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O jornalismo em luto por Vanuza Ramos

O papel da mídia comunitária e do jornalista comprometido com seu público vai além de informar. Ela tem como objetivo estimular os leitores ou ouvintes a analisarem situações-problema de sua comunidade e se desafiarem a enfrentá-las, propondo ações concretas através da elaboração de um projeto coordenado por seus representantes comunitários. E quando se fala em mídia comunitária brasileira em outro país, o nosso compromisso vai além das necessidades sociais, mas sim imigratória.

O Gazeta segue uma linha editorial há mais de 25 anos que prioriza não só informar mas também representar o imigrante brasileiros nos Estados Unidos. Para servir ou trabalhar na redação do Gazeta News é necessário ter compromisso com a verdade, ouvindo sempre todas as versões dos fatos e checando todas as fontes e denúncias para a produção de um conteúdo jornalístico. Parece ser o básico de uma lista de comprometimento ético, mas todos nós sabemos que não é bem assim que tem acontecido no mundo, principalmente com a chegada das redes sociais.

O Gazeta sempre procurou seguir à risca os mandamentos de um bom jornalista e para isso sempre selecionou com muita cautela seus repórteres, colaboradores e apresentadores de notícias.

Mas este texto foi escrito para destacar uma pessoa que se enquadrou em todas essas exigências com muita maestria, competência e compromisso. Falamos no passado agora, porque ela já não está entre nós. Vanuza Ramos, jornalista e diretora gráfica, esteve engajada no grupo Gazeta News até o dia 7 de julho, quando precisou se ausentar mais uma vez para uma nova cirurgia, pois estava em tratamento contra um câncer que se alastrou para outros órgãos.

Esta paraibana era jornalista de “sangue”, era uma profissional comprometida com a informação e a verdade. No período que serviu o grupo Gazeta lutou bravamente por histórias e reportagens em defesa do imigrante brasileiro. Amava política e não perdia um debate, e mesmo deixando claro qual era seu partido internamente aos colegas, nunca deixou que sua escolha interferisse na linha editorial de suas reportagens.

Sempre discutíamos internamente sobre política, cada um com seu raciocínio, mas sem agredir ou impor partido ou pensamentos. E ela era sempre “do contra”.

Fazia o que muitos repórteres deveriam fazer para estar próximo da sua comunidade, frequentava rodas de bares, encontros casuais, passeava por todos os grupos de redes sociais sempre buscando uma pauta que pudesse interessar ao leitor na Flórida.

Sua paixão sempre foi a música, a arte e principalmente a MPB (Musica Popular Brasileira), e neste segmento se envolveu em diversos eventos e até promoveu um Festival.

Era respeitada e querida entre músicos e artistas locais. Na rádio Gazeta News, estreou o programa Terças-Culturais, onde os artistas da comunidade apresentavam seus trabalhos e um programa ao vivo. Também apresentou o Gazeta Geral, com notícias de várias áreas e claro, política em foco.

Um momento marcante na história da Vanuza no Gazeta, foi no furacão Irma, em 2017, enquanto todos se preparavam para deixar o estado devido à grande ameaça de categoria 5, mas ela decidiu ficar, como já havia feito em outros furações, e registrar tudo. Metade da equipe se posicionou em diferentes estados, e ela de Deerfield Beach abastecia website e redes sociais com informações locais. Sempre comprometida com o dever de jornalista, ela não media esforços para ajudar a equipe com notícias e conteúdo relevante.

Estamos diante de uma pandemia que tem causado uma verdadeira bagunça no “mundo jornalístico” e pessoas como a Vanuza fazem falta em redações espalhadas pelo mundo.

Mas só podemos agradecer por termos conseguido manter por mais de uma década uma profissional de qualidade e comprometida com a nossa comunidade. Deixamos aqui nosso muito obrigado a você, Vanuza, e encorajamos a muitos jovens jornalistas e profissionais de mídia para que se espelhem em pessoas que fazem a diferença e contribuem para um mundo melhor e mais HONESTO.

Estamos ainda tentando nos acostumar com o fechamento do jornal sem a participação da Vanuza, que sempre cuidou com muita atenção dos principais detalhes da paginação e linha editorial do jornal. Mesmo debilitada e sob efeito de medicamentos fortíssimos ela atuava na equipe com muita responsabilidade. Até duas semanas atrás ela ainda estava na ativa, cooperando com a produção de conteúdo e visual do Gazeta.

Não sabia viver sem dar uma notícia. O amor pelo jornalismo falou forte neste momento difícil, e manteve sua mente mais leve e coração ocupado com a responsabilidade de informar.

Uma perda lastimável para todos nós. Descanse em Paz, Vanuza Ramos!

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Fonte: Gazeta News