Roteiro de uma semana pela região de Aragão, na Espanha

No último post, listei 10 motivos pelos quais você deveria incluir Aragão na sua próxima viagem. A seguir, ensino como arrematar todos aqueles povoados, cidades, monumentos e cenários naturais em um roteiro de uma semana. Para evitar deslocamentos muito longos, o ideal é fazer duas ou três bases: em Zaragoza, ao chegar, e depois na região de Huesca, em Alquézar e/ou em Boltaña.

Dia 1 – Zaragoza

A capital da Comunidade Autônoma de Aragão é a porta de entrada mais lógica para a região, uma vez que está a meio caminho entre Barcelona e Madri pela linha de trem de alta velocidade (AVE). A partir daí, a melhor opção é alugar um carro para ter liberdade de locomoção. Ainda que as principais cidades aragonesas estejam interligadas por linhas de trem e ônibus, o grande barato da região é ir parando nos vilarejos minúsculos e curtindo a paisagem das estradas no modo slow drive.

Mas atenção: não subestime Zaragoza, que guarda em suas igrejas belos exemplos da arquitetura mudéjar — o estilo impresso pelos árabes na Península Ibérica. Fique pelo menos uma dia para visitar a gloriosa Basílica del Pilar, com sua cúpula pintada por Goya, e o palácio da Aljafería, irmão mais velho do Alhambra de Granada, em estilo mourisco. Também vale passear pelo centro histórico e conhecer a parte mais moderna da cidade, erguida para a Exposição Internacional de 2008. Entre uma coisa e outra, aproveite para almoçar no restaurante Origem 1952.

Dia 2 – Huesca e Castelo de Loarre

Capital da província homônima, a cidade de Huesca fica a 75 km de Zaragoza e também tem seu charme. Reserve meio dia para subir até a Catedral e para conhecer o edifício do Círculo Oscense, considerado uma das joias do modernismo aragonês. Não deixe, também, de vasculhar os quitutes da delicatessen La Confianza, aberta desde 1871 na linda Pl. Luis López Allué, o coração do centro histórico.

A 32 km de Huesca, o vilarejo de Loarre guarda o castelo românico mais bem preservado da Europa e merece sua atenção. Talvez você reconheça essa construção, que tem origem no século 11, de filmes como Cruzada, protagonizado por Orlando Bloom, entre outros. Reserve umas duas horas para esse passeio, de preferência no fim da tarde, quando a luz torna o cenário ainda mais mágico.

Parece a Toscana, mas é Aragão: a linda Alquézar.
Parece a Toscana, mas é Aragão: a linda Alquézar. Pixabay/Reprodução

Dica 3 ­– Alquézar e o rio Vero

Um dos maiores achados medievais de Aragão, a 51 km de Huesca, Alquézar tem apenas 300 habitantes, não faz feio diante dos vilarejos da Toscana ou da Provence e vem com bônus: é a porta de entrada para explorar o Parque Natural de la Sierra y Cañones de Guara, a começar pelo cânion do Rio Vero, onde passarelas suspensas permitem curtir o visual com zero perrengue — para quem curte aventura, é um dos melhores picos de canyoning da Europa. Separe pelo menos uma manhã pra explorar Alquézar e o rio. Depois, almoce no Casa Pardina ou no Casa Jabonero.

O cânion do Rio Vero, em Alquézar: playground para esportes ao ar livre.
O cânion do Rio Vero, em Alquézar: playground para esportes ao ar livre. Adriana Setti/Arquivo pessoal

Dia 4 – Vinhos de Somontano

Alquézar também é uma boa base para explorar os vinhedos da região de Somontano, parando para provar alguns vinhos locais e fazer longas refeições. Na vinícola high-tech Sommos, você pode fazer uma degustação em um espaço que lembra um laboratório de ficção científica e almoçar no restaurante com vistas que serve um menu degustação. Se você prefere uma pegada mais tradicional, vai gostar de visitar a Viñas del Vero.

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Ainsa, um dos muitos vilarejos encantadores de Aragón.
Ainsa, um dos muitos vilarejos encantadores de Aragón. Adriana Setti/Arquivo pessoal

Dia 5 – Vilarejos de Sobrarbe

A 58 km de Alquézar, a pequena Boltaña, onde fica o belíssimo hotel Barceló Monasterio de Boltaña, é uma base estratégica para flanar pelos vilarejos da região de Sobrarbe, aos pés da cordilheira dos Pirineus, que divide a Espanha da França. Se você realmente puder abraçar o modo slow travel, vale alongar essa parte da viagem e saborear com muita calma alguns dos povoados mais bonitos e autênticos da Espanha, como Roda de Isábena e Ainsa, além da própria Boltaña, que revela vistas preciosas de seu castelo em ruínas. Dá para conhecer cada um deles em menos de meia hora? Sim. Mas a delícia aqui é aderir ao compasso local, tomar um café vendo o vai-vem, almoçar longamente, tomar aquele vinho local… Tudo bem despacito.

O visual do parque nacional de Ordesa.
O visual do parque nacional de Ordesa. Adriana Setti/Arquivo pessoal

Dia 6 – Parque Nacional de Ordesa y Monte Perdido

Se você curte trilhas, escalada e ar puro, encontrará nesse parque nacional o seu paraíso. Querendo, você pode encurtar o tempo nas cidades aragonesas e ficar mais por aqui. Isso porque, entre as incontáveis opções de trilhas, há algumas que duram o dia todo ou mais. Se o seu negócio é mais vapt-vupt, vale embarcar em um carro da Ordesa 4X4 (+34 630-418-918) e subir até os Miradores de Ordesa para ter uma noção da grandeza desse parque na cordilheira dos Pirineus.

O incrível Monastério San Juan de la Peña.
O incrível Monastério San Juan de la Peña. Adriana Setti/Arquivo pessoal

Dia 7 – Jaca e Monastério San Juan de la Peña

Uma das paradas clássicas do Caminho de Santiago, Jaca é outra cidadezinha gostosa para passar uma tarde explorando sua ciutadela – uma fortificação do século 16 –, suas pracinhas fofas e seu centro histórico. Arremate a viagem com uma visita ao Mosteiro de San Juan de la Peña, construído sob uma rocha gigantesca, a 25 km de Jaca.

Mais dicas:

  • Se preferir, a Mundo Ara, agência especializada na região, pode organizar toda a viagem pra você.
  • Prefira viajar na primavera (abril a junho) ou no outono (setembro a novembro), já que faz uma calor infernal no verão. Vá no inverno se a ideia for conciliar esse roteiro com esqui — a região tem várias estações para a prática do esporte.
  • A semana do 12 de outubro é uma loucura em Zaragoza, por causa das celebrações das festas da Virgem do Pilar, que atrai fiéis de todos os lados. É uma experiência cultural interessante, mas a cidade fica lotada e a acomodação precisa ser reservada com muita antecedência. 
  • Conhecer os vilarejos de Aragão quase sempre envolve subir e descer ladeiras por ruas pedregosas ou de paralelepípedos. Use sempre calçados confortáveis. Pelo mesmo motivo, essa parte do programa pode ser um pouco desafiadora para quem tem mobilidade reduzida.

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Fonte: Viagem e Turismo