Sambistas de todo o mundo se reúnem em Los Angeles neste fim de semana

Nesta sexta-feira (21), Los Angeles vai virar a capital americana do samba. A terceira edição do congresso internacional sobre o tema terá 45 dançarinos profissionais do Brasil, dos EUA e da Europa ministrando aulas práticas abertas a todos os níveis, até mesmo para crianças ou adultos que desejem ensaiar seus primeiros passos.

De acordo com a organizadora do evento, Aninha Malandro, o intuito é divulgar a cultura brasileira e ampliar a visão que se tem sobre o samba, desmistificando a ideia de que seria somente para passistas de biquíni e físico escultural, com direito a plumas e paetês. “Muitas vezes a pessoa gostaria de dançar, mas acha que não tem o corpo perfeito para isso. Nós queremos mostrar que o samba vai além, que tem raiz, que tem história, que tem uma riqueza e variedade muito grandes”, diz Aninha, que, além de professora do ritmo há décadas nos EUA, é também doutora em Psicologia.

Dançarina participante do evento (Foto: Gia Trovela)

Durante os três dias, os mais de 200 inscritos poderão participar das aulas de samba, gafieira, maracatu, afro, jongo, dentre outros — seja praticando a dança ou tocando instrumentos. Também haverá classes de candomblé e simbologia dos orixás. Todas as oficinas acontecem na Downtown Dance & Movement. As noites serão dedicadas a apresentações, competições e premiações no Ebony Repertory Theatre, localizado no centro da cidade.

Na sexta à noite, os 45 dançarinos — dentre os quais, cinco americanos — apresentam o espetáculo “Fountains of Life: An Exploration of the Fluidity of Samba and its Roots” (Fontes da Vida: Uma Exploração da Fluidez do Samba e suas Raízes). Em seguida, haverá a premiação Pioneiros do Samba, com o reconhecimento de nomes da comunidade que muito fizeram pela cultura brasileira. A noite encerra com show do Grupo Resenha. Comidinhas do Sabor da Bahia estarão à venda no local.

No sábado à noite, haverá dois concursos de dança do malandro, modalidade conhecida dos desfiles de escola de samba. A competição individual feminina, batizada de “Adriana Lima”, precede a de grupos, que leva o nome de “Carlinhos Pandeiro de Ouro”. O show de encerramento fica por conta do cantor, compositor e instrumentista Rogê. Ingressos à venda no Eventbrite. Mais informações em www.internationalsambacongress.com.


Brasil discute incentivos fiscais para produções americanas

Seminário promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Califórnia (BCCC) (Foto: Gabriela Egito)
Seminário promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Califórnia (BCCC) (Foto: Gabriela Egito)

O governo brasileiro quer simplificar mecanismos de estímulo à produção audiovisual no país e estuda até mesmo a possível criação de incentivos para empresas estrangeiras que queiram filmar suas produções de cinema e TV em território nacional. “Queremos impulsionar ainda mais o crescimento do setor”, anunciou o secretário especial da Cultura do Ministério da Cidadania, Henrique Pires. Ele participou de seminário promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Califórnia (BCCC) no dia 13.

Em seu discurso de abertura do evento, no auditório da maior agência de talentos dos EUA, a Creative Artists Agency (CAA), em Beverly Hills, Pires disse que o setor cinematográfico brasileiro deve experimentar um crescimento médio de 6,82% ao ano, chegando a 1,073 bilhão de dólares em 2021 – percentual bem acima das projeções mais otimistas para a economia brasileira como um todo.

O secretário especial de Cultura ressaltou que o governo Bolsonaro está ciente da importância dessa indústria, e comprometido em continuar investimentos, além de estar aberto a dialogar com representantes do setor. No caso dos executivos estrangeiros com quem se reuniu durante sua viagem a Los Angeles (Disney, Netflix, e Warner, dentre outros), Pires informou que a demanda mais frequente é por simplicidade e transparência nos incentivos fiscais.

Atualmente, os mecanismos oferecidos pelo governo federal, através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), contemplam somente produtoras registradas em território nacional cujos proprietários brasileiros (natos ou naturalizados há mais de 10 anos) detenham pelo menos 70% do capital total da empresa.

Entre 2013 e 2019, o FSA destinou cerca de 700 milhões de dólares para o setor, firmando-se como um dos maiores fundos de investimentos públicos voltados ao audiovisual do mundo. Portanto, não é de se estranhar que esses números despertem o interesse de produções estrangeiras de olho em fontes adicionais de financiamento para suas obras.

De acordo com executivos americanos que fizeram parte dos painéis do evento, o Brasil é atrativo pela riqueza e diversidade de suas locações (é possível filmar quase qualquer tipo de história no país), pelo seu parque tecnológico e pela quantidade de profissionais de padrão internacional disponíveis no mercado. Mas “perde para países com menor potencial por não oferecer incentivos financeiros.”

Diversos países – Como Reino Unido, Canadá e China – já oferecem algum tipo de benefício fiscal para produções audiovisuais internacionais que queiram realizar seus projetos por lá. Os incentivos variam, mas os mais desejados são os de “cash rebate”, em que a empresa recebe de volta um percentual do que investiu na produção, o que pode chegar a 50% do orçamento. As contrapartidas exigidas também são diversas, tais como contratação de mão-de-obra e equipamentos locais, por exemplo.

No Brasil, alguns estados já se adiantam para tentar conquistar produções estrangeiras. Os secretários de cultura do estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão (ex-ministro da Cultura), e do Distrito Federal, Adão Cândido, anunciaram em suas apresentações no evento que têm projetos em desenvolvimento nesse sentido.

O seminário “Produzindo Cinema e TV no Brasil e nos Estados Unidos” foi organizado pelo Comitê de Mídia e Entretenimento da BCCC, formado pelo novo presidente da entidade, Felipe Cusnir, e o advogado das estrelas, Fabio Cesnik, da CQS Advogados. Contou ainda com a presença da Cônsul Geral do Brasil em Los Angeles, Marcia Loureiro, e dos palestrantes Christian de Castro, presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema), e a cineasta Lais Bodanzky, presidente da Spcine.

Fonte: AcheiUSA