O que aprender com os jovens que causaram surto de Covid-19 na Espanha

Ilhas Baleares
Praia nas Ilhas Baleares: vida normal, pero no mucho. Adriana Setti/Arquivo pessoal

O clima na Espanha, como disse em um post recente, é de fim de pandemia. Já não precisamos usar máscaras ao ar livre, as casas noturnas voltaram a abrir e o turismo está sendo reativado em alta velocidade, sobretudo entre os países vizinhos, como França e Itália. Nas Ilhas Baleares, onde vivo, a sensação é de que praticamente tudo voltou ao normal, com hotéis reabertos e praias cheias. Foi pra cá, aliás, que milhares de estudantes espanhóis vieram para comemorar o fim das aulas do segundo grau – justamente da única faixa etária na qual praticamente ninguém está vacinado. O resultado? Mesmo sendo obrigatório fazer um teste rápido de antígenos antes de viajar (exigência do governo balear), mais de 1.000 descobriram que estavam com Covid-19 ao voltar pra casa. Outros 5.000 estão em quarentena pelo país e 249 estão confinados em um hotel em Mallorca, 62 deles contagiados. Um menino de 17 anos está na UTI. É o assunto da vez por aqui e já se fala em quinta onda.

Ainda que o grande foco tenha sido em Mallorca, uma parte desses jovens veio a Menorca, onde moro. E pude vê-los de perto. Dezenas de grupinhos numerosos ouvindo reggaeton no último volume 24 horas por dia, festas em casas até o sol raiar e mega aglomerações no centro de Ciutadella, mesmo depois do horário de fechamento dos bares. Máscara? Que máscara? E dá-lhe compartilhar drink no botellón (tradição espanhola de se juntar pra beber na rua, mesmo sendo proibido), cantar berrando, beijar na boca e viver la vida loka. Quando eles chegaram, Menorca tinha 20 casos ativos. Menos de uma semana depois, são quase 200. E pelo menos 153 positivos vinculados à viagem já foram confirmados na região da Catalunha, de onde muitos vieram. Menos mal que, esta semana, 1.161 jovens menorquinos entre 16 e 29 anos foram vacinados.

Com 52% dos espanhóis vacinados com pelo menos uma dose, e 36% totalmente imunizados, é possível que a total falta de noção dessa galera não tenha consequências tão dramáticas, já que praticamente todo o grupo de risco, incluindo seus avós, está protegido. O que podemos aprender com esses jovens, no entanto, é que até que estejamos todos vacinados, e que a pandemia esteja de fato riscada de nossas vidas, o tipo de viagem segura é aquele em pequenos grupos de convivência (sua família ou os poucos amigos que você tem visto), mantendo todos os hábitos que aprendemos no último ano. E se o dia de baixar a guarda ainda não chegou na Espanha, onde a incidência está em 106 casos por 100 mil habitantes e 40 mortes nas últimas 24 horas, no Brasil ele está bem mais longe, infelizmente. Cuide-se.

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    Fonte: Viagem e Turismo