O Sofrimento Como Oportunidade

Ninguém gosta de sofrer, isso sabemos. Mas sabemos também que uma hora ou outra estaremos sofrendo. Não faltam motivos, não é mesmo? Há sempre alguma coisa, acontece sempre alguma coisa que nos traz sofrimento.

O que fazer?

Método padrão n. 1: Mudo de foco, me distraio, faço de conta que não é tão sério assim ou me convenço de que não é tão sério, ou de que não vale a pena sofrer por isso ou aquilo, por fulano ou sicrana. Insisto nessa atitude até, de alguma forma, achar que superei. Uso todos os métodos à disposição: desde passeios e baladas a televisão, de remédios a bebida, de companhias a trabalho.

Método padrão n. 2: Eu me afundo no sofrimento. Ele me pega, me toma, não me deixa em paz. Me sinto uma vítima, talvez até seja mesmo. Sou engolida pelo sofrimento, entro em depressão e me arrasto cada dia mais. Até… até uma pessoa que segue o método padrão n. 1 tentar me tirar dessa fossa me convencendo de que “não vale a pena” e de que “a gente tem que reagir” porque “a vida continua” e “a fila anda”.

Conseguiu superar? De verdade? Olhe no espelho e responda. Se não conseguiu…
Alternativas?
Antes, vamos tentar entender o que é o sofrimento.

Sofremos quando algo não vai do jeito que esperávamos e no qual contávamos, ou quando acontece dentro de nós algo que novamente não esperávamos e com o que não sabemos como lidar. Sofremos quando somos surpreendidos negativamente, quando temos medo, quando nos sentimos sós e indefesos. Sofremos quando vivemos violências emocionais, verbais, físicas. Sofremos quando a vida, através de pessoas, situações, condições e do próprio mistério da nossa psique, nos golpeia e nos deixa atordoados.
As alternativas aos métodos 1 e 2 são viver o sofrimento como um aprendizado.

Peraí, aprendizado de verdade, não a “confirmação” de alguma crença, ditado comum ou “o que a mamãe ou o pastor falaram”. Não, quando falo de aprendizado falo do fato de adquirir conhecimento e consciência de algo que não sabíamos que iremos descobrir através da dor da alma.

Ninguém gosta disso, eu sei. Mas sinto informar: é assim que funciona. Somos animais complicados nós humanos: só aprendemos mesmo sofrendo.

O sofrimento é como uma ferida na alma. A alma sangra, choramos, mas… Uma ferida é também uma abertura, uma brecha, uma entrada… Será que não há de entrar algo novo nessa nossa cabeça dura que muitas vezes repete o mesmo erro como uma tola?

Nos apegamos a ideias e crença com muita facilidade. Funcionamos assim. Precisamos de segurança e isso nos faz criar esquemas e expectativas do que vai ser, de como deveria ser, do que somos. Não é só insegurança. É também que sem um mínimo de planejamento e expectativas viveríamos a esmo, sem rumo nem prumo.

Por outro lado, porém, se tudo o que previmos e programamos for tudo o que tem na realidade para viver e para ser, estaríamos vivendo num mundo pequeno e sendo pessoas minúsculas. O que cada um de nós sabe? Mesmo o mais culto e experiente? Bem dizia o filósofo: sábio é quem sabe que não sabe.

A limitação humana faz parte da nossa natureza. Quando o sofrimento bater na sua porta, abra-lhe. Resistir só vai fazer piorar a situação. Se entregue sem afundar: deixe-se transformar. Permita que um novo conhecimento surja das vísceras e do profundo. Aceite que há algo que deve aprender. Se tudo lhe parecer trevas é porque talvez você esteja relutando a se abrir. Tenha fé. Fé na vida e fé em você: há algo em você maior do que você.

Um novo você está querendo nascer. E você está em trabalho de parto.

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Fonte: Gazeta News