Como o Coronavirus está influenciando as prévias do Partido Democrata?

Pedro Paiva

O novo Coronavirus, COVID-19, está gerando pânico em todo o país. O vírus que já infectou mais 4.400 pessoas no país está mudando a rotina do cidadão americano de costa a costa. Não apenas a vida cotidiana das pessoas está sendo afetada, mas também a economia e, claro, a política, que transpassa tudo isso.

O surto do novo Coronavirus começou com mais força, nos EUA, no início de março. Antes mesmo da Super Terça, Mike Bloomberg fez algo ainda inédito na história americana: comprou anúncios de TV em todo o país e fez o seu próprio pronunciamento à nação em uma espécie de Casa Branca de estúdio. A tentativa de Bloomberg foi se apresentar como o melhor candidato para lidar com crises, mas seu plano não deu muito certo.

Muitos acreditaram que Bernie Sanders seria o candidato mais beneficiado politicamente com o surto. Isto porque o senador de Vermont é um defensor incansável do famoso Healthcare For All, o programa “Saúde Para Todos”, que é, grosseiramente falando, a proposta de criação de um SUS americano.

Muitos especularam que a falta de saúde adequada de grande parte da população, e os 44 milhões de americanos sem nenhum plano de saúde, fariam com que o candidato crescesse durante a crise. Isto, porém, não aconteceu.

Acontece que Bloomberg estava certo. A grande questão era, mais do que apresentar soluções concretas, conseguir se mostrar como o candidato mais hábil para lidar com crises, e esta pessoa foi Joe Biden. Segundo pesquisa da ABC News, 46% dos eleitores democratas consideram que Biden é o melhor nome para lidar com uma crise como esta, enquanto apenas 27% dizem que Sanders lidaria melhor.

Biden, diga-se de passagem, teve seu melhor momento no debate da CNN no domingo passado quando afirmou que na Itália existe saúde pública, gratuita e universal e só isso não adiantou muita coisa.

Esta percepção pode ter afetado, e muito, nos resultados das primárias do dia 10, quando Biden venceu (para além de Mississippi e Missouri, que já eram esperados) em Michigan, Idaho e Washington, todos estados onde Bernie venceu em 2016, sendo o último o epicentro da doença no país.

Esta edição fechou antes de sabermos os resultados das primárias do dia 17, mas já sabemos que está sendo fortemente afetada, tendo inclusive o estado de Ohio declarado o adiamento das votações no estado.

Especialistas acreditam que a pandemia influenciará ainda mais no cenário político do país, inclusive na eleição geral de novembro. O grande trunfo de Donald Trump, a economia, pode estar ameaçada.

Os principais índices das bolsas americanas vêm acumulando perdas nos últimos dias que são superiores até às da crise de 2008. Como o governo americano lidará com a doença será fundamental para determinarmos quanto Trump terá perdido em termos de popularidade.