Proud Boys: quem são os extremistas apoiadores de Trump julgados por invasão do Capitólio

Manifestantes pró-Trump dentro do Congresso

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Cinco pessoas morreram durante a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021

Líderes do grupo extremista Proud Boys estão sendo julgados desde segunda-feira (19/12) por sua suposta participação na invasão ao Capitólio, que tentou impedir que o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assumisse o cargo em 6 de janeiro de 2021.

Segundo a acusação, o grupo participou de motim, quando uma multidão de apoiadores do então presidente Donald Trump entrou na sede do Congresso americano.

Fundado em 2016 pelo militante canadense-britânico Gavin McInnes, o Proud Boys é um grupo de extrema direita, anti-imigrantes e exclusivamente masculino, com histórico de violência nas ruas contra oponentes de esquerda.

Cinco líderes do Proud Boys serão julgados pela Justiça americana: Enrique Tarrio, Ethan Nordean, Joseph Biggs, Dominic Pezzola e Zachary Rehl.

A invasão ocorreu durante uma sessão do Congresso que confirmou a vitória de Biden nas eleições do ano anterior.

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Apoiadores de Trump tentaram impedir que Bidem assumisse o cargo de presidente

O atual presidente do Partido Democrata venceu Trump, mas apoiadores do republicano não aceitaram a derrota e invadiram o Capitólio. Três policiais e dois manifestantes morreram na insurreição.

Segundo os promotores federais responsáveis pela investigação, o quinteto participou e organizou o movimento que invadiu o prédio do Congresso.

De acordo com a emissora CNN, os promotores devem apresentar no julgamento testemunhos de outros membros do Proud Boys que confessaram participação no motim.

Conversas por mensagens de texto e publicações dos réus nas redes sociais também devem ser utilizados como provas de que eles participaram da organização da invasão.

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O ex-presidente Donald Trump na residência de Mar-a-Lago

Segundo o jornal The New York Times, os promotores poderiam acusar os réus por crimes mais simples, como invasão de propriedade, mas decidiram por acusações mais sérias, como sedição, a sublevação contra uma autoridade, que caracteriza uma rebelião, um motim.

Eles também teriam liderado e organizado um grupo que usou força para se opor a autoridades constituídas.

Os cinco militantes podem ser condenados a até 20 anos de prisão.

Os advogados dos ativistas alegam que eles estavam apenas protestando e não participaram da organização do motim.

O julgamento vai ocorrer em Washington, capital dos Estados Unidos e palco do protesto em apoio a Trump naquele dia.

Segundo uma reportagem da CNN, o réu Enrique Tarrio, de 38 anos, seria o principal líder do grupo extremista.

Ethan Nordean, 31, é um membro dos Proud Boys do Estado de Washington. Ele ficou famoso na extrema direita americana depois de um vídeo em que aparece agredindo um manifestante antifascista ter viralizado na internet.

Já Joseph Biggs, 38, é um veterano do Exército americano e liderava um núcleo do Proud Boys na Flórida. Biggs trabalhou como correspondente da Infowars, uma agência de extrema direita que divulga teorias da conspiração.

Zachary Rehl, 36, é ex-fuzileiro naval. E Domingos Pezzola, 44, era um dos líderes do grupo em Nova York.

Quem são os Proud Boys

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A icônica camisa polo preta com duplas de faixas amarelas na gola e nas mangas se tornou uma espécie de uniforme informal do grupo de extrema direita

O nome Proud Boys é uma referência a uma citação que aparece no musical Aladdin, da Disney.

Além das camisas polo da marca Fred Perry, os membros usam bonés vermelhos com a inscrição “Make America Great Again” (ou “Torne a América Grande Novamente”, lema de campanha de Donald Trump).

A plataforma dos Proud Boys inclui propostas como fechar fronteiras, dar armas para todos, acabar com politicas de bem-estar social e defender papéis tradicionais de gênero (como “venerar a dona de casa”). A maioria das teses também é defendida por Trump.

O grupo não é formado exclusivamente por homens brancos – mas, ainda assim, ganhou fama por confrontos políticos violentos, muitos deles contra ativistas negros.

Os Proud Boys e afiliados enfrentaram grupos antifascistas em diversos protestos violentos nos últimos dois anos, principalmente em Oregon, Washington e Nova York.

Facebook, Instagram, Twitter e YouTube baniram o grupo de suas plataformas. Assim, os membros migraram para redes sociais menos populares.

Os militantes também foram classificados pelo FBI em 2018 como “grupo extremista” e definidos como “grupo de ódio” pelo Southern Poverty Law Center, tradicional organização que mapeia intolerância nos EUA.

Fonte: BBC