Pular para o conteúdo

Downtown: a parte de Los Angeles que você precisa descobrir

Até pouco tempo, o centro de Los Angeles era o patinho feio da metrópole californiana: um árido aglomerado de prédios com alguns bolsões de pobreza para São Paulo nenhuma botar defeito. Esse lado dark da cidade continua existindo – Skid Row, a cracolândia de LA, segue firme e forte. Mas grande parte da região passou por uma brutal transformação nos últimos anos e, ainda que a maioria dos turistas ainda hesite em se deslocar do eixo Hollywood, Beverly Hills e Santa Monica, passear por Downtown é uma das coisas mais bacanas para fazer em Los Angeles atualmente. É fato: teria batido muito mais perna por lá se a temperatura ao ar livre não fosse de 40oC (em pleno fim de setembro!). Mas, fora do verão, o programa não tem contraindicação.

The Broad e Disney Concert Hall vistos de cima (crédito: warren_air)

The Broad e Disney Concert Hall vistos de cima (crédito: warren_air)

Como chegar no centro de Los Angeles

De Hollywood, basta pegar o metrô e descer na estação Civic Center, que é a mais próxima da maioria das atrações. De quebra, você sairá em um parque super bem cuidado. Dos lugares citados abaixo, apenas o Grammy Museum é um pouco mais afastado. Para ir do Grand Central Market até lá eu peguei um Uber (US$ 5). Ir de carro é meio desnecessário, mas também é tranquilo. O trânsito em Downtown fora da hora do rush é praticamente morto (o da freeway pra chegar até lá já é outra coisa) e há estacionamentos públicos (pagos) por todo lado.

Clique aqui para ver o mapa com os lugares indicados abaixo.

Primeira parada: The Broad, o museu que é a bola da vez

Inaugurado no ano passado, The Broad é a bola da vez em Los Angeles. Eu achava que o hype em torno dessa novidade era meio exagerado até topar com o edifício. Wooow. O prédio custou US$ 140 milhões e foi projetado pelo escritório Diller Scofidio + Renfro (dos mesmos arquitetos que projetaram a nova sede do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, que talvez fique pronta um dia). Como se não bastasse, o museu ainda fica ao lado do Walt Disney Concert Hall, formando uma das dobradinhas arquitetônicas mais impressionantes do planeta.

The Broad e Disney Concert Hall, uma das dobradinhas arquitetônicas mais espetaculares

The Broad e Disney Concert Hall, uma das dobradinhas arquitetônicas mais espetaculares

20160929_120136

O novo museu The Broad, a bola da vez em Los Angeles

O novo museu The Broad, a bola da vez em Los Angeles

20160929_120307

Para quem achava que a fachada era o mais impressionante, eis o saguão do museu, originalíssimo (crédito: huftoncrow)

Para quem achava que a fachada era o mais impressionante, eis o saguão do museu, originalíssimo (crédito: huftoncrow)

Para subir à exposição principal, você embarca nessa escada rolante que também é uma viagem (crédito: iwan_baan)

Para subir à exposição principal, você embarca nessa escada rolante que também é uma viagem (crédito: iwan_baan)

E eis que desembarca nessa sala super luminosa e colorida

E eis que desembarca nessa sala super luminosa e colorida

O cachorro de Jeff Koons

O cachorro de Jeff Koons

Michael Jackson and Bubbles, uma das obras mais bizarras da história da arte, de Jeff Koons

Michael Jackson and Bubbles, uma das obras mais bizarras da história da arte, de Jeff Koons

Luz natural por todos os lados, como uma colmeia high-tech (crédito: iwan_baan)

Luz natural por todos os lados, como uma colmeia high-tech (crédito: iwan_baan)

O acesso à exposição permanente é feito por uma escada rolante que atravessa uma espécie de túnel de concreto e desemboca na sala principal, sob um teto que parece uma colmeia. O espaço, todo branco e superiluminado, faz com que as obras “saltem” das paredes. No meio dessa viagem arquitetônica estão expostas algumas das 2 mil peças da coleção pessoal do casal de magnatas filantropos Eli e Edythe Broad. Entre as obras, há quadros de Jean-Michel Basquiat, Barbara Kruger, Andy Wharhol e muitos outros, e alguns trabalhos espetaculares de Jeff Koons – incluindo a bizarríssima escultura de porcelana em que retrata Michael Jackson ao lado de seu macaco de estimação.

