Rússia x Ucrânia: qual o tamanho da escalada militar na fronteira?

  • David Brown
  • Da BBC News

ilustração com soldados russos

A Rússia deslocou cerca de 100 mil soldados — equipados com tudo, desde tanques e artilharia até munição e poder aéreo — para a fronteira da Ucrânia, mas nega que esteja planejando uma invasão.

Tropas em movimento

Cerca de 35 mil russos estão permanentemente estacionados perto do território ucraniano.

E na quarta-feira (26/1), o Ministério da Defesa russo divulgou fotos de unidades militares a caminho de um local de treinamento em Rostov, perto da fronteira com a Ucrânia.

Crédito, Russian Defence Ministry

Legenda da foto,

Unidades militares a caminho de um local de treinamento em Rostov, perto da fronteira com a Ucrânia

Algumas unidades recém-chegadas viajaram mais de 6 mil km, partindo do Extremo Oriente Russo.

Crédito, Russian Defence Ministry

Legenda da foto,

Imagens recém-divulgadas mostram tanques e veículos blindados

A maioria das estimativas coloca o número de tropas russas posicionadas ao redor da Ucrânia — ao norte, sul e leste do país — em cerca de 100 mil.

Mas uma avaliação ucraniana, relatada pela CNN, diz que há 106 mil soldados terrestres e 21 mil militares da marinha e da força aérea.

Na terça-feira, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse: “A inteligência é muito clara de que existem 60 batalhões russos nas fronteiras da Ucrânia”, cerca de um terço do total de números disponíveis.

Além das tropas russas regulares, acredita-se que existam cerca de 15 mil separatistas russos nas regiões ucranianas de Luhansk e Donetsk.

Mas alguns analistas ocidentais dizem que não está claro se a Rússia reuniu tudo o que é necessário para uma invasão terrestre. Eles apontam para a ausência de hospitais de campanha móveis totalmente equipados em algumas áreas. A chegada da equipe médica, dizem eles, poderia indicar prontidão para atacar.

A vista de cima

Imagens de satélite fornecem mais pistas.

A presença de tropas às vezes pode ser detectada pela cor das tendas. As tendas ocupadas são aquecidas, o que derrete a neve em cima delas, revelando um tom mais escuro.

Veículos blindados podem ser identificados por suas formas.

E marcas de pneus ou lama indicam veículos em movimento.

Confira abaixo fotos de alguns dos recentes envios de tropas russas detectados por imagens.

Escalada em Belarus

Uma força russa com vários milhares de soldados foi transferida para Belarus para um exercício conjunto que atingirá seu pico entre os dias 10 e 20 de fevereiro.

O líder do país, Alexander Lukashenko, apoia o presidente russo, Vladimir Putin. A capital ucraniana, Kiev, fica a menos de 150 km da fronteira com Belarus.

E observadores ocidentais dizem que o exercício, apelidado de Allied Resolve, pode fornecer uma oportunidade para ensaiar uma missão contra a Ucrânia.

Imagens postadas online dizem mostrar equipamentos militares, incluindo veículos blindados, tanques e sistemas de foguetes, viajando em direção à área.

E a Rússia anunciou o envio de avançados caças Su-35 para Belarus, juntamente com sistemas de defesa aérea, munições e apoio médico.

Crédito, Russian Defence Ministry

Legenda da foto,

Avião de guerra Su-35 se prepara para decolar para exercícios militares conjuntos com Belarus

Escalada no mar

A Rússia está realizando exercícios navais em todo o mundo, do Atlântico ao Pacífico, a partir deste mês e até fevereiro, envolvendo cerca de:

  • 140 navios e embarcações de apoio
  • 60 aeronaves
  • 10 mil funcionários

Seis navios da Marinha Russa, capazes de desembarcar os principais tanques de batalha, pessoal e veículos blindados, passaram pelo Canal da Mancha a caminho de exercícios no Mar Mediterrâneo.

Mas não está claro se o Mar Negro e a costa ucraniana podem ser o destino pretendido.

Alguns analistas dizem que um desembarque anfíbio por tropas russas seria extremamente difícil e que as forças navais podem ser um “drible” para afastar as forças terrestres ucranianas de rotas mais prováveis de ataque em terra.

Gráficos: Sandra Rodriguez Chillida e Prina Shah

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Fonte: BBC