Complexo de ilhas paradisíacas na Indonésia vai a leilão; FOTOS

Widi Reserve fica em uma zona protegida pela marinha indonésia — Foto: Sotheby’s/ Divulgação

Um complexo com cerca de 100 ilhas tropicais e paradisíacas na Indonésia será leiloado para transformar parte da área em um resort de luxo sustentável.

O leilão dos direitos de desenvolvimento levantou preocupações entre ambientalistas, que dizem que a iniciativa pode ameaçar a região e comunidades locais.

A proposta descrita como Widi Reserve fica em uma zona protegida pela Marinha indonésia, no “Triângulo de Coral”, ao leste do país.

A área é inabitada e está espalhada por 10 mil hectares (equivalente a 10 campos de futebol) com 150 quilômetros de praias (veja mapa abaixo).

Mapa mostra onde está localizado o arquipélogo — Foto: Sotheby’s/ Divulgação

Como a venda de ilhas para estrangeiros é proibida pela lei do país, os compradores irão fazer ofertas pela empresa PT Leadership Islands Indonesia, que detém os direitos de exploração exclusivos.

O leilão das ações será realizado pela Sotheby’s Concierge em Nova York (EUA), a partir do dia 8 dezembro.

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Ilhas serão leiloadas a partir de 8 de dezembro — Foto: Sotheby’s/ Divulgação

A empresa não indica o valor inicial do leilão, mas os interessados são obrigados a fazer um depósito de US$ 100 mil (cerca de R$ 530 mil) para poderem participar do certame.

“A Widi Reserve requer, com razão, um parceiro importante que possa ajudar a executar a visão de se tornar um dos destinos de viagem de luxo mais sustentáveis, de baixo impacto ambiental e conscienciosos do mundo”, diz o vice-presidente executivo da Ásia-Pacífico da Sotheby’s Concierge Auctions, Zachary Wright, na página da empresa.

O objetivo da PT Leadership é inaugurar resorts e residências de luxo ecológicas na região (veja projeto abaixo).

Projeto com instalações de luxo proposto para instalação no arquipélago — Foto: Sotheby’s/ Divulgação

Nos planos da empresa estão a construção de uma pista de pouso para receber os visitantes que venham de Bali e Jacarta.

“Todo bilionário pode possuir uma ilha particular, mas apenas um pode possuir esta oportunidade exclusiva espalhada por mais de 100 ilhas”, disse, ao jornal britânico The Guardian, o vice-presidente executivo da Sotheby’s, Charlie Smith.

No entanto, o porta-voz do ministro-coordenador de Assuntos Marítimos e Investimentos, Jodi Mahardi, afirmou em um comunicado oficial que ninguém será proprietário das ilhas, como citado pelo porta-voz.

“Os interessados em gerir, e não em possuir, pequenas áreas insulares devem obter autorização do governo. Se houver violação de disposições estatutárias, sanções poderão ser impostas”, afirmou.

Arquipélago rico em biodiversidade

Os direitos de desenvolvimento do arquipélago geraram preocupações com o impacto ambiental no que foi descrito pela Sotheby’s como “um dos ecossistemas de atóis de coral mais intactos que restam na Terra”.

Conhecido como uma das partes mais intocadas do mundo está espalhada por 10 mil hectares — Foto: Sotheby’s/ Divulgação

Ambientalistas dizem que o desenvolvimento pode isolar as comunidades locais e ameaçar florestas tropicais, manguezais, lagoas, lagos e recifes de corais que abrigam uma vasta vida marinha.

Segundo o jornal britânico The Guardian, o coordenador nacional da Destructive Fishing Watch Indonesia, Mohamad Abdi Suhufan, pediu uma investigação ao governo da Indonésia sobre a venda, que, segundo ele, causou “controvérsia e chamou a atenção do público indonésio”.

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Mais de 100 ilhas estão no “Triângulo Coral” do leste da Indonésia — Foto: Sotheby’s/ Divulgação

A empresa afirma ter um plano para os moradores e de preservação do meio ambiente.

“A comunidade local, sediada no continente, irá se beneficiar significativamente da formação de competências e de uma vasta gama de oportunidades de emprego. Alguns se tornarão guardas florestais e se juntarão a uma equipe internacional de especialistas em conservação para ajudar a proteger esse incrível habitat oceânico”.

No entanto, Suhufan explicou ao jornal que, embora tenha o planejamento sustentável, a propriedade privada das ilhas “impactaria a comunidade local social e economicamente”.

Compradores em potencial também podem agendar exibições virtuais privadas antes do leilão — Foto: Sotheby’s/ Divulgação

O ambientalista indonésio Iwan Sofiawan também fez questionamentos sobre o uso da área.

“Como garantir que essas ilhas não serão exploradas para atividades turísticas? E como será o acesso para as comunidades locais depois que as ilhas se tornarem propriedade privada?”, disse ao Guardian.

Na página da casa de leilões, consta que o plano da empresa envolve os limites para utilizar a área de floresta do arquipélago.

“Todos os edifícios devem ser semipermanentes ou não permanentes, caber dentro da área de utilização designada e estar dentro dos limites máximos permitidos de área de cobertura que atinge menos de 1% do terreno e 0,005% da reserva”.

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Fonte: G1