Vai viajar? Passagens para o exterior ainda estão até 28% mais baratas que em 2019, mas voos domésticos subiram

Movimentação de passageiros no saguão do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos, em imagem de arquivo. — Foto: NELSON ANTOINE/ESTADÃO CONTEÚDO

Com o avanço da vacinação contra o coronavírus e suspensão das restrições à entrada de turistas estrangeiros em diversos países, aumentou a procura por passagens aéreas internacionais, mas os preços médios de voos para vários dos destinos mais procurados ainda estão mais baratos que em 2019, antes do início do abalo provocado pela Covid-19 no setor aéreo e no turismo global. É o que mostra levantamento do buscador de viagens Kayak.

De acordo com a pesquisa, mesmo com a demanda subindo, para alguns destinos como Estados Unidos, Espanha e França estão mais de 20% mais baixos do que os cobrados no final de 2019.

Entre os 10 destinos mais buscados no final de setembro, o que apresenta a maior queda de preço na comparação com o período pré-pandemia é Orlando, com um decréscimo de 28%, seguido por Madri (22%) e Paris (21%). Veja quadro abaixo:

Preços para destinos internacionais mais procurados — Foto: Economia G1

O levantamento considera as buscas realizadas entre os dias 20 e 30 de setembro para viagens com ida e volta entre novembro e dezembro, e compara os preços atuais em reais com os que eram praticados no final de setembro de 2019, já que em 2020 o setor aéreo ficou praticamente paralisado, com várias rotas suspensas.

Por ora, os preços das passagens seguem mais em conta do que os praticados no período pré-pandemia mesmo com a disparada do dólar. Em setembro de 2019, o dólar comercial estava cotado em cerca de R$ 4,15, bem abaixo do patamar atual na casa de R$ 5,40.

“A gente nota um crescimento gradativo no volume de buscas”, afirma Gustavo Vedovato, country manager (gerente nacional) do Kayak no Brasil. “As pessoas vão comprando mais passagens, vai tendo menos disponibilidade de assentos, então a tendência é que os preços aumentem”, avalia.

Países mais buscados

Os dados do Kayak mostram que as buscas de voo para os EUA subiram mais de 300% nas últimas semanas, após o anúncio de reabertura das fronteiras a partir de novembro para viajantes totalmente vacinados contra a Covid-19.

No final de setembro, o destino mais procurado passou a ser Montevidéu, impulsionado pela final da Copa Libertadores entre Palmeiras e Flamengo, marcada para o dia 27 de novembro.

Outros destinos com crescimento exponencial em buscas por passagens aéreas nos últimos meses foram Espanha, Alemanha e Portugal – que também anunciaram há pouco tempo a retirada de restrições para estrangeiros vacinados.

Segundo o buscador de passagens aéreas, cerca de 120 países já abriram suas fronteiras para viajantes vindos do Brasil.

Voos domésticos mais caros

Já os preços dos voos domésticos já superaram os do período pré-pandemia. De acordo com o levantamento, dos 10 destinos nacionais mais procurados, apenas os voos para o Rio de Janeiro e Recife ainda possuem valores médios menores do que os que eram anunciados em 2019.

As passagens para São Paulo estão em média 7% mais caras atualmente, na comparação com o mesmo período de 2019. As maiores altas de preços médios ocorreram nos voos para Porto Alegre (29%) e para Porto Seguro (25%). Veja quadro abaixo:

Preços para destinos nacionais mais procurados — Foto: Economia G1

Segundo Vedovato, os saltos nos preços refletem os movimentos de oferta e demanda e de retomada do setor.

“Muitas companhias ainda não tem todos os aviões que eles trabalhavam anteriormente. Os voos domésticos foram os que tiveram os maiores crescimentos de buscas. Então a gente vê alguns destinos com preços mais altos justamente pela questão de oferta e demanda”, afirma o executivo, destacando que boa parte dos turistas seguem trocando viagens internacionais por destinos dentro do país.

Compra antecipada garante preços melhores

Um outro levantamento divulgado recentemente pelo Kayak mostrou que passagens aéreas para o exterior podem sair até 47% mais baratas para compras feitas com mais de 3 meses de antecedência. Já para voos domésticos, a média de preços chega a ser 58% menor para compras feitas com pouco mais de um mês.

“O que a gente nota é que se as pessoas comprarem com antecedência e se planejarem melhor, elas conseguem fazer melhores negócios”, afirma Vedovato, acrescentando que a tendência é que os preços continuem aumentando em razão do aumento da procura.

Dados do IBGE também apontam para uma acelerada na inflação das passagens aéreas. Os preços médios subiram 28,76% em setembro, após terem registrado queda de 10,90% em agosto, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15).

Setor avalia que 2022 ainda será de baixa demanda

De acordo com os últimos números divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no Brasil os indicadores do transporte aéreo ainda permanecem cerca de 20% abaixo dos níveis de 2019.

No mês de agosto, o mercado doméstico brasileiro transportou 5,5 milhões de passageiros nos terminais pelo país, número 30% inferior do que foi registrado no mesmo mês de 2019.

Em 2022, a recuperação ainda será um desafio ao setor, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). Segundo as novas estimativas da entidade, a demanda global por viagens aéreas (medida em receita por passageiro por quilômetro) ainda será no ano que vem 61% do patamar pré-pandemia. Já no mercado doméstico a perspectiva é de que a demanda represente 93% do registrado no período pré-crise até o final de 2022.

Diante das projeções ainda desafiadores, a Iata estima que o prejuízo das aéreas deverá atingir US$ 11,6 bilhões em 2022, contra uma perda de US$ 51,8 bilhões em 2021. A perda líquida em 2020 foi estimada em US$ 137,7 bilhões.

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Fonte: G1