Viagem em tempos de ômicron: toda precaução é pouca

Painel preto com letras brancas e amarelas anunciando os voos em um aeroporto internacional
Painel de aeroporto em tempos de pandemia Chuttersnap/Reprodução

As vacinas chegaram, a terceira dose já bateu à porta de muita gente, mas definitivamente não está na hora de baixar a guarda no planejamento das viagens. A nova variante do coronavírus vem sendo apontada como uma caixinha de surpresas que pode chegar, muitas vezes, sem dar o menor aviso – e deixar muita gente, literalmente, a ver navios (ou aviões) na véspera da viagem.

Bilhetes aéreos flexíveis, hotéis e casas de férias com opções de cancelamento, aluguel de carro passível de alterações, seguros… toda precaução é pouca, ainda que a viagem seja planejada para o fim de semana ou para o dia seguinte. Não dá – mesmo – para bobear. E eu digo isso de carteirinha.

Preciso confessar que, muitas vezes, minha alma nômade costuma depor contra a minha profissão de jornalista de viagens. Sou (quase sempre) do tipo que não troca uma pechincha por tarifa que permite cancelamento. Procuro sempre a passagem mais barata para o destino, não importa a companhia aérea. Mas neste réveillon a sorte esteve do meu lado em quase tudo – e, mesmo assim, amarguei um belo prejuízo.

Algumas semanas atrás, antes de aparecer a ômicron, decidimos passar o ano novo em família na Provence. Compramos as passagens (tem vôo direto da Ryanair de Lisboa para Marseille, o principal aeroporto da região), alugamos um apê fofo bem no centro da minha querida Aix-en-Provence, onde morei por um ano e meio e pela qual morro de amores, e reservamos um carro para podermos visitar as vilinhas mais fofas do Luberon, meu programa preferido.

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Passado o Natal, começamos a preparar as malas e, no dia 27, faltando exatamente 21h para o embarque, fomos até a farmácia fazer o corriqueiro teste de antígeno. Certificados de vacinação a postos, qual não foi a nossa surpresa quando recebemos um telefonema do farmacêutico dando a notícia de que a minha enteada havia testado positivo. Justo a mais animada para a viagem, que andava feliz e saltitante, com apenas uns espirros aqui e ali! Que frustração!

Passado o choque da notícia e com o alento de que estava tudo bem com a saúde dela, começamos a mexer os pauzinhos para cancelar tudo o que fosse possível. Mesmo contando com a mais flexível das reservas do Airbnb, que previa a devolução de todo o dinheiro até 24h antes do check-in, tivemos que pagar uma multa referente a uma diária e a 100% da taxa de administração porque, naquela altura,  estaríamos a 18h da entrada. No aluguel de carro aconteceu a mesma coisa, com a multa um pouquinho mais salgada: o equivalente a três diárias. Pior mesmo foram as passagens aéreas, perdidas por completo – a Ryanair não apenas não trabalha com cancelamentos, como cobra uma multa por remarcação incompatível com os preços que pratica.

Resumo da ópera: mesmo com alguma flexibilidade nas reservas e um reembolso considerável para quem ia ficar 10 dias viajando, o prejuízo com a desmarcação da viagem não deixa de ser uma camada a mais na frustração de encarar 14 dias de isolamento (a média atual em Portugal ainda é esta): amarguei exatos € 810,53, pouco mais de R$ 5.230 no câmbio de hoje.

Moral da história: não baixe a guarda, opte por tarifas que permitam cancelamentos ou remarcações, faça seguros (e testes!) sempre. E nunca é tarde lembrar: a pandemia não acabou. A vacina funciona. Tudo muda o tempo todo.

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Fonte: Viagem e Turismo