Muitas vezes feitas às pressas, malas de mão requerem tanto planejamento quanto as despachadas em viagens de avião. São elas que podem salvar o viajante em uma emergência durante o voo.
Segundo a organizadora Ingrid Lisboa, que dá cursos sobre como arrumar malas, a bagagem de mão não deve ser pensada como um volume para colocar tudo aquilo que não coube na principal ou num espaço extra para as compras, e sim como uma unidade independente.
“Pense em tudo o que você precisaria para passar as 24 horas seguintes à sua chegada e coloque nela”, afirma.
Uma muda de roupa compatível com o clima do destino, por exemplo, é essencial para que o turista se organize em caso de extravio.
“Considero essencial levar três roupas íntimas, duas camisetas, um pijama e uma calça ou saia”, lista a também organizadora Juliana Faria. Tecidos que não amassem, sejam leves e ocupem pouco espaço são os mais indicados.
Ainda devem ser colocados ali telefones do consulado brasileiro no destino, da operadora do cartão de crédito, carregador para celular, capa de chuva ou guarda-chuva, caneta e remédios, que podem ser úteis em emergências.
De preferência, tudo separado em diferentes saquinhos: roupas num canto, carregadores no outro, papéis em outro. “Se você abrir a mala, tem que conseguir visualizar tudo”, afirma Juliana.
Documentos, por sua vez, devem ser colocados numa bolsa à parte, da qual o viajante não deve se separar. “Nem sempre você consegue colocar sua mala no compartimento acima da poltrona. Se seu grupo demorou para embarcar, você vai ter que colocar a mala longe e perde o controle. É importante ficar de olho”, diz Ingrid. Ela costuma levar uma bolsa esportiva, do tipo que se leva para academia, para deixar no chão, à sua frente.
Os documentos também podem ir em carteiras específicas para viagem, com compartimento para colocar o passaporte e as passagens.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) recomenda que objetos de valor não sejam despachados. O computador, portanto, vai na mão. Não é necessário colocá-lo numa mochila à parte, mas, como é preciso tirá-lo da mala para passar pelo raio-X, o equipamento deve ser guardado num lugar que facilite a retirada.
“Tem gente que envolve em um monte de roupa, isso dificulta”, afirma Ingrid.
Itens como objetos pontiagudos ou cortantes, substâncias inflamáveis, tóxicas ou explosivas não podem ir na bagagem —a lista completa está disponível no site da Anac.
Em voos internacionais, líquidos só podem ser transportados em frascos plásticos transparentes com capacidade de até 100 ml. O viajante pode encontrar recipientes próprios para essa finalidade em farmácias.
Medicamentos com receita, comidas de bebê e líquidos de dietas especiais podem ser levados em quantidades maiores, mas devem ser apresentados aos funcionários durante a inspeção de segurança.
Desde 2017, cada companhia aérea pode definir as dimensões que aceita para bagagens de mão. A reportagem consultou oito delas e os números são próximos de 55 cm de altura, 40 cm de comprimento e 25 cm de largura em todas —é importante, porém, checar antes da viagem.
Em relação ao peso, todas as empresas devem aceitar que cada passageiro leve até 10 kg consigo sem necessidade de pagar taxa extra. A British Airways, por exemplo, permite que se leve até 23 kg na cabine, mas o viajante deve ser capaz de guardar a própria mala. Em voos movimentados, pode ser que a bagagem seja despachada sem custo.
Malas de rodinha facilitam o transporte, principalmente em viagens com conexão, em que o turista precise andar bastante por aeroportos. Mas Ingrid Lisboa ressalta que, por serem maiores, são as primeiras despachadas em voos mais cheios. “E mesmo o tamanho vendido como pequeno às vezes é grande para ir na cabine. Não é porque a mala é vendida como ‘de mão’ que ela cabe.”
“O material também é importante. Se for de couro, pesa mais, e há modelos com muita ferragem”, diz Ingrid. As rígidas, embora facilitem a organização, também podem ser mais difíceis de carregar.
Para Juliana Faria, aquelas feitas de tecido são uma boa opção. “Como é a gente mesmo que vai manusear, não corre o risco de jogarem a mala numa esteira e ela rasgar”, afirma. “A escolha deve ser pelo tipo mais leve.”
Fonte: Folha de S.Paulo