Sedona, a cidade bicho-grilo do Arizona

Montanhas em tons páprica, passeios com emoção e uma vibe esotérica arrebatam Sedona, o destino mais romântico do Arizona

access_time 11 jul 2019, 19h43

Para chegar a Sedona, o último destino da viagem, passei por Williams, cidadezinha que abriga um trecho da mítica Rota 66, estrada que começa em Chicago e termina em Santa Mônica, na Califórnia, e que representou um ideal de liberdade para a geração dos anos 50 e 60. Hoje Williams parece mais um parque temático de si mesma. A cidade é bonitinha, são 11 quadras repletas de lojas de suvenires com uma pegada country/vintage. 

Montanhas vermelhas abraçam a pequena e verdejante Sedona

Montanhas vermelhas abraçam a pequena e verdejante Sedona (Ilene McDonald/Alamy/Reprodução)

A loja Cruiser’s Route 66 é uma perdição com suas centenas de placas de metal decorativas com propagandas antigas e dizeres jocosos. Em uma das esquinas tem o Pete’s Gas Station, um posto de gasolina antiguinho que virou museu.

Saindo de Williams, peguei a rodovia 40 em direção a Flagstaff e depois a 89A rumo a Sedona. Dica: toda vez que surgir uma placa Scenic View, desvie e as fotos panorâmicas estarão garantidas. Enquanto nos demais destinos a estrutura turística vive em função das atrações, Sedona é eclética. Você pode encarar uma trilha, mas, se preferir se internar em um hotel ma-ra-vi-lho-so e ver tudo da sacada de um bangalô, também pode. 

A cidade tem uma pegada esotérica. Segundo creem alguns, o lugar possui campos magnéticos que estimulam e elevam a consciência, o que facilitaria o contato com o eu interior ou até mesmo o eu de vidas passadas. Na carona disso surgiu um mercado intenso de lojas new age concentradas ao longo da 89A. 

Ali você pode jantar e aproveitar para tirar um tarô, fazer sessões de reiki, hipnose, energização dos chakras, reflexologia, cura por meio dos sons, coaching holístico, e por aí vai. Neons e placas indicando “psychic” (vidente) e “fotografe sua aura” são mato. Se você tem um pezinho nesse assunto, Sedona é um prato transbordante, mas não é preciso simpatizar com o tema para ficar siderado com a paisagem.

As montanhas que cercam a cidade parecem ter sido pinceladas com páprica. Há vários passeios pela natureza, e eu embarquei em um deles com a Pink Jeep. Eu tinha ideia de que jipes são veículos capazes de encarar os piores terrenos, mas nunca que pudessem subir montanhas. Tudo bem, é um pouco de exagero, na verdade eram pedras muito íngremes.

 (Josef Pichler/Pixabay)

Mark, o guia gente finíssima, tinha as manhas, mas nem por isso eu deixei de me sentir dentro de uma máquina de lavar roupa desgovernada. As paradas no Chicken Point e na Submarine Rock revelaram uma Sedona com muito verde. Dica: é comum no verão caírem tempestades no meio do dia, e isso assenta o pó dos trechos de terra, o que é uma vantagem para os passeios do fim de tarde.

Outro lugar que merece uma visita é a Capela da Cruz Sagrada (Chapel of the Holy Cross), em estilo modernista, que está encravada entre duas rochas no alto de um morro. Olhando de relance, parece uma espaçonave. A idealizadora do projeto foi a escultora Marguerite Brunswig Staude, que também projetou uma passarela seguindo o contorno de uma rocha que leva à entrada da capela. O interior é dos mais austeros, e a vista é linda. Foi um bom desfecho de viagem – e senti que voltei com a aura lavada.

A Capela da Cruz Sagrada fica em um local um tanto inusitado

A Capela da Cruz Sagrada fica em um local um tanto inusitado (Jeremy Thompson/Flickr)

Guia VT

DE VEGAS PRA LÁ

Com a Greyhound você pode pegar um ônibus até Flagstaff e de lá uma van até Sedona pela Groome Transportation, que sai em dois horários, às 8h e às 16h, e leva 45 minutos até o destino.

COMO CIRCULAR

Se você ficar em um hotel próximo a Uptown Sedona, pode fazer quase tudo a pé. Hotéis mais afastados costumam disponibilizar vans até o centrinho.

FICAR

O Best Western Plus Inn tem vista para as Red Rocks. O L’Auberge de Sedona é bem romântico e tem um restaurante com mesas ao lado de um rio.

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Fonte: Viagem e Turismo