Mundo colorido de Beatriz Milhazes invade a Avenida Paulista

Desde que foi inaugurado na Avenida Paulista, lá em 1968, com a presença da “imortal” Rainha Elizabeth II, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) deu o pontapé para o que se tornaria, mais de 50 anos depois, o corredor cultural de São Paulo. O feito se consolidou nos últimos anos depois da inauguração da Japan House, do Instituto Moreira Salles e do novo Sesc Paulista. Nada disso aconteceu de um dia para o outro. Da estreia do MASP passaram-se quase 20 anos até que outra importante entidade das artes, o Itaú Cultural, abrisse as portas. 

As duas decanas instituições abrigam neste momento a exposição Beatriz Milhazes: Avenida Paulista, trazendo a moradores e visitantes mais cor e alegria em uma das épocas mais difíceis para a cidade. Dividida entre o MASP e o Itaú Cultural, a mostra cobre 30 anos de trabalho da artista, reunindo cerca de 170 obras que vão de pinturas gigantescas até colagens em folhas sulfite. É a maior retrospectiva da carreira de Beatriz Milhazes, que tem obras no acervo do MoMa, em Nova York, do Centre Pompidou, em Paris, e até algumas obras temporárias em espaços públicos, como na estação Gloucester Road, do metrô de Londres.

Benguelê, acrílica sobre tela exposta no MASP

Benguelê, acrílica sobre tela exposta no MASP (Gustavo Kolonko/Viagem e Turismo)

Nascida no Rio de Janeiro, Beatriz é uma das artistas brasileiras de maior expressão no cenário artístico mundial. Reconhecida por sua produção icônica, muitas delas de grandes dimensões, suas pinturas, gravuras, colagens e esculturas refletem formas e cores brasileiras. A inspiração vai do barroco ao modernismo, passando pela cultura popular e o erudito.

Apesar de estar dividida entre as duas instituições, cada exposição teve seu próprio curador. No MASP, quem assina é Adriano Pedrosa, diretor artístico do museu, responsável pela mostra de Tarsila do Amaral, em 2019, com assistência de Amanda Carneiro. Já no Itaú, Ivo Mesquita, ex-diretor artístico do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e da Pinacoteca, encabeçou o trabalho.

Gamboa, presa ao teto, feita com adereços carnavalescos da Acadêmicos do Grande Rio

Gamboa, presa ao teto, feita com adereços carnavalescos da Acadêmicos do Grande Rio (Gustavo Kolonko/Viagem e Turismo)

No MASP, estão as pinturas e esculturas de grandes dimensões, que chegam a quase 3 metros de altura, como é o caso da Gamboa, feita com adereços carnavalescos da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio. Instalada no subsolo do museu, a escultura está presa no teto e também servirá de cenário para apresentações de dança de Márcia Milhazes, irmã de Beatriz. Em virtude da pandemia, ainda não se sabe quando as performances irão ocorrer.

No Itaú Cultural estão os trabalhos de menor escala

No Itaú Cultural estão os trabalhos de menor escala (Gustavo Kolonko/Viagem e Turismo)

Já o Itaú Cultural exibe os trabalhos de menor proporção, mais delicados e ainda mais complexos, como é o caso das gravuras e colagens formando rosáceas, compassos, mandalas e outras formas circulares. As 79 obras aprofundam a maneira como a artista consolidou uma linguagem, estilo e imaginário próprios, com peças criadas a partir de serigrafia e papéis variados, incluindo sacolas de compras, fitas adesivas, papel-cartão e até embalagens de chocolate.

Detalhe da colagem Ginger Candy, com diversas embalagens de chocolates

Detalhe da colagem Ginger Candy, com diversas embalagens de chocolates (Gustavo Kolonko/Viagem e Turismo)

Dica para deixar o seu passeio ainda mais delicioso. O subsolo do MASP abriga o restaurante A Baianeira, da chef Manuelle Ferraz. O cardápio mistura receitas da Bahia e de Minas Gerais. A entrada de moquequinha de ostra seguida do bobó de camarão é escolha certeira. Aos domingos tem brunch. Você pode começar pelo MASP, almoçar e seguir para o Itaú; ou fazer a visita no sentido inverso e, de quebra, um almoço mais longo (o restaurante fecha às 16h).

MASP – Avenida Paulista, 1578. Terça-feira das 10h às 20h, quarta a sexta das 13h às 19h. Aos sábados e domingos das 10h às 18h. Entrada gratuita às terças-feiras e R$ 45 nos demais dias, apenas pelo site oficial.

Itaú Cultural – Avenida Paulista, 149. Aberto de terça a sexta das 13h às 19h. Sábados, domingos e feriados das 10h às 16h.  Entrada gratuita e reservas de ingressos somente pelo Sympla.

As exposições ficam em cartaz até 30 de maio.

Leia tudo sobre São Paulo

Fonte: Viagem e Turismo