Dois brasileiros também podem comemorar o Nobel da Paz contra a fome

Diretor-geral da FAO (Orqanização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) de…

Diretor-geral da FAO (Orqanização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) de 2012 a 2019, o agrônomo brasileiro José Graziano da Silva, que hoje mora no Chile, tinha bons motivos para comemorar a entrega do Prêmio Nobel da Paz à ONU por seu programa mundial de combate à fome e à pobreza.

Assim como ele, o frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, hoje Relator Diplomático da FAO para a Soberania Alimentar e Educação Nutricional, com mandato até 2026, também trabalhou na implantação do Programa Fome Zero no Brasil, o embrião do Bolsa Família, que serviu de modelo para outros países.

Trabalhando juntos no primeiro governo Lula (Graziano como ministro e Betto como assessor especial), os dois tiveram importante papel para tirar o país do Mapa da Fome, para o qual já voltamos, depois de ter assegurado três refeições por dia a cada brasileiro.

Nos seus oito anos na FAO, Graziano trabalhou para colocar a questão da fome no centro do debate da segurança mundial.

“Esse prêmio é o reconhecimento de que a fome tem sido ao mesmo tempo causa e consequência de guerras e conflitos desde sempre”, disse o ex-diretor da FAO ao meu colega Jamil Chade, aqui mesmo no UOL.

Em conversa com o Balaio, Frei Betto lembrou que o principal objetivo do Programa Mundial de Alimentação não é distribuir comida, o que só acontece em casos de emergência, mas ensinar as famílias a aproveitar melhor os alimentos, dando-lhes educação nutricional e incentivando a agricultura familiar.

“Nós temos hoje 820 milhões de pessoas passando fome no mundo, e poderemos ter mais 270 milhões até o final do ano, em consequência da pandemia. Além disso, 3 bilhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar, quase a metade da população mundial”.

Por falta de educação nutricional, lembra ele, o número de obesos supera atualmente o de famintos, o que já é um grave problema de saúde pública em países como os Estados Unidos, por exemplo.

“Nosso trabalho consiste em lidar com governos que têm interesse em adotar programas como o Fome Zero, a exemplo do que já começamos a fazer em Cuba, com amplo apoio da sociedade”, diz o relator diplomático.

No momento em que o país é desmoralizado nos fóruns internacionais, por destruir o seu meio ambiente, o que coloca em risco o Acordo Mercosul – União Europeia, faz bem para a nossa autoestima ver o trabalho de brasileiros ser reconhecido no exterior e servir de exemplo para outras nações.

(fonte: UOL/Texto: Ricardo Kotscho)

Fonte: Brazilian Times