Trump: 8 gráficos para entender os 2 primeiros anos de governo


Donald Trump in the Oval Office at the White House - 8 Jan 2019Direito de imagem
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Os dois primeiros anos de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos foram agitados, para dizer o mínimo. Mas vale deixar o drama de lado e focar os números, bem como sua percepção pelos americanos e pelo mundo.

Há interessantes e surpreendentes comparações com seus antecessores:


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Como estão os índices de popularidade?

Donald Trump começou seu mandato como um dos mais impopulares presidentes na era moderna, e permaneceu assim.

Sua taxa de aprovação é 37%, segundo o Gallup. Os presidentes Barack Obama (50%), George W. Bush (58%) e Bill Clinton (54%) estavam em patamar mais elevados.

O único presidente em décadas recentes a ter aprovação equivalente à de Trump é Ronald Reagan, com 37% em 1983. Os números cresceram lentamente, e ele conseguiu se reeleger.

Uma das vantagens de Trump é o apoio dos eleitores republicanos – 88% deles aprovam seu governo. Se esses números permanecerem altos, é improvável que ele enfrente obstáculos internos para ser o candidato republicano à Presidência em 2020.






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Como ele tem conduzido a Casa Branca?

A administração Trump tem sido repetidamente chamada de caótica e disfuncional por seus críticos e adversários.

Há uma longa lista de autoridades que foram demitidas, forçadas a sair ou que se demitiram da Casa Branca. Mas a rotatividade é pior que as administrações anteriores?



Sim, é. Um levantamento do Instituto Brookings identificou que 65% dos assessores sêniores de Trump deixaram o emprego antes da marca de dois anos de governo. É um índice consideravelmente maior que grande parte dos governo antecessores.

Normalmente, esse núcleo duro do presidente se mantém unido no primeiro ano de governo e sofre algumas mudanças no segundo – mas sob Trump, as saídas se tornaram habituais desde o primeiro dia.


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Ele cumpriu as promessas de campanha?

A falta de estabilidade na Casa Branca aparece quando se mede o desempenho de Trump no âmbito legislativo.

Ele tem enfrentado dificuldade nos momentos em que precisa transitar pelos corredores do Congresso, apesar de ter controlado a Câmara e o Senado – até os democratas recuperarem o comando da primeira Casa, no início deste mês.

Na área de saúde pública, por exemplo, ele não conseguiu cumprir a promessa de extinguir o chamado Obamacare, que auxiliou mais de 20 milhões de americanos a obterem cobertura de saúde.

Seu principal sucesso no Legislativo foi a aprovação de uma extensa reforma tributária, na qual os impostos sobre empresas caiu de 35% para 21%. No entanto, os cortes tributários para famílias não foram suficientes para ajudar republicanos a se saírem bem nas eleições de meio de mandato, no ano passado.

Outro êxito de Trump foi a aprovação de dois nomes para a Suprema Corte, incluindo Brett Kavanaugh, que enfrentou acusações de assédio sexual – as quais negou – durante o processo de confirmação de seu nome no Congresso.



Em outros segmentos, o presidente se valeu de ordens executivas para aprovar medidas simbólicas, como mudar a embaixada dos Estados Unidos em Israel para Jerusalém e tirar o país do Acordo do Clima de Paris. Ele também reduziu as tropas no exterior, no Afeganistão e na Síria.

Mas, no geral, o site independente de verificação de dados Politifact avaliou que o presidente Trump cumpriu relativamente poucas promessas de campanha, enquanto que a maioria foi paralisada ou derrubada.


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Trump implementou sua reforma migratória?

A promessa de construção de um muro na fronteira, a ser pago pelo México, foi a marca de Trump durante a campanha eleitoral, mas a medida ainda parece improvável de acontecer.

O Congresso americano aprovou US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 6,3 bilhões) para financiar quase 200 km de muro (construção e reforma) desde que Trump assumiu a Casa Branca, mas estimativas do custo de construção do muro que o presidente prometeu vão de US$ 12 bilhões a US$ 70 bilhões (de R$ 44,6 bilhões a R$ 260 bilhões).

Em dezembro, após críticas de comentaristas conservadores acerca da falta de progresso na questão do muro, Trump deu início a uma ofensiva que levou a uma paralisação parcial de 35 dias do governo dos Estados Unidos.



Ele apostou na pressão sobre democratas para negociar um acordo, mas acabou forçado a reabrir o governo sem obtê-lo.

A economia americana perdeu US$ 11 bilhões (R$ 40,9 bilhões) durante cinco semanas de paralisação, mas haverá US$ 8 bilhões em pagamentos atrasados aos funcionários que trabalharam sem receber durante esse período.

Ao longo da paralisação, Trump argumentou que o muro era necessário para conter uma “crescente crise humanitária e de segurança em nossa fronteira ao sul”, envolvendo “milhares de imigrantes ilegais”.

No entanto, dados mostram que a imigração ilegal na fronteira tem caído desde 2000.



Trump continua a pressionar o Congresso a mudar as leis de imigração, incluindo o sistema de loteria de vistos e a “cadeia de migração” que prioriza parentes de residentes legais nos EUA.

Nesse campo, ele teve uma vitória na Suprema Corte em junho passado, quando conseguiu manter seu banimento a pessoas de diversos países de maioria muçulmana de entrarem no território americano.


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Qual foi o desempenho da economia sob Trump?

Na campanha eleitoral, Trump prometeu criar 25 milhões de empregos em uma década e se tornar o maior presidente de todos os tempos nessa seara.

Ele costumava afirmar que a taxa de desemprego real passava de 40%. Agora, ele está encampando os mesmos números que considerava “falsos”.

As cifras mostram, no entanto, que a criação de empregos ao longo dos dois primeiros anos de governo Trump caiu se comparada aos dois últimos de Barack Obama.



No entanto, a trajetória básica da economia sob Trump permanece a mesma do governo Obama – a taxa de desemprego é historicamente baixa e os salários estão crescendo a uma taxa mais rápida nos últimos meses.

Mas há algumas preocupações para o presidente. O crescimento da economia global está em declínio e a decisão dos EUA de iniciarem uma guerra comercial com a China levou, em retaliação, à taxação de produtos americanos em centenas de bilhões de dólares.

Trump rapidamente reivindicou o crédito pelo crescimento do mercado de ações nos últimos dois anos, mas o segmento começou a cambalear nas últimas semanas.


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Como está o cenário para a eleição de 2020?

O próximo pleito presidencial pode estar a 18 meses de distância, mas a campanha já começou.

Encorajados pelo bom resultado nas eleições de meio de mandato, os democratas estão otimistas em recuperar o controle da Casa Branca.

Diversos nomes do partido já anunciaram que estão na disputa pela nomeação democrata à corrida presidencial, entre eles as senadoras Elizabeth Warren e Kamala Harris. Outros candidatos potenciais, como o ex-vice-presidente Joe Biden, ainda estão avaliando se entram no páreo.



A despeito do candidato que for escolhido pelos democratas, os primeiros sinais indicam que Trump terá uma batalha dura.

Uma pesquisa recente apontou que sete possíveis adversários estão à frente do atual presidente em intenções de voto. Os números ainda devem ser vistos com ceticismo por causa da distância do dia da votação, mas nem por isso eles deixam de preocupar os republicanos.

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Fonte: BBC