Príncipe Harry diz que bebia demais para esquecer dor pela morte da mãe, princesa Diana

  • Dulcie Lee
  • BBC News

Príncipe Harry

Crédito, PA Media

Legenda da foto,

Em conversa com Oprah Winfrey, príncipe Harry falou sobre como lidou com sofrimento pela perda da mãe, princesa Diana

O príncipe Harry disse que costumava beber em um dia o equivalente ao consumo de álcool em uma semana para tentar lidar com o trauma da morte de sua mãe.

Em entrevista à apresentadora de TV americana Oprah Winfrey, ele também afirmou que estava disposto a usar drogas para lidar com seus sentimentos mais de uma década depois que ela morreu.

Harry e Oprah estavam conversando para sua nova série de streaming sobre saúde mental.

O duque de Sussex falou ainda sobre os ataques de ansiedade e pânico enquanto era membro ativo da realeza e sobre sua experiência no funeral de sua mãe.

Diana, princesa de Gales, morreu em um acidente de carro enquanto era perseguida por fotógrafos em Paris em agosto de 1997.

Falando com Oprah para a série da Apple TV The Me You Can’t See (O Eu que Você não Vê, em tradução livre para o português), Harry descreveu ter vivido entre os 28 e 32 anos “uma época de pesadelo”, na qual ele teve ataques de pânico e ansiedade acentuada.

“Estava mentalmente confuso”, disse ele.

“Toda vez que colocava um terno e gravata … tendo que fazer o papel, e dizer, ‘certo, cara séria’, olhar no espelho e dizer ‘vamos’. Antes mesmo de sair de casa eu estava encharcado de suor. Estava em modo de luta ou fuga.”

E acrescentou: “Estava disposto a beber, estava disposto a usar drogas, estava disposto a tentar e fazer as coisas que me faziam sentir menos como estava.”

Harry disse que beberia o equivalente a uma semana de álcool em uma sexta-feira ou sábado à noite, “não porque queria, mas porque estava tentando mascarar alguma coisa”.

Legenda da foto,

Funeral da princesa Diana foi nove dias antes do 13º aniversário de Harry

Cenas do príncipe Harry caminhando atrás do caixão de sua mãe em seu funeral, ao lado de seu irmão, pai, tio e avô, rodaram o mundo.

“Para mim, o que mais me lembro é o som dos cascos dos cavalos passando pelo Mall (The Mall, avenida de Londres que começa no palácio de Buckingham e termina na Trafalgar Square)”, disse ele.

“Era como se eu estivesse fora do meu corpo e apenas caminhando fazendo o que era esperado de mim. Mostrando um décimo da emoção que todo mundo estava mostrando: esta era minha mãe – você nunca a conheceu”.

Recentemente, o príncipe, de 36 anos, fez campanha para que as discussões em torno da saúde mental fossem normalizadas e começou a falar em detalhes sobre suas experiências pessoais.

Crédito, Harpo Productions – Joe Pugliese

Legenda da foto,

Príncipe Harry e sua mulher, Meghan, sendo entrevistados por Oprah Winfrey no início deste ano

Em março, ele e sua mulher, Meghan Markle, foram entrevistados por Oprah sobre sua vida na Família Real e seu impacto em sua saúde mental.

E em um podcast na semana passada, o príncipe Harry disse que estava determinado a “quebrar o ciclo de dor” de sua educação ao criar seus próprios filhos, e compartilhou que tinha feito terapia.

O duque disse que a época mais feliz de sua vida foram seus dez anos no Exército, já que não houve “tratamento especial” para ele.

Ele deixou as Forças Armadas aos 30 anos e conheceu Meghan em um encontro às cegas um ano depois.

O duque disse que os membros da família lhe disseram “basta jogar o jogo e sua vida será mais fácil”.

“Mas eu tenho muito a minha mãe dentro de mim”, disse ele. “Sinto como se estivesse fora do sistema – mas ainda estou preso lá. A única maneira de se libertar e escapar é dizer a verdade.”

A série em streaming mostra o príncipe Harry, Oprah, Lady Gaga, Glenn Close e outras personalidades contando suas próprias histórias sobre saúde mental e bem-estar.

Ela foi anunciada pela primeira vez em abril de 2019, quase um ano antes de Harry e Meghan anunciarem que deixariam de ser membros ativos da realeza, em janeiro de 2020.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Fonte: BBC