EUA devem intensificar deportações de requerentes de asilo na fronteira com o México

Donald Trump pretende endurecer, mais uma vez, a política migratória após aumento no número de imigrantes ilegais detidos na fronteira com o México.

Os Estados Unidos querem enviar de volta ao México requerentes de asilo em velocidade quase cinco vezes maior, informou um oficial do governo norte-americano à agência Associated Press neste sábado (30). Atualmente, cerca de 60 imigrantes em busca de asilo são devolvidos ao México por dia, em média. O governo dos EUA, porém, espera elevar essa taxa para 300 deportações diárias até o fim da próxima semana, segundo a AP.

Pedestres entram nos Estados Unidos pelo México no posto de El Paso, no Texas — Foto: Gerald Herbert/AP Photo

Os requerentes de asilo, geralmente, têm direito a entrar nos EUA durante o processo para obter essa condição. Porém, a fila para análise desses casos chega a 700 mil imigrantes, e, portanto, os imigrantes aguardam anos até sair a decisão. Com a demora, autoridades de fronteira norte-americanas acusam imigrantes ilegais de abusarem do direito em pedir asilo com justificativas falsas. Assim, essas pessoas conseguem viver durante anos no território norte-americano.

Trump quer fechar fronteira

Caso se confirme essa aceleração, ela entrará em meio a um novo endurecimento da política migratória pelo presidente Donald Trump. Na sexta-feira, o republicano ameaçou fechar a fronteira do México – ou grande parte dela – se o governo mexicano “não parar imediatamente toda a imigração ilegal vinda para os Estados Unidos”. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, minimizou a declaração de Trump em entrevista coletiva neste sábado. “Queremos ter uma boa relação com os EUA, não vamos polemizar”, disse o mexicano. “Pensamos que temos de solucionar o problema do fenômeno migratório atendendo às causas: com crescimento, com emprego e bem-estar”, declarou López Obrador.

Pedestres pedem carona para entrar nos EUA pela fronteira com o México — Foto: Gerald Herbert/Reuters

Em seguida, Trump voltou a escrever no Twitter que pretende fechar a fronteira com o México. No entanto, ele suavizou o recado ao governo do país vizinho ao elogiar a legislação local. “O México deve usar suas fortíssimas leis de imigração para impedir as milhares de pessoas que tentam chegar aos EUA. Nossas áreas de detenção estão lotadas, e nós não vamos mais aceitar [imigrantes] ilegais”, tuitou o presidente norte-americano.

Migrantes da América Central

Ainda de acordo com a AP, a maioria dos imigrantes que pedem asilo nos EUA após terem entrado ilegalmente no país não são mexicanos, e sim, guatemaltecos e hondurenhos que conseguiram atravessar o México. Por isso, diz a agência, não é tão simples remover essas pessoas. Por causa da fronteira física, as autoridades norte-americanas podem enviar de volta ao México com menor burocracia. No caso de migrantes de Guatemala e Honduras, o processo demora mais.

Hondurenhos se reúnem em San Pedro Sula, em Honduras, para partir em caravana em direção aos EUA, em foto de janeiro — Foto: Jorge Cabrera/Reuters

Dados do departamento de Segurança Nacional mostram que o número de apreensões de imigrantes ilegais chegou ao maior índice em 12 anos. Muitos deles se deixam ser capturados pelos guardas de fronteira para, aí, alegar que são requerentes de asilo – e entrar no longo processo até que o governo dos EUA aceite ou não conceder essa condição. Desde ano passado, uma série de caravanas de migrantes de países da América Central desafiam o governo de Donald Trump. As pessoas que tentam entrar nos Estados Unidos relatam sofrer ameaças e falta de acesso a condições básicas de qualidade de vida.

Mulher puxa crianças para longe do gás lacrimogêneo atirado para dispersar migrantes de uma caravana da América Central em Tijuana, diante do muro que separa o México do território americano, no dia 25 de novembro — Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters

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Fonte: Brazilian Press