Protestos que pedem eleição e soltura de ex-presidente deixam 17 mortos no Peru

  • Redação
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Protestos no Peru

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Pelo menos 17 pessoas morreram na segunda-feira (9/1) no Peru, durante confrontos entre a polícia e manifestantes, que exigiam a convocação de novas eleições e a libertação do ex-presidente deposto Pedro Castillo.

As mortes ocorreram nas proximidades do aeroporto da cidade de Juliaca, localizada no departamento de Puno.

Inicialmente, a Ouvidoria do Peru registrou 9 mortes. Horas depois, as autoridades atualizaram o número para 17.

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Serviços de saúde atendem feridos após os protestos

Com os últimos desdobramentos, o número de mortes durante os protestos no Peru aumentou para 39 desde que Castillo foi deposto. O ex-presidente segue em prisão preventiva por 18 meses enquanto espera por um julgamento pelo crime de rebelião.

Além disso, segundo os dados oficiais, desde o início da onda de protestos, outras sete pessoas morreram em acidentes de trânsito ligados a bloqueios de estradas durante as manifestações.

Esta segunda-feira foi, de longe, o pior dia da atual crise, pelo menos do ponto de vista do número de vítimas mortais.

Em comunicado divulgado poucas horas depois dos acontecimentos, o primeiro-ministro Alberto Otárola lamentou as mortes ocorridas em Puno, mas destacou que cerca de 2 mil manifestantes tentaram tomar o aeroporto de Juliaca e agrediram policiais e integrantes das Forças Armadas.

“Foi um ataque organizado e sistemático de vandalismo, com atividades violentas contra instituições em Puno”, disse.

Otárola anunciou que uma delegação de alto nível viajará a Puno nesta terça-feira (10) para conversar com os manifestantes.

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Policiais durante os protestos em Juliaca

Embora as mortes relatadas tenham ocorrido em Juliaca, os protestos têm um alcance muito maior e, segundo a imprensa local, outras cinco regiões do país registraram bloqueios de estradas: Apurímac, Cusco, Madre de Dios, Amazonas e Arequipa.

Castillo foi destituído pelo Congresso peruano em 7 de dezembro por meio de uma moção de vacância presidencial por “incapacidade moral”.

Horas antes de sua saída do cargo, o então presidente havia decretado a dissolução do Congresso e a instalação de um governo de emergência que, conforme anunciou em pronunciamento televisionado, seria governado por decreto.

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Autoridades acusam manifestantes de usar armas de fogo caseiras

‘Uso proporcional da força’

“Pedimos às forças de ordem que façam um uso legal, necessário e proporcional da força e instamos a @FiscaliaPeru [o Ministério Público do Peru] a realizar uma investigação rápida para esclarecer os fatos”, escreveu a Defensoria Pública peruana em uma mensagem no Twitter.

Posteriormente, a Defensoria informou que o número de mortes ocorridas na segunda-feira durante os protestos havia subido para 17.

Além disso, segundo o Ministério da Saúde do país, foram mais de 60 feridos durante os confrontos.

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Dezenas de pessoas ficaram feridas nos protestos.

Desde o início dos protestos, grupos de direitos humanos acusam as forças de segurança de usar armas de fogo para enfrentar os manifestantes, além de lançar bombas de fumaça de helicópteros.

Por sua vez, o Exército acusou os manifestantes de usar armas caseiras e explosivos.

A remoção de Castillo provocou uma onda de protestos que diminuíram durante as semanas festivas de dezembro, mas recomeçaram após o início de 2023.

Entre as reivindicações, os manifestantes pedem a renúncia da nova presidente, Dina Boluarte, o fechamento do Congresso e mudanças na Constituição.

Fonte: BBC