Agora a parte ruim do hype. A entrada para ver o acervo geral é grátis, mas para visitar com hora marcada (e sem fila), é preciso reservar com antecedência. E a coisa não é tão fácil assim: no primeiro dia do mês, ao meio-dia, são liberadas as entradas para o mês seguinte (ou seja, no dia primeiro de novembro você verá as entradas para dezembro), que se esgotam bem rápido. A alternativa é encarar a fila da porta dos “sem entrada”, que costuma ser longa (quando estive lá, era impressionante o número de pessoas esperando, protegidas do sol de 40 graus com guarda-chuvas distribuídos pelo próprio museu). Como já tinham me alertado que seria assim, comprei a entrada para a exposição temporária da fotógrafa Cindy Sherman (US$ 12), com hora marcada (e direito a acesso a todo o museu). Ô dinheirinho bem gasto, viu? A pegadinha é que nem sempre as exposições especiais em cartaz são pagas à parte. Ou seja, nem sempre existe essa opção para “furar a fila”. O melhor, mesmo, é se programar.

Disney Concert Hall do arquiteto canadense Frank Gehry

Disney Concert Hall: um projeto do arquiteto canadense Frank Gehry (o mesmo do Guggenheim de Bilbao)

20160929_11060320160929_110653

Segunda parada: Walt Disney Concert Hall

Para quem já esteve no Guggenheim de Bilbao, talvez o impacto não seja tão violento. Mas, ainda assim, a sede da Orquestra Filarmônica de Los Angeles (LA Phil) é um dos edifícios mais espetaculares da cidade e uma das obras mais grandiosas do arquiteto canadense Frank Gehry. Dá para conhecer o interior em um tour guiado de uma hora, grátis. Mas bom mesmo é assistir a um espetáculo lá dentro (gostaria de ter feito isso, mas não deu tempo).

Terceira parada: MOCA Museum

O acervo deste outro museu de arte moderna e contemporânea é tão ou mais consistente que o do The Broad. Ainda que tenha outras sedes, a principal é a MOCA Grand, que fica quase na frente ao hypado “concorrente”. Tem obras de artistas importantes dos séculos 20 e 21 em seu acervo, incluindo telas de Andy Warhol, Mark Rothko e Roy Lichtenstein. Ou seja, se for impossível entrar no The Broad, eis um digno plano B.

Pausa para o almoço: Grand Central Market

O bom e velho mercadão público de Los Angeles abastece a cidade desde 1917. Mas, recém-reformado, agora é “o” lugar para almoçar em Downtown. A atmosfera tem um quê hipster, mas ainda há alguns postos de comida bem roots, de carnitas mexicanas, comida chinesa e afins. Eu almocei no excelente vegano Ramen Hood (do chef badaladinho Ilan Hall, do The Gorbals). Mas também invejei o povo que estava devorando os falafels boutique do Madcapra (de dois chefs nova-iorquinos). E ainda tem sushi, cervejaria artesanal, oyster bar, hambúrguer responsa… Deixe para tomar o café – cheio de frico-frico, mas coisa séria – no G&B, que cada dia tem grãos de uma parte do mundo diferente.

O Grand Central Market reformado: o lugar para almoçar em Downtown

O Grand Central Market reformado: o lugar para almoçar em Downtown

Tem sushi, ramen, comida mexicana, hambúrguer, cerveja artesanal, ostra...

Tem sushi, ramen, comida mexicana, hambúrguer, cerveja artesanal, ostra…

O jeito meio hipster de ser do mercado

O jeito meio hipster de ser do mercado

Quarta parada: Grammy Museum

Eu só queria ver a lendária jaqueta vermelha de couro que o Michael Jackson usou no videoclipe de Thriller. Mas acabei passando um tempo no Grammy Museum. O museu conta a história do famoso Grammy Awards (o prêmio mais importante da indústria fonográfica) e acolhe várias exposições temporárias simultaneamente. Atualmente, está em cartaz uma fantástica mostra sobre os Ramones e o nascimento do punk. Um detalhe impressionante: eu era praticamente a única pessoa no museu.

A jaqueta que o Michael Jackson usou em Thriller: uma das joias do Gramy Museum

A jaqueta que o Michael Jackson usou em Thriller: uma das joias do Gramy Museum

Quinta parada: U.S. Bank Tower Skyslide

Bom, aqui você vai indo que eu não vou. A grande novidade de Downtown é uma tortura para quem lida mal com a altura: um tobogã de vidro totalmente transparente, que não apenas flutua a 300 metros do chão, mas está pendurado do lado de fora do arranha-céu U.S. Bank Tower.

O “brinquedo” é parte do OUE Skyspace, que também abrange um observatório com vista panorâmica da cidade (o mais alto da Califórnia) – o que ajuda a justificar os US$ 33 do preço da entrada combinada. O escorregador mede 15 metros e vai do 70o andar para o 69o .

Sexta parada: o rooftop do The Perch

No 16o andar de um edifício da Pershing Square, é um dos lugares mais bacanas para ver a noite cair. Tem um pátio com mesinhas, sofás e lounges e, no andar de baixo, um delicioso restaurante francês.

Siga @drisetti no Instagram e no Twitter

Fonte: Viagem e Turismo