os portugueses se reconhecem e costumam morrer de rir. Por isso eu escolhi este perfil para encerrar a minha série “decifrando o português de Portugal” – aqui, além de palavras, entende-se (ou não! ahahaha) o sotaque.

Nouã com as mãos ao lado da boca, como se estivesse a gritar
“Ineishhhhhhhhh”: a marca registrada que já virou apelido. Rachel Verano/Reprodução
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Fábio Guilherme nasceu em Balneário Camboriú, Santa Catarina, 30 anos atrás. Filho de uma cabeleireira que é sua grande inspiração, é o irmão do meio e sempre sonhou sair da cidade para ganhar o mundo. Seis anos, atrás veio para Lisboa e se sentiu em casa de imediato. E de onde vem Nouã? Foi um apelido inventado por ele. “Como uma pessoa queer, LGBT, você cresce com as pessoas te falando que para você ser respeitado você tem que ser alguém. E alguém, principalmente no Brasil, se resume a você ter dinheiro. Então você cresce com esta obsessão de ser perfeito e ter muito dinheiro, porque você acredita que só assim você vai ter algum respeito, as pessoas vão te aceitar. Chegou um momento da minha vida em que isso parou de ser uma obsessão. Eu aceitei que eu não precisava ser alguém para ser respeitado. Então Nouã é uma brincadeira que eu faço com as palavras (o nome soa como no one, em inglês). Eu falo para todo mundo que eu sou ninguém, e mesmo assim eu quero respeito”, explica.

Em tempo: enquanto recebe as primeiras propostas de parcerias, Nouã segue atendendo em alguns dos melhores salões de Lisboa e também em casa (alô, bininas!). E pode ser visto flanando por ai, entre noitadas no Lux, as batidas da festa secreta Mina (“muito parecida com as festas de invasão de São Paulo”), piqueniques com os amigos em jardins (“em Lisboa você vive a cidade, amo!”) e lugares alternativos como o Desterro, no Intendente, onde tem sempre a apresentação de artistas eletrônicos alternativos. “Pode parecer que eu sou muito tilelê, mas eu gostou muito de música eletrônica!”.

Veja como decifrar o português de Portugal nas lojas, nos restaurantes, nos supermercados, nos hotéis e em outras situações do dia a dia.

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Fonte: Viagem e Turismo