Entrevista: Didi Wagner fala de seus achados em Israel

Didi Wagner, como ela mesma se descreve, é apresentadora e apaixonada por música e viagens. Sua história como comunicadora é longa: já trabalhou na MTV, onde chegou a ser VJ, tem um canal no YouTube e o seu próprio programa no Multishow, o Lugar Incomum – que apresenta desde 2006. Por meio do programa, ela busca conhecer mais a fundo um destino e, ao longo dos anos, já gravou em Nova York, Espanha, Turquia, República Tcheca, Japão, Tailândia e outros tantos lugares.

Na mais recente temporada, que estreou no dia 15 de abril, o destino da vez foi Israel. Em sua terceira visita, Didi percorreu o país por 18 dias e aproveita para compartilhar com a VT algumas de suas experiências e dicas israelenses.

No programa, você menciona que já foi para Israel em outras duas ocasiões, em 1998 e 2016. O que mudou nesse intervalo de dez anos? E o que continua o mesmo?

Muita coisa mudou em Israel da primeira vez que fui para lá, em 1998, para a terceira vez, em 2018. São 20 anos em que o país se desenvolveu, melhorou sua infraestrutura, se firmou como pólo de inovação tecnológica e como a única democracia do Oriente Médio. O maior impacto que eu senti foi em Tel Aviv, onde arranha-céus com projetos arquitetônicos arrojados, grandes centros comerciais e uma urbanização bem pensada vêm transformando a cidade, ano após ano. O deserto de Neguev, de uma região praticamente inabitada e esquecida, está se firmando como um importante ponto turístico e com isso, está vendo surgir por ali novos hotéis e interessantes sugestões de passeios e atividades.

Por outro lado, algumas coisas em Israel permaneceram as mesmas nesses últimos 20 anos. Entre elas, a cidade velha de Jerusalém. Andar por ali é voltar a tempos bíblicos, e Israel soube manter bem preservada a aura histórica da cidade.

Outra coisa que, infelizmente, não avançou nestes últimos 20 anos foi a questão do conflito Israel – Palestina. Mas continuo nutrindo a esperança de que em um futuro breve, essa questão seja solucionada.

Você, como apresentadora e viajante, já visitou diversos destinos. O que faz Israel um lugar único? Como o fato de ter uma identidade judaica impacta a experiência?

Em tantos anos como apresentadora do Lugar Incomum, tive a oportunidade de gravar em cidades que eu já conhecia e com as quais sempre mantive uma relação mais próxima – como por exemplo Paris, onde minha mãe nasceu e morou na primeira infância – como também em lugares que visitei pela primeira vez graças ao programa.

No caso de Israel, eu nutro um carinho especial pelo país, muito por conta da minha identidade judaica. Mas não só por isso. Israel apresenta contrastes muito interessantes: um país tão pequeno em área e tão grande em número de acontecimentos bíblicos; quantidade enorme de povos, etnias e religiões que coabitam em um mesmo território; e número de conquistas tecnológicas – entre tantos outros dados únicos.

As paisagens são distintas e encantadoras. De cidades litorâneas e desenvolvidas, como Tel Aviv, ao ambiente inóspito mas visualmente impactante do deserto do Neguev. Do visual peculiar do Mar Morto às ruelas de pedras de Jerusalém. Mas acima de tudo, o que mais me chamou atenção durante as gravações do Lugar Incomum Israel foram as pessoas que conheci e entrevistei. No geral, gente de mentalidade aberta, carismática e com vontade de fazer acontecer.

Didi no Mar Morto

Didi no Mar Morto (Didi Wagner/Arquivo pessoal)

Qual cidade ou região você acredita ser indispensável conhecer em uma viagem à Israel?

Difícil escolher apenas um lugar. Depende muito da vontade específica de cada pessoa. Obviamente que, para aqueles que são mais ligados a fé e religião, Jerusalém é ponto obrigatório. É realmente um privilégio visitar tantos pontos importantes para as fés cristã, judaica e muçulmana.

