Por que as passagens para a Europa estão custando até o dobro que para os Estados Unidos?

Há 15 anos nós acompanhamos diariamente os preços das passagens aéreas aqui nos Melhores Destinos. E não é comum as tarifas de voos do Brasil para a Europa serem muito diferentes de voos entre o nosso país e os Estados Unidos. Afinal, essas rotas têm bastante competição, além de distância e duração de voo parecidas.

Mas, nas últimas semanas, um voo para Lisboa, em Portugal, tem custado quase o dobro do preço do que um voo para Miami, nos Estados Unidos. Não para por aí, ontem mesmo encontramos passagens de São Paulo para Los Angeles que fica a mais de 6.100 milhas náuticas do Brasil por apenas R$ 2.565, enquanto um voo da capital paulista para Paris, mais próxima do Brasil, não está saindo pelo menos R$ 3.600. O mesmo acontece se formos comparar tarifas para Nova YorkOrlando com Roma ou Amsterdã, por exemplo.

Então, o que está acontecendo com o preço das passagens aéreas para essas duas regiões? Há algo que explique essa diferença de preços tão grande? Sim, alguns fatores nos ajudam a entender o que está acontecendo e a adotar uma estratégia de compra da passagem, caso você planeje viajar para um desses destinos este ano ou em 2024. Confira!

O que explica a diferença de preços das passagens do Brasil para a Europa e para os Estados Unidos?

O fator que mais influencia os preços das passagens aéreas é a relação entre oferta e demanda. Atualmente, já observamos uma boa oferta de voos diretos, tanto do Brasil para a Europa, como do Brasil para os Estados Unidos, em índices que já começam a se aproximar do que tínhamos antes da pandemia.

No entanto, por conta da alta demanda, os voos do Brasil para a Europa estão com uma ocupação muito elevada. Isso faz com que as companhias aéreas não precisem dar grandes descontos para encher os aviões. Dessa forma, os preços em geral estão de “normais” (rotas com ocupação satisfatória) a caros (rotas com maior ocupação).

Já os voos para os Estados Unidos estão com uma ocupação abaixo do normal, levando as empresas a oferecer descontos mais agressivos, como os que temos visto nos voos para Miami, por exemplo, onde há maior oferta de voo.

Há alguns fatores que explicam essa diferença na demanda por passagens para as duas regiões:

  • Mercado low-cost: desde que a empresa de ultra baixo custo Viva Air entrou no mercado brasileiro ela puxou para baixo o preço dos voos para os Estados Unidos, oferecendo essa opção com conexão em Medelín. Ainda que a empresa tenha encerrado sua operações, esse papel foi assumido em parte pela também colombiana Avianca, que incluiu novos voos no mercado brasileiro saindo de Manaus e Belo Horizonte, além dos voos que já mantinha em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. E outras empresas de baixo custo, como a Arajet, estão entrando nesse mercado. Já para a Europa, atualmente não temos nenhuma low cost atuando. Antes da pandemia, chegamos a ter a Norwegian por alguns meses voando para o Brasil, mas a empresa encerrou a rota, sem previsão de retomada. E a Air Europa foi comprada pelo grupo da British e Iberia.

  • Voos com conexão em outros países: além das companhias americanas e brasileiras que operam voos diretos, as viagens entre o Brasil e os Estados Unidos também podem facilmente ser feitas com conexões curtas em países que ficam no meio do caminho, como via Panamá com a Copa Airlines, ou pelo México com a Aeroméxico. Ou até via Chile ou Colômbia, com a própria Latam. Isso aumenta a competição e favorece os passageiros com tarifas menores. Já as empresas que cumpriam esse papel nas rotas para a Europa, como a africana Royal Air Maroc, ainda não retomaram voos para o Brasil.

  • Dificuldades para tirar o visto americano: a fila para conseguir tirar um novo visto para os Estados Unidos passa de um ano e não tem previsão de melhorar. Ou seja, são milhares de brasileiros com intenção de viajar para o país mas que não conseguem sequer fazer a entrevista do visto. Certamente isso impacta a demanda de voos para os Estados Unidos hoje. E por mais que a renovação do visto americano não exija entrevista e seja um processo bem mais simples e rápido, muitas pessoas não sabem e acabam desistindo por achar que também precisam ficar na enorme fila de espera. Do outro lado, o governo brasileiro decidiu voltar a exigir visto dos norte-americanos, o que também trouxe impacto para a demanda de viagens de lá para cá.

