Mais de 821 milhões ainda enfrentam fome pelo mundo. Até quando?

Apesar de todos os esforços pelo mundo em prol do combate à fome, milhões de pessoas ainda se encontram nessa situação. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) uma em cada 10 pessoas, em todo o mundo, passou fome em 2018. Isso representa 821,6 milhões de pessoas (44.6 milhões a mais do que em 2015). Se forem acrescidos a esse número o de pessoas em situação moderada de “insegurança alimentar” – pessoas sem acesso estável a alimentos-, o índice passa de 2 bilhões, ou 26,4% da população mundial.

A Ásia teve o maior número absoluto de pessoas com fome: 513,9 milhões no total. Na África, foram 256,1 milhões e na América Latina e no Caribe, 42,5 milhões.

A ONU aponta como causas os conflitos locais, fenômenos climáticos e a retração econômica. “Juntos, a África e a Ásia têm a maior parcela de todas as formas de desnutrição, sendo responsáveis por mais de nove entre 10 crianças com atraso no crescimento e mais de nove entre 10 crianças com debilitação em todo o mundo”, assinala a nota da ONU.

Entre os países lusófonos a situação melhorou um pouco. A prevalência da subalimentação em Angola caiu de 55% para 25% da população, e em Moçambique de 37% para 28% nos últimos 12 anos. Nessa categoria, o Brasil ocupa uma posição confortável, com apenas 2,5% da população passando fome – ainda assim o índice não merece celebração. O Brasil conseguiu reduzir o índice da fome de 11% para 2%, de 2001 a 2010, mas vive um retrocesso e vem registrando alta nesse número. Ainda assim, serve como exemplo para vários outros países por manter modelos eficazes de erradicaçao da fome.

A informação consta no relatório Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo, da Organização das Nações Unidas (ONU), que no último ano contou com um indicador extra para contabilizar a estatística. Este ano o relatório também introduziu um indicador para fazer o monitoramento da fome e o acesso aos alimentos no contexto da agência.

“A prevalência da insegurança alimentar moderada ou grave é baseada na escala de experiência de insegurança alimentar. Esse indicador vai além da fome e fornece uma estimativa do número de pessoas sem acesso estável a alimentos nutritivos e suficientes durante todo o ano”, diz o relatório.
Diante dos índices é inevitável o questionamento: até quando?

A meta da ONU para 2030 é alcançar a “Fome Zero”. Segundo a agência, a meta ainda não é impossível, porém os dados recentes mostram uma regressão apesar do acordo firmado entre 193 países, em 2015, para adoção de uma agenda nesse sentido.

Mas o que de fato vem sendo feito, na prática, para viabilizar tal agenda?
A ONU divulgou em 2018 5 ações que podem levar à meta. Não desperdiçar comida é um deles; produzir mais, com menos recursos, encontrando maneiras mais eficientes de produzir alimentos; e, claro, um trabalho conjunto de países, instituições e indivíduos. De sua parte, a ONU ajuda pequenos produtores, fornece comida em áreas sob crise humanitária – em 2017, 91 milhões de pessoas receberam assistência alimentar em 83 países e 18 milhões de crianças receberam merenda escolar em 60 países através do trabalho do Programa Mundial de Alimentos- PMA-, e promove a conscientização mundial sobre o problema.

Vários órgãos apontam políticas públicas de redução de diferenças sociais como o caminho mais rápido; no Brasil já se mostrou eficiente. Políticas de agricultura sustentável e empoderamento de comunidades agrícolas também são indicados pela ONU como ações estratégicas para atingir a meta, além de outras medidas que, mais do que investimento financeiro requerem comprometimento político e social e, muitas vezes, dependem do socorro e da mobilização humanitária por parte de terceiros – uma ação mais difícil do que atingir a meta em si.

* Com dados da Agência Brasil e da ONU.

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Fonte: Gazeta News