Mudanças são naturais e salutares. Fazem parte do jogo político e da democracia, conquistada a duras penas neste país. No caso do turismo, todavia, as mudanças não devem se restringir aos nomes que ocupam cargos públicos na gestão deste grande setor. Os últimos anos já foram de transformação para o turismo brasileiro, especialmente com o impacto positivo que a Copa do Mundo e as Olimpíadas do Rio trouxeram para a imagem do Brasil no exterior. Um país capaz de organizar grandes eventos, com infraestrutura turística e o povo que melhor sabe receber turistas no planeta. O Brasil está, definitivamente, no imaginário do turista internacional.
A Embratur também precisa acompanhar esse movimento. A mudança no modelo de gestão da autarquia é necessária para converter esse momento positivo em impacto econômico. O PL 2724/2015 está para ser votado em caráter de urgência pelo Plenário da Câmara dos Deputados e pode, com uma série de mudanças combinadas, entre elas, a transformação da autarquia em agência, no mesmo molde do Sebrae e da Apex, elevar o patamar do turismo brasileiro para o mundo.
Como serviço social autônomo, a nova Embratur terá orçamento para promoção do turismo brasileiro no exterior condizente com países concorrentes. O aumento da competitividade do nosso produto turístico neste mercado cada vez mais acirrado é fundamental para gerar os resultados econômicos de que este setor é capaz.
O horizonte de crescimento é amplo. As metas são ambiciosas, mas proporcionais à vocação do Brasil para o setor. A previsão é ampliar, até 2022, o número de empregos gerados pelo setor, passando de 7 milhões para 9 milhões de postos de trabalho. O número de turistas internacionais no país pode saltar de 6,6 milhões para 12 milhões, e a receita advinda desses visitantes sair dos atuais US$ 6,6 bilhões para US$ 19 bilhões nos próximos quatro anos.
A continuidade na gestão do turismo deve prevalecer para o alcance da principal meta: o turismo como política de Estado. Com essa perspectiva, estamos na presidência da Embratur com a saída de Vinicius Lummertz, alçado ao Ministério do Turismo após excelente trabalho realizado. O objetivo é dar continuidade a um esforço que construímos em equipe, de mãos dadas ao competente corpo técnico deste instituto que pensa grande, que não tem medo da mudança e caminha para uma transformação definitiva que consolidará a imagem do país no exterior como uma potência do turismo.
Ações que estão dando certo devem ser mantidas e expandidas para impulsionar o fluxo internacional. Exemplo recente é a emissão de visto eletrônico para turistas australianos, japoneses, canadenses e norte-americanos. No primeiro mês da iniciativa, na qual a Embratur teve decisiva participação juntamente com o MRE e o MTur, houve aumento de 87% de pedido pelo documento nos Estados Unidos em relação ao mesmo período do ano anterior.
O próximo passo será a China, principal emissora de turistas pelo mundo. Há um hiato que precisa ser preenchido. São 130 milhões de chineses viajando anualmente pelo mundo e pouco mais de 50 mil vem para o Brasil. O turista estrangeiro busca países onde encontra facilidades como o visto eletrônico. Temos atrativos para este perfil de mercado, mas é preciso, além do ensejo do visto, uma maior conectividade e voos mais baratos. O que não pode mudar é a visão profissional da Embratur, que tem jogado luz nos últimos anos sobre o turismo e sua promoção internacional. O turismo visto, pensado e trabalhado como um dos principais vetores da ECONOMIA BRASILEIRA. Este olhar não deve mudar.
Que a miopia que travou seu desenvolvimento por anos seja, de fato, eliminada e que a atividade seja desenvolvida de forma sustentável. O Brasil é vocacionado para o setor que dispõe do maior potencial para gerar divisas e empregos a curto, médio e longo prazo e com retorno de investimento mais rápido. A modernização é um caminho sem volta. A Embratur está preparada para seguir essa trilha.
Marcelo Lima Costa – presidente da Embratur
Artigo publicado originalmente no Correio Braziliense de 18 de abril de 2018.
Fonte: Embratur