Estrategicamente posicionada em cima das pedras e debruçada sobre as águas revoltas de cor esmeralda, frequentemente pontilhadas de surfistas. Eventualmente as ondas mais fortes podem invadir a área para compor o visual. A referência é inevitável. Fica num dos cantos da linda Praia Grande, uma baía cercada de imponentes falésias a cerca de 12 quilômetros de Sintra, a Bondi portuguesa (uma referência à famosa piscina da praia homônima de Sydney, na Austrália, dona do título de mais fotografada do mundo): uma piscina oceânica gigante, dona de um visual arrebatador. Com duas diferenças – primeiro, ela tem o dobro do tamanho da sua musa inspiradora australiana (são infindáveis 100 metros de comprimento, simplesmente o dobro); segundo, ela vem com um hotel acoplado. Ou seja: a modalidade aqui é piscina para dormir.
Construída nos anos 1960, a piscina do Arribas Sintra Hotel tem o comprimento de duas piscinas olímpicas enfileiradas e mais de 30 metros de largura. Capaz de comportar mais de 6 milhões de litros de água (salgada, do mar), tem uma profundidade que varia de 0,80 a 3,95 metros e dois trampolins a exatos 3,10 metros. Aberta geralmente de abril ou maio até setembro, a temperatura da água gira entre os 19º e os 24ºC (sim, isso pode ser petrificante para os nossos padrões). Este ano, sua inauguração foi esta semana.
É possível frequentar a Bondi portuguesa, uma das maiores piscinas oceânicas da Europa, mesmo sem ser hóspede do hotel (os valores variam de € 6 a € 14,50 para adultos nos meses de abril a junho e setembro e de € 9 a € 18 em julho e agosto, dependendo dos turnos escolhidos), mas se hospedar no Arribas Sintra Hotel é uma experiência quase kitsch e quase imperdível.
Para começar, o hotel consegue um feito raríssimo em Portugal: estar realmente pé na areia. Depois, todos os quartos têm vista para o mar e varanda debruçada sobre a piscina – de noite, o barulho das ondas é um delicioso escândalo. Por fim, todo o clima lembra os balneários e clubes dos anos 1980, no melhor astral decadence avec elegance. Talvez eu esteja romantizando, não sei. Mas quando tive a oportunidade de sair de cena durante 4 dias assim que o master lockdown acabou, no comecinho de abril, foi para lá que eu fui e a sensação foi a de estar fazendo uma viagem datada aos meus tempos de infância, com direito a picolé da Kibon (ops, Olá) na varanda. A melhor prova de que está tudo meio fora de contexto? As diárias estão custando € 60 com direito a café da manhã no quarto.
Anote ai: a Praia Grande, a piscina e o hotel podem ser uma escapada a partir de Lisboa, mas é um desperdício; vale ir com calma. Uma vez lá, há três restaurantes imperdíveis: o Bar do Fundo (do qual já falei neste post aqui); o Nortada, onde provei um polvo espetacular com uma vista mais ainda; e a pizzaria Souldough, na ultra hipster Aldeia da Praia, um lugar que reúne glamping, cervejaria artesanal, hamburgueria e as famosas pizzas de massa artesanal e fermentação natural assadas em forno a lenha, para comer em grandes mesas de madeira (coletivas antes da COVID) debaixo de luzinhas de arraial.
Fonte: Viagem e Turismo