Turismo sustentável: destinos brasileiros dão exemplos de iniciativas

Na parte de cima: Artur Luiz Andrade, da PANROTAS, e Leonardo Seabra, do Rio Grande do Norte. Embaixo: Bruno Wendling, do Mato Grosso do Sul, e Paulo Angeli, de Foz do Iguaçu
Na parte de cima: Artur Luiz Andrade, da PANROTAS, e Leonardo Seabra, do Rio Grande do Norte. Embaixo: Bruno Wendling, do Mato Grosso do Sul, e Paulo Angeli, de Foz do Iguaçu

Nesta quinta-feira (12), a PANROTAS e a WTM Latin America promoveram o segundo painel sobre Turismo e sustentabilidade, abordando como os destinos brasileiros buscam atrair o viajante responsável. Mediado pelo editor-chefe da PANROTAS, Artur Luiz Andrade, o painel contou com a participação de Bruno Wendling, presidente do Fornatur e diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (FundTur/MS); Paulo Angeli, secretário de Turismo, Projetos Estratégicos e Inovação de Foz do Iguaçu (PR); e Leonardo Seabra, coordenador de Inteligência da Empresa Potiguar de Promoção Turística do Rio Grande do Norte (Emprotur).

Para os convidados, a questão da sustentabilidade no Turismo depende, principalmente, da governança. Nesse sentido, Paulo Angeli destacou que Foz do Iguaçu já ganhou alguns prêmios nacionais com a atual gestão integrada que envolve os setores público e privado. “Quando falamos em sustentabilidade de um destino turístico, a responsabilidade é muito grande para todos os setores. Não existe a possibilidade de vir um grande projeto para Foz que não tenha uma visão turística e nem empresas que não tenham responsabilidade socioambiental. Hoje, nós estamos muito focados, buscando empresas muito específicas e falando com empresários muito específicos para tratar esse assunto”, explicou.

Leonardo Seabra, da Emprotur
Leonardo Seabra, da Emprotur

Assim como Foz do Iguaçu, o Rio Grande do Norte tem buscado criar uma sinergia de governança entre o terceiro setor, o setor privado e o governamental. Segundo Leonardo Seabra, apesar dos desafios, o Estado tem investido no Turismo sustentável. “Eu diria que estamos na fase da infância em relação a esse tema. Quando estamos falando de um destino com dificuldade históricas, um dos pilares é investir em capacitação, que é importante até para formar gestores”, ressaltou.

ENGAJAMENTO DAS COMUNIDADES
O Turismo sustentável, segundo os participantes, requer envolvimento com a comunidade local, que, muitas vezes, já participa ativamente das atividades turísticas, como é o caso do Mato Grosso do Sul. Em Bonito, por exemplo, mais de 60% dos empregos formais são relacionados ao Turismo.

Bruno Wendling, da FundTur/MS
Bruno Wendling, da FundTur/MS

Para Bruno Wendling, esse processo precisa acontecer de forma natural, mas a qualificação é fundamental. “Eu posso dividir o Estado em dois tipos de Turismo responsável: o Pantanal, que é um destino responsável por natureza; e Bonito, que nasce com o terceiro elemento da sustentabilidade que é a organização, com forte envolvimento da comunidade. Isso acaba respingando no Estado como um todo, que forma cada vez mais esse tipo de atividade. Em Corumbá, temos a questão dos ribeirinhos, que vêm fazendo uma transição da pesca de subsistência para a pesca esportiva. Mas há todo um trabalho de qualificação que se faz necessário, e temos tido um papel muito forte nesse quesito”.

Foz do Iguaçu e Rio Grande do Norte também são destinos que têm investido no Turismo interno e no envolvimento da comunidade. A gestão da cidade paranaense criou um projeto de renda para os guias turísticas com o objetivo de que a população local conheça os atrativos com acompanhamento técnico. Já a Emprotur, junto com a Setur-RN, criou o programa “Turismo Cidadão”, que visa estimular o Turismo interno para que os habitantes conheçam o Estado.

CONSCIENTIZAÇÃO DO TURISTA
No que se refere ao Turismo sustentável, o trade tem um papel muito importante na conscientização do viajante. Uma das estratégias da FundTur/MS para atrair o turista responsável são as campanhas de sensibilização. “No final do ano passado, pensamos em criar uma estratégia de comunicação que não fosse agressiva, mas que mostrasse que estávamos recebendo os turistas de forma responsável. Assim, lançamos a campanha ‘Vem, mas vem de máscara’, que teve uma adesão super legal, enquanto algumas campanhas eram muito criticadas por ser um momento não muito apropriado para viajar. Quando você comunica que os seus empreendimentos estão prontos, o turista já fica engajado”, pontuou.

Paulo Angeli, da Secretaria de Turismo de Foz do Iguaçu
Paulo Angeli, da Secretaria de Turismo de Foz do Iguaçu

Seguindo o mesmo método do Mato Grosso do Sul, a cidade de Foz do Iguaçu lançou a campanha “Vem para Foz”, com o objetivo de se mostrar um destino seguro. Paulo Angeli ressaltou ainda que a Secretaria de Turismo da cidade mantém um diálogo constante com a Argentina e o Paraguai para discutir ações e protocolos comuns para os atrativos turísticos. “Temos uma discussão muito saudável, muito produtiva e eficiente na busca por resultados. Tanto que o nosso mote de campanha hoje não é mais as Cataratas ou Foz do Iguaçu. Nós nos chamamos o ‘destino do mundo’ e adotamos o destino trinacional”, disse.

Para que a conscientização do turista seja efetiva, é fundamental que os destinos e atrativos invistam em certificações sanitárias neste momento. No entanto, de acordo com Seabra, esse processo também envolve capacitação, principalmente, de pequenos negócios. “Quanto obtivemos o Safe Travels do WTTC, estávamos assinando uma carta de compromisso de responsabilidade. Por isso, desenvolvemos um trabalho chamado ‘Turismo mais protegido”, oferecendo capacitação para a implementação desses protocolos. Quando você olha para o cenário de um Estado como o Rio Grande do Norte, onde a maioria são pequenos negócios, é importante ter esse processo de acompanhá-los e facilitar a implantação desses protocolos, até para que sejam efetivamente percebidos pelos turistas”, finalizou.

Este painel, assim como todos os conteúdos do evento, está disponível na plataforma da WTM Latin America, que pode ser acessada neste link.

Fonte: PANROTAS