São Lourenço do Barrocal: um hotel auto-sustentável no coração do Alentejo

Edifício branco de dois andares com árvores e pedras na frente
São Lourenço do Barrocal ao entardecer Bruno Barata/Reprodução

O ritual começa com a lavagem dos pés com ramos de alecrim. Segue com uma massagem suave à base de azeite e, com a pele já macia, prossegue com as pindas aquecidas a pressionar e aliviar os pontos de tensão. Ao mesmo tempo em que provocam um ligeiro atrito, as trouxinhas recém-feitas em tecido de algodão recheado com grãos e ervas liberam um aroma inebriante de mato, de verde, de natureza. Estamos no coração do Alentejo e todos os ingredientes usados na terapia são colhidos e produzidos logo ali, do outro lado da janela. No São Lourenço do Barrocal, a menos de 10 quilômetros da encantadora aldeia de Monsaraz, o conceito “farm to table” não se resume à table (mesa). Na verdade, não seria exagero batizá-lo de “farm to everywhere”. Aqui, reina a auto-sustentabilidade – há séculos.

Massagem no spa
Massagem com pindas no spa do Barrocal: ervas e azeite da propriedade Bruno Barata/Reprodução
Um bowl de cerâmica com grãos de arroz e ervas para tratamentos no spa
A mistura que recheia as pindas no spa: ervas diretamente da horta Bruno Barata/Reprodução

Embora o hotel tenha aberto as portas em 2016, a aldeia agrícola de São Lourenço do Barrocal foi fundada em 1820 e, desde sempre, em modo auto-sustentável. Ali sempre se produziu quase tudo o que se consumia. A ideologia continua a ditar as regras, muito embora haja espaço para uma curadoria do que se faz de melhor em Portugal (a loja é uma perdição). Mas aqui o mel é produzido in loco, o azeite é produzido in loco, a horta abastece a cozinha, as ervas dos canteiros vão parar até no spa e o vinho é da casa. Tudo certificado como biológico.

Garrafa de azeite com um pássaro na embalagem
O azeite produzido no Barrocal: não fosse delicioso, já seria lindo Bruno Barata/Reprodução
Mesa posta com queijos e taças de vinho
Mesa posta à moda do Barrocal: farm to table (e mais!) Bruno Barata/Reprodução

Sobre o vinho, cabem aqui alguns parênteses: os 16 hectares de vinhedos da herdade, plantados em solo de xisto e granito, produzem, em média, apenas 20% em comparação a um vinhedo tradicional, segundo o enólogo José Rogel. É que aqui o objetivo é chegar artesanalmente a um consumidor muito especial: os próprios hóspedes do hotel. Apenas o “excedente” vai para algumas poucas lojas e restaurantes do país. Toda a colheita é feita a mão e a escolha das uvas, diretamente no campo. A produção começou em 2010 e, à produção de brancos, tintos e rosés, este ano somou-se a produção de um belo espumante feito com a casta Aragonez, o qual eu tive o privilégio de tomar a garrafa número 1374 (de 1425). “Somos aventureiros e um pouco malucos”, diz o enólogo. “O resultado ficou bom, com muito potencial.”

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Homem em frente a vinhedos
O enólogo José Rogel nos vinhedos: bio e artesanal Bruno Barata/Reprodução
Espumante rosé sendo servido em taças
O espumante do Barrocal: estreia este ano e garrafas numeradas Bruno Barata/Reprodução

Mais um motivo para escolher o Barrocal como pouso numa escapada “eu mereço” ao Alentejo. Ou você conhece algum outro hotel onde os hóspedes podem dizer que tomaram um vinho feito para eles?

Posta de bacalhau com grãos em tacho de cobre
O bacalhau do chef Celestino Grave: delicioso Bruno Barata/Reprodução
Sobremesa com petit gâteau decorada com pequenas flores roxas
Petit gâteau morno para o gran finale Bruno Barata/Reprodução

Melhor ainda: aqui eles acompanham as receitas deliciosamente caseiras do chef Celestino Grave.

Faça aqui a sua reserva no São Lourenço do Barrocal.

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Fonte: Viagem e Turismo