
Conhecer outra cultura sozinho, no seu ritmo e com o orçamento de sua escolha pode ser uma aventura compensadora. E há quem talvez se preocupe com a segurança ou com o período de solidão em um local desconhecido e nada familiar.
Apesar da situação, os aspirantes a viagens solo sabem que não estarão sozinhos o tempo todo. Há comunidades locais com as quais é possível interagir, além de outros turistas em situação semelhante.
Relatório publicado em 2016 pela Phocuswright, empresa que faz pesquisas sobre viagens, constatou que 72% dos hóspedes de hostels nos Estados Unidos estavam sozinhos.
O Airbnb registrou dados semelhantes. Cidades como Ho Chi Minh (Vietnã), Colônia (Alemanha) e Joanesburgo (África do Sul) tiveram mais de 130% de alta em reservas para viagens individuais na plataforma em 2016.
Com o aumento de popularidade nesse segmento, há opções para interagir com outros visitantes —é tudo uma questão de se colocar na posição certa para isso.
Airbnb oferece experiências organizadas por locais
A plataforma é mais conhecida pela hospedagem, mas também quer oferecer programas nos destinos.
O Airbnb Experiences, lançado em 2016, conecta viajantes e guias locais, que os levam para atividades variadas, de excursões a visitas a bares e aulas de artesanato.
Qual é o atrativo? A ferramenta pode ser uma maneira divertida de se misturar com outros turistas e, ao mesmo tempo, conseguir dicas de moradores bem informados.
O preço dessas experiências, no geral, inclui custos como transporte, comida, bebida e equipamento. As páginas de reserva na plataforma têm informações sobre o guia e quais itens ele fornecerá para o passeio, além de avisos sobre o que o usuário terá de levar consigo para atividades específicas, como roupas ou dinheiro adicional (para presentes, por exemplo).
Na hora de reservar, é preciso exercitar a mesma cautela envolvida na escolha de acomodações.
Leia a descrição completa da atividade e preste atenção nas resenhas e avaliações (o Airbnb tem ícones parecidos com pequenos troféus visíveis nas páginas, caso a experiência tenha recebido classificação cinco estrelas de determinado número de pessoas).
Se o viajante tiver dúvidas, o Airbnb o coloca em contato com o organizador, por meio de seu serviço de mensagens, mesmo que o passeio não tenha sido reservado.
Aplicativos conectam turistas com interesses similares
Para quem prefere se conectar diretamente com outros viajantes, há diversos aplicativos projetados para uso específico em viagens.
O Travello, disponível gratuitamente para o iOS e Android, permite localizar outros turistas nas proximidades, planejar itinerários conjuntos e entrar em grupos que tenham interesses semelhantes. Também é possível postar fotos e outras atualizações.
O Tourlina, também disponível gratuitamente para o iOS e Android, é exclusivo para mulheres e funciona de modo bem semelhante a um aplicativo de encontros: a usuária seleciona potenciais companheiros de viagem com base em itinerários ou agendas.
As mulheres também podem usar o recurso BFF, do aplicativo de encontros Bumble, para identificar companhias no destino.
Como qualquer outro primeiro encontro marcado pelas mídias sociais, é preciso ter cuidado na hora de encontrar a pessoa na vida real.
O Travello tem um recurso de bloqueio e denúncia, caso alguma interação seja inapropriada, e as queixas podem resultar em exclusão imediata da plataforma.
Hostels facilitam contato entre hóspedes
Em um mundo cheio de hotéis hospitaleiros e acomodações autênticas no Airbnb, por que alguém ficaria em um hostel?
Há dois motivos: os hostels são baratos e facilitam a interação. Há dormitórios em estilo universitário, com salas e cozinhas coletivas, e às vezes um bar ou café.
É um ambiente ideal para conhecer outros viajantes, e as equipes dos estabelecimentos estão cientes disso —alguns de seus membros organizam excursões pela cidade ou visitas a bares, para incentivar o convívio entre os viajantes. Outros promovem noitadas de jogos, nas áreas comuns dos hostels, ou jantares.
Os sites mais populares para reservas incluem hostelworld.com, hostelz.com, hostels.com e hostelbookers.com.
Todos eles oferecem resenhas e informações detalhadas sobre a estrutura e a localização. Os viajantes solo novatos podem considerar ficar perto do centro da cidade, uma opção mais conveniente e segura.
Na hora de pesquisar, é preciso prestar atenção naqueles hostels que facilitam as atividades e, ao mesmo tempo, promovem a segurança individual. As mulheres, por exemplo, podem escolher ficar em alojamentos femininos.
Os hostels talvez representem uma forma essencial de viagem para os jovens, mas é possível encontrar hóspedes de todas as idades e formações nesses lugares.
E embora a imagem do mochileiro solitário saltando de hostel em hostel perdure há décadas, os dados sugerem que essa tendência está se tornando mais popular.
Tradução de Paulo Migliacci
Fonte: Folha de S.Paulo