Ucrânia distribui armas a civis e pede que moradores resistam com coquetéis molotov

Voluntários ucranianos

Crédito, DANIEL LEAL/Getty Images

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Voluntários ucranianos receberam armas das autoridades para enfrentar os russos nas ruas

Com o avanço de forças russas na direção da capital da Ucrânia, Kiev, as autoridades locais pediram à população que faça todo o possível para resistir às tropas invasoras.

Os ministérios da Defesa e do Interior passaram a pedir a moradores de Kiev que “nos informem sobre movimentos de tropas, façam coquetéis molotov e neutralizem o inimigo”.

Um folheto com instruções, passo a passo, sobre como produzir bombas de gasolina improvisadas foi publicado na conta do Ministério do Interior nas redes sociais.

Vadym Denysenko, conselheiro do Ministério do Interior, diz que 18 mil armas “foram distribuídas em Kiev para todos os voluntários, todos aqueles que querem defender nossa capital com armas em suas mãos”.

“Equipamento militar ucraniano está chegando agora a Kiev para defendê-la. Estou pedindo a todos os residentes de Kiev – por favor, não filmem isso, não filmem seus movimentos”, disse Denysenko, referindo-se às armas. “Isso é necessário para proteger nossa cidade.”

Armados na rua

A reportagem da BBC em Kiev encontrou voluntários ucranianos já armados nas ruas da capital, determinados a defender seu país.

Homens vestidos com jeans e tênis e com fuzis pendurados em suas costas patrulham postos de controle. Nas laterais das ruas, outros jovens voluntários posicionaram-se no chão, atrás de armamentos antitanques.

Mais adiante, soldados profissionais preparavam-se para uma resistência final contra a invasão russa. Eles estavam acompanhados de artilharia e tanques ucranianos voltados para as posições russas, a menos de 30 quilômetros do centro da capital.

A reportagem deparou-se com sinais das batalhas que ficam cada vez mais próximas de Kiev, com um caminhão em chamas no meio da rua.

Perto dali, os jornalistas da BBC Abdujalil Abdurasulov e Nick Beake encontraram a família de Olena, um grupo de cinco pessoas que teve de lidar com um pneu furado no pior momento possível.

Eles tentavam, desesperadamente, trocar o pneu na beira da estrada, ao norte de Kiev, no carro com um bebê no banco de trás.

“Estamos realmente com medo”, disse a mãe de Olena, antes de mais uma barulhenta explosão calar todos que estavam ali.

A BBC perguntou a ela o que achava do ataque do presidente russo, Vladimir Putin, contra seu país, quando explosões ainda mais fortes rasgavam o ar. Ela ergueu seus braços e disse “Você está ouvindo. Isso é ele”.

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Mulher e bebê de família encontrada pela BBC na beira de estrada, perto de Kiev

Conforme a reportagem continuava pela estrada, os jornalistas avistaram soldados posicionados ao longo do rio Dnieper. Alguns franco-atiradores ucranianos vêm se posicionando, monitorando a área, com outros soldados atrás deles adotando o mesmo posicionamento defensivo.

A reportagem da BBC encontrou outros jovens homens ucranianos com semblantes compreensivelmente apreensivos. Sem dúvida, havia entre eles o medo de que poderia ser apenas uma questão de horas até que os russos os confrontem cara a cara e tentem tomar a capital.

Mortos em combate

Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, em relato feito no Parlamento britânico, cerca de 450 soldados russos e 194 ucranianos, incluindo 57 civis, foram mortos desde o início da invasão.

O governo ucraniano disse que mais de 1 mil russos já morreram, mas a informação não pôde ser verificada de forma independente. Veículos militares da Ucrânia entraram em Kiev para defender a capital.

O Ministério da Defesa russo disse que suas forças tomaram controle da base aérea de Gostomel, próxima a Kiev. Ainda segundo as autoridades russas, cerca de 200 soldados da unidades especiais da Ucrânia foram mortos, sem que houvesse baixas do lado russo – também relatos que não puderam ser verificados pela BBC.

A agência da ONU para refugiados, Acnur, estimou que cerca de 100 mil pessoas já foram forçadas a deixar suas casas devido à invasão russa. O mesmo órgão acredita que cerca de 5 milhões possam tentar fugir para o exterior, conforme o conflito se agrave.

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Fonte: BBC

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