Mas, sob o meu ponto de vista, indispensável mesmo é visitar Tel Aviv, especialmente no verão. A maior cidade israelense tem praias banhadas pelo Mar Mediterrâneo, onde todo mundo se reúne para caminhar pela areia ou calçadão, jogar matkot (a nossa “raquetinha”), comer melancia com queijo feta (tradicional lanche israelense) ou simplesmente curtir o sol e o mar. Ao mesmo tempo que Tel Aviv tem essa vibe praiana, também é possível encontrar ali uma cena urbana super interessante e agitada. Os bairros de Neve Tzedek e Florentin têm restaurantes deliciosos, lojas charmosas e muita gente interessante passeando por suas ruas. Tel Aviv é moderna, atual e super cosmopolita. Recomendo!

Qual foi o lugar mais incomum que descobriu por Israel?

Gostei muito de conhecer Acre (Akko), cidade da região da Galiléia, ao norte de Israel. Acre fica à beira do Mar Mediterrâneo e é um importante sítio arqueológico – tanto é que foi tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Lá é possível ver ruínas que datam da época das Cruzadas até resquícios da dominação turco-otomana. Apesar da sua importância histórica, Acre ainda preserva um clima de cidade pequena e autêntica, e não deixou que os pontos turísticos comprometessem essa realidade.

Cidade de Acre (Akko)

Cidade de Acre (Akko) (Thomas Leirikh/Getty Images)

Se fosse escolher uma comida israelense para comer todos os dias, qual seria? E qual é o melhor lugar para experimentá-la?

O café da manhã israelense é um verdadeiro banquete. É um costume daquela região tomar um café da manhã reforçado e diversificado. Os pratos têm forte influência da culinária mediterrânea e árabe. Um buffet tradicional de café da manhã israelense oferece vários tipos de salada – entre elas, a israelense (salada de tomate e pepino cortados em cubos pequenos); diversos tipos de queijos; muitas opções de pães e diferentes pastas – claro que o hummus tem presença obrigatória.

Para alguém como eu, que adora o ritual de tomar café da manhã, não tem nada melhor do que a versão israelense da refeição!  

Qual o tempo ideal de uma viagem para Israel?

Eu diria que uma viagem para Israel deve ter no mínimo 7 dias de duração. Até porque a diferença de fuso horário acaba atrapalhando um pouco a adaptação nos primeiros dias de viagem. Israel tem pontos interessantes a serem visitados de norte a sul e de leste a oeste. A vantagem é que o país é pequeno e as estradas no geral são boas, então o deslocamento entre um lugar e outro leva pouco tempo.

Como pessoa que já visitou o país três vezes, que dica daria para viajantes de primeira viagem?

Eu diria para ter um pouco de paciência com os israelenses. Muitas vezes o contato inicial com o israelense pode ser um pouco difícil, já que ele fala de forma muito direta e meio bruta. Não à toa o apelido dado aos israelenses é “sabra”, fruta que nasce em cactus do deserto e é cheia de espinhos por fora e doce por dentro. Muitas vezes, em um primeiro contato, ele pode parecer um pouco “bronco”, mas é só quebrar o gelo, que ele se mostra acessível e doce como a sabra.

Você acredita que certos turistas têm percepções erradas de Israel sem conhecer de perto? O que diria para eles?

Claro que sim. A imagem de Israel na mídia é bastante comprometida, porque a maioria das notícias publicadas sobre o país fala apenas sobre a questão do conflito Israel – Palestina. O conflito existe, é uma situação complexa e que merece atenção. Mas obviamente que a realidade em Israel vai muito além desta situação geo-política mal resolvida.

Conversei com muitos brasileiros que visitaram Israel e todos foram unânimes em dizer que se sentiram seguros por lá. E, de fato, com a exceção de zonas próximas às regiões de conflito, Israel é um país seguro e os turistas se sentem bem acolhidos por lá.

Outra percepção errônea é aquela que associa Israel apenas ao turismo religioso. Para quebrar essa impressão, basta lembrar que Israel tem a maior parada gay do Oriente Médio. Outra boa pedida é passar uma noite ou duas em Tel Aviv, e conhecer uma de suas inúmeras opções de bares e boates. A cena noturna em Tel Aviv é animada, moderna e bastante arrojada. Eu adorei!

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Fonte: Viagem e Turismo