Conheça Marcos Ténéré, o caminhoneiro brasileiro que se encantou com as highways americanas

Marcos Valadares Leite, natural de São Vicente (São Paulo), foi para o Estados Unbidis…

Marcos Valadares Leite, natural de São Vicente (São Paulo), foi para o Estados Unbidis estudar, e, de repente, se viu num caminhão de nove eixos. Era o início de sua vida como caminhoneiro. Hoje tem um dos canais no Youtube mais seguidos por brasileiros sobre suas experiências nas rodovias americanas

Ele explica que iniciou sua vida de caminhoneiro nos Estados Unidos, pois antes nunca tinha pensado em ser caminhoneiro. “Eu olhava os caminhões e achava muito grande. Comecei por causa do meu grande amigo Willian, que hoje está no Brasil. E ele me incentivou a tirar a carteira. Eu achava que era muito difícil, mas ele falou que não. Ele foi no Departamento de Trânsito aqui dos Estados Unidos, igual ao Detran, no Brasil, e pegou um manual para eu estudar. Ele me disse, vamos estudar juntos. E eu disse vamos ver no que vai dar. Foi assim que eu entrei nessa vida de caminhoneiro; praticamente por causa do meu amigo William”, disse.

De acordo com ele, as principais diferenças de ser caminhoneiro nos EUA e no Brasil, primeiramente, é o salário. “Você tem um poder aquisitivo maior. Os caminhões são maiores, na cabine, e a infraestrutura nos postos é melhor. Tem bastante estacionamento; um belo de um chuveiro, privado, praticamente é quase uma suíte, com pia, vaso sanitário. Quanto à comida americana, um ou outro lugar que tem restaurante. Com relação à polícia, ela é mais rigorosa. Nós fazemos exame antidroga aleatoriamente, a cada dois anos, o drug test”.

Sobre a infraestrutura, a estrada é maravilhosa. Quase todo ano tem uma parte reformada. Então, você tem a interligação, as interestaduais, que interligam o país inteiro. Praticamente, pneu furado uma vez por ano; dirigindo em New York, no máximo duas vezes por ano. “Quando eu fazia estrada, acho que, em cinco anos, eu tive dois ou três pneus furados”.

Em relação a ao uso de drogas, ele disse que já escutou falar sobre o assunto. “Estes caminhoneiros fazem o teste de drogas, mas eu não conheço ninguém próximo de mim. Mas dizem que tem uns doidos que usam, que sabem burlar o exame de droga de urina. Mas, hoje com a chegada do logbook eletrônico, um diário eletrônico, que controla as horas – ligado direto no motor do caminhão, não tem mais como o motorista burlar a lei. Hoje, praticamente virou uma caixa-preta; o diário eletrônico sabe a hora que você ligou o caminhão, a hora que você desligou, a hora que você parou”.

Ainda, Segundo Marcos, nos EUA, o motorista pode dirigir onze horas, ficando no máximo 14 horas trabalhando, entre dirigir, carregar, descarregar, abastecer, além do descanso diário de dez horas obrigatório. O motorista tem que ficar dez horas parado, tem que dormir, tem que descansar. “A jornada é 70 horas semanais, que com essas 14 [horas], você pode estourar em cinco dias, no máximo, seis. Você precisa trabalhar bastante. E o descanso obrigatório semanal, para você zerar essas 70 horas, são 34 horas.

Então, mais ou menos você segura. Por exemplo, eu parei agora 2h da tarde, eu poderia começar meia-noite, ou então, se eu chegar à zero hora do dia 1º de janeiro, eu vou fazer zerar as minhas horas e tenho as 70 horas, de novo, disponíveis. E no Brasil, muitas pessoas falam comigo que o embarcador fala para o motorista: você tem que chegar tal dia, no endereço. E o motorista vai como um doido, andando 12, 14, 18 horas. Tem casos que eu já ouvi falar que o motorista dirigiu 30, 35 horas seguidas, tomando drogas.

Isso é um absurdo. Aqui, nos EUA, existe a responsabilidade civil. O dono da empresa ou despachante, se eles te forçarem a andar acima da lei, no caso de acidente fatal, você vai para a cadeia, mas eles vão juntos, porque eles estavam obrigando o motorista a dirigir além do limite. Para mim, tinha que ter isso no Brasil, a responsabilidade do embarcador, dele forçar o motorista a cumprir essa jornada louca. Ser responsabilizado civilmente e criminalmente por forçar o motorista.

A pena é menor, mas tem que ter como aqui nos EUA. Tanto que aqui ninguém força. Se você falar aqui na empresa que não tem hora para trabalhar, eles não mexem com você. É lógico que eles podem chegar e conferir para ver se o motorista não está mentindo. Se eles checarem que você não tem horas, eles vão dizer: pode ir para casa. Eles não deixam você dirigir porque não querem ser responsáveis”.

Fonte: Redação – Brazilian Times.

Fonte: Brazilian Times