Enfermeira do ICE denuncia cirurgias irregulares em mulheres imigrantes na Geórgia

Centro de Detenção privado de Irwin County, na Geórgia. Foto: ICE.

Grupos de defesa entraram com uma queixa contra um centro de detenção de imigrantes na Geórgia, alegando negligência médica e falta de medidas de segurança contra o coronavírus. Segundo denúncia de uma enfermeira, as mulheres teriam sido submetidas a retiradas completas ou parciais de seus úteros sem o consentimento.

Autoridades migratórias e parlamentares dos Estados Unidos disseram nesta quarta-feira, 16, que vão apurar a denúncia sobre as cirurgias irregulares nas detentas. As alegações incluem também a recusa do centro de testar detidos sintomáticos, o não isolamento de casos suspeitos e o não incentivo a práticas de distanciamento social.

A denúncia condena as práticas e condições do Centro de Detenção privado de Irwin County, na Geórgia, e é baseada nas alegações de uma enfermeira identificada como Dawn Wooten, que trabalhava no centro que abriga imigrantes detidos pelo Immigration and Customs Enforcement (ICE).

Como parte de sua reclamação, apresentada na segunda-feira, 14, a Sra. Wooten expressou preocupação com o alto número de histerectomias realizadas em mulheres que falam espanhol no centro.

A enfermeira disse que as mulheres detidas lhe disseram que não entendiam totalmente por que precisavam fazer uma histerectomia – uma operação que envolve a remoção total ou parcial do útero.

Ela afirmou que mulheres que reclamavam de períodos menstruais intensos ou que pediam por anticoncepcionais eram enviadas a ginecologistas fora da prisão e que algumas delas eram submetidas a histerectomias, apesar de muitas não entenderem bem o procedimento.

“Ninguém explicou a elas”, disse Wooten. Segundo a enfermeira, embora o procedimento às vezes seja indicado, “não é comum que todos os úteros estejam ruins”, em referência ao alto número de cirurgias.

O pedido de investigação foi reforçado pela presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a democrata Nancy Pelosi. “Se isso for verdade, as terríveis condições descritas pela queixa da denunciante, incluindo alegações de que mulheres migrantes vulneráveis foram submetidas a histerectomias em massa, constituem um abuso avassalador dos direitos humanos”, disse Pelosi.

Protesto em-frente ao centro de detenção em Irwin, Georgia após denúncias. Foto: Jeff-Amy-AP.

Negligência pela Covid-19

A denúncia também alega “negligência médica chocante” durante a pandemia do coronavírus, incluindo a recusa em testar os sintomas dos detidos e falsificar registros médicos.

“Eu me tornei uma denunciante, agora sou um alvo”, disse Wooten em uma entrevista coletiva na terça-feira. Mas, “Serei um alvo a qualquer momento”, disse ela, em vez de permanecer parte do que chamou de um sistema “desumano”.

Falando a repórteres, a Sra. Wooten alegou má conduta grave no centro com respeito às precauções da Covid-19, e disse que foi rebaixada após protestar contra as condições e ficar em casa enquanto estava sintomática.

Resposta do ICE

O Project South, o Georgia Detention Watch, a Georgia Latino Alliance for Human Rights e a South Georgia Immigrant Support Network apresentaram a queixa em nome dos imigrantes detidos e da Sra. Wooten ao  Departamento de Segurança Interna (DHS), que é responsável pelo ICE. De acordo com os ativistas, há entre 500 e 800 pessoas no centro atualmente, onde a capacidade de leitos é de 1.200.

Em declarações divulgadas na segunda-feira, o ICE disse que estava levando as acusações a sério e que estava “firmemente comprometido com a segurança e o bem-estar de todos os que estão sob sua custódia”, mas negou que tenha havido tantos procedimentos do tipo. 

A diretora médica do Serviço de Alfândegas e Imigração (ICE) dos EUA, Ada Rivera, negou irregularidades e disse que o centro na Geórgia só fez dois procedimentos do tipo desde 2018, sempre com aprovação após exames.

A agência disse à BBC que “alegações anônimas e não comprovadas, feitas sem quaisquer detalhes verificados pelos fatos, devem ser tratadas com o ceticismo apropriado que merecem”.

Em resposta às alegações sobre a segurança da Covid-19, um porta-voz do ICE disse que “os epidemiologistas do ICE têm rastreado o surto, atualizando regularmente os protocolos de prevenção e controle de infecção e emitindo orientações para a equipe do ICE Health Service Corps (IHSC) para a triagem e gerenciamento de exposição potencial entre os detidos. ” Com informações da BBC. 

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Fonte: Gazeta News