  • Dólar mais caro: foi-se o tempo em que os brasileiros se sentiam ricos nos Estados Unidos com o dólar barato perante o real. Ainda que o dólar esteja mais estável agora, o nosso poder de compra caiu muito, seja pela inflação alta dos produtos, serviço e hospedagens nos Estados Unidos, seja porque nossos salários não acompanharam a evolução do dólar. Um dia de parque na Disney pode custar perto de R$ 1.000. Isso afasta o público que era mais sensível aos preços e também aqueles que viajavam para os EUA com foco maior em compras. Por mais que a tecnologia hoje nos ajude a economizar até 15% no dólar usando contas digitais gratuitas, isso não compensa tudo o que a moeda americana subiu nos últimos anos. Já a Europa também teve inflação elevada, mas nunca foi um paraíso das compras, então acredito que sofra uma perda menor desse público.

  • Mais europeus que americanos vindo para o Brasil: se o dólar e o euro estão caros para nós, estão baratos para os americanos e europeus. Só que enquanto os europeus adoram passar as férias de inverno economizando enquanto curtem o calor do Brasil no Nordeste, por exemplo, para os americanos o Brasil fica distante. É mais fácil, perto e barato ir para Caribe, que fica a menos de 4h de voo para grande parte dos americanos. Sem contar aspectos como segurança e a não necessidade de visto. Por isso, disputamos assentos com europeus pagando em euro nos voos entre o Brasil e a Europa, que quase sempre tem mais de 50% da ocupação de europeus, chegando a 80% em algumas rotas e períodos. Um cenário bem diferente dos voos entre Brasil e Estados Unidos, onde o fluxo de brasileiros é bem maior.

  • Escassez de aviões: com a demanda alta as companhias aéreas tendem a aumentar o número de voos para faturar mais. Então, por que isso não está acontecendo? Até tivemos aumentos de voos entre o Brasil e a Europa nos últimos meses, mas não na mesma proporção da demanda. Um dos motivos é que as fabricantes Boeing e Airbus enfrentam problemas na cadeia de fornecimento e estão atrasando a entrega de novas novas aeronaves. Isso obrigou a Latam, por exemplo, a adiar o início de sua nova rota para Los Angeles e retomada do voo direto para Joanesburgo. Executivos da Iberia e da TAP reconheceram recentemente que não aumentam a frequência de voos para o Brasil por conta da falta de aviões.

Além disso, o mercado europeu vive duas consolidações importantes na aviação: a ITA Airways foi recentemente adquirida pelo grupo Lufthansa e a TAP deverá ser vendida nos próximos meses. Ambas possuem uma oferta importante de voos para o Brasil e estão focando na geração de resultado para aumentar seu valor de mercado. E isso têm impacto no preço das passagens aéreas.

Claro que existem outros fatores específicos de cada rota e mercado que também impactam o preço das passagens. E não quer dizer que toda a passagem para a Europa vá custar quase o dobro do preço dos Estados Unidos. Mas, deu dá pra entender porque essa diferença de preço aumentou nos últimos meses. Só que, e agora, o que fazer?

Veja também: Dólar R$ 4,90! Abra uma conta Nomad e ganhe até US$ 20 de bônus e sala VIP no Aeroporto de Guarulhos

Vou viajar para os Estados Unidos nos próximos meses, devo comprar a passagem logo ou esperar?

Se a sua viagem é para os Estados Unidos e você encontrar bons preços, compre logo a passagem. Os preços em dólar estão bem abaixo do normal e essa situação pode não durar muito tempo, primeiro porque a demanda deve voltar a subir com as promoções agressivas. Segundo, porque se a baixa demanda persistir as companhias aéreas vão reduzir a oferta de voos e direcionar os aviões para rotas com maior retorno.

Se quiser ser avisado sobre as melhores promoções de passagens para os Estados Unidos assim que elas começaram, baixe nosso app gratuito e não perca mais nenhuma tarifa sensacional.

Veja algumas oportunidades de viagem que encontramos recentemente e que ainda estão valendo:

Vou viajar para a Europa nos próximos meses, devo comprar a passagem logo ou esperar?

Se você pretende viajar para a Europa até outubro, compre logo a passagem. Os voos estão com alta ocupação e a chance dos preço subirem mais é bem maior do que aparecer alguma promoção. Temos visto preços mais amigáveis apenas para 2024. Mas é possível que apareça alguma promoção para viajar em novembro, por exemplo. Quem quer viajar entre dezembro e fevereiro também vai ter chances menores de conseguir preços excelentes, mas ainda pode aguardar um ou dois meses para ver como os preços se comportam.

Se quiser ser avisado sobre as melhores promoções de passagens para a Europa assim que elas começaram, baixe nosso app gratuito e não perca mais nenhuma tarifa sensacional.

Veja algumas oportunidades de viagem que encontramos recentemente e que ainda estão valendo:

E você, também está notando essa diferença no preço nas passagens para os Estados Unidos e Europa? Comente e participe!

Fonte: Melhores Destinos