Argentino que expôs em filme abuso em prisões da imigração é preso pelo ICE

Claudio Rojas. Imagem: divulgação do filme.

Semanas depois de um documentário que expõe as injustiças em um centro de detenção de imigrantes no sul da Flórida estrear em um festival nacional de cinema, Claudio Rojas, 53 anos, argentino que vive como indocumentado há anos na Flórida e que participou do filme, foi preso pela Agência de Imigração e Alfândega em Miramar.

O filme, “The Infiltrators”, já estreou em outros estados e será exibido no Festival de Cinema de Miami nesta terça, 5, e quarta-feira, 6, no Silverspot Cinema. Rojas planejava comparecer. O filme relata o dia-a-dia na prisão do U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE) no Sul da Flórida.

Rojas já havia sido preso em 2010 e 2012, mas saiu e desde então comparecia anualmente à imigração. Desta vez, ele deve ser deportado, de acordo com seus advogados. Ele mora em Miramar com sua esposa e seus dois filhos adultos, e acaba de se tornar avô.

De acordo com os registros, Rojas permanecia detido no Krome Detention Center, no sul de Miami-Dade. Seus advogados dizem que ele foi preso na quarta-feira, 28, sem uma maior explicação, após um check-in anual. Os cineastas acreditam que a “detenção de Rojas é uma retaliação por seu ativismo”.

“Eles chamaram o nome de Claudio e três agentes simplesmente o agarraram”, disse Sandy Pineda, uma de suas advogadas, ao Miami Herald no fim de semana. “Ele não tem antecedentes criminais. Eles não nos permitiram nenhum processo, não permitiram que seus advogados conversassem com ele e levaram seu passaporte. Eles nos disseram que não tínhamos nada a lhe dizer e que sua ordem de prisão vinha dos superiores. É grotesco”, expressou a advogada.

O imigrante argentino virou ativista e ganhou as manchetes nacionais na última década depois de ser detido pelo ICE em 2010 por ultrapassar seu visto. Dentro do Broward Transitional Center, ele acabou vazando informações sobre a rotina de funcionamento onde estava. Rojas tornou-se então uma mina de ouro de informações para a Aliança Nacional da Juventude Imigrante – organização sem fins lucrativos, que na época estava tentando impedir sua deportação. Suas informações inspiraram a realização do filme – “Os Infiltradores” – que estreou no Sundance Film Festival, em Utah, no início de fevereiro.

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Broward Transitional Center é uma instituição sem fins lucrativos que deteve centenas de imigrantes sem julgamento, disseram cineastas. A instalação de Broward serve como um espaço de espera para deportações iminentes de imigrantes que entraram ilegalmente no país.

O documentário segue ainda um “grupo de jovens indocumentados -“Dreames”- que são detidos “propositalmente” pela Patrulha de Fronteira para se infiltrarem em um centro de detenção obscuro e com fins lucrativos”, segundo a sinopse do filme. O filme expõe as “péssimas condições que os imigrantes enfrentam quando injustamente detidos e não detêm poder sobre seu futuro”. Os eventos descritos ocorreram em 2012, durante o governo Obama.

De acordo com Pineda, Rojas tem um pedido de visto T pendente – emitidos para vítimas de tráfico humano e de trabalho. Rojas teria sido vitimado por um empregador, um caso sob investigação do Departamento do Trabalho dos EUA. De acordo com a política do ICE, as pessoas com visto T pendente recebem proteção contra deportação e podem servir como um caminho para o status de residente permanente. Com informações do Miami Herald.

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Fonte: Gazeta News