Perdendo bolsas de estudos e dinheiro, brasileiros pedem liberação para entrar nos EUA

Carol Nakata, 20 anos, faz aulas online do curso de Psicologia e Comunicação na Malone University, em Ohio.

Desde julho, em torno de 100 estudantes brasileiros ainda aguardam no Brasil uma resposta para poderem entrar nos Estados Unidos e assistirem as aulas presenciais nas quais estão matriculados. Alunos de graduação e pós-graduação, alguns já perderam bolsa de estudos e estão pagando aluguel onde iriam morar.

O grupo tenta junto a deputados e outras autoridades e órgãos, incluindo o Itamaraty, que seja retirada a suspensão para eles, assim como já foi feito para estudantes de outros países. 

O Gazeta News vem acompanhando o caso, e noticiou quando parte do grupo conseguiu ir para o México, onde cerca de 50 estudantes fizeram uma quarentena de 14 dias e seguiram para os EUA, onde iniciaram as aulas. Ainda é exigido pelo governo americano que o viajante aguarde em qualquer país que não tenha a restrição de entrada.

Mas a outra parte daqueles que não têm condições de fazer o mesmo, segue aflita no Brasil. O GN conversou com alguns deles. 

We the Foreigner’s

Carol Nakata, de 20 anos, está fazendo aula online. No último ano do curso de Psicologia e Comunicação na Malone University, em Ohio, ela perdeu uma das bolsas de estudo, mas vai poder continuar no curso porque tem outras. “Graças a Deus eles abaixaram as taxas por eu não estar lá e fiquei com algumas bolsas, então estou conseguindo continuar meus estudos. Não fui pro México nem Europa fazer quarentena e estou esperando pra que tirem o travel ban”, conta.

Bruna Pacheco perdeu bolsa para o mestrado em Global Business em Fulton, Missouri.

Com a campanha no Brasil um pouco parada por causa da falta de respostas do Itamaraty e autoridades brasileiras a respeito, o jeito é esperar. Nakata enfatiza que o grupo, que antes contava com uns 200 estudantes, fez de tudo para conseguir apoio e pressionar pessoas de poder no caso. “Porém, já que nada foi liberado, o movimento acalmou e muitos foram pro México”, relata.

Sem bolsa de mestrado

A maioria dos que perderam bolsa é estudante de pós-graduação que havia conseguido trabalho também. Bruna Pacheco é um deles. No final de agosto, Bruna começaria seu mestrado em Global Business em Fulton, Missouri, na Universidade William Woods com 100% de bolsa, mais moradia e alimentação. Tenista, ela tinha conseguido um emprego como Assistant of Sports Information Director na área de comunicação de esportes da universidade. “Já estava tudo encaminhado. Me formei na área de comunicação para poder trabalhar com isso. Porém, agora, estou procurando qualquer posição na universidade para eu poder voltar!”, desabafa.

A estudante conta que algumas pessoas estão indo para o Equador tirar o visto, uma vez que no Brasil a emissão está suspensa temporariamente. “Teve gente que foi para o Equador para poder tirar o visto e depois entrar nos EUA. Lá e em outros países estão liberando o visto. No Brasil que não. Também liberaram a entrada de estudantes de outros países como viagem essencial, mas o Brasil infelizmente continua de fora”, analisa.

Bruno Andrade, de Salvador (BA), faz aulas online da University of Nebraska-Lincoln. mas paga aluguel nos EUA.

Entrevistas para o visto canceladas

Com a emissão de vistos americanos cancelados temporariamente até outubro, pelo menos, as entrevistas que estavam agendadas não estão acontecendo.

É o caso do estudante Bruno Andrade, de Salvador (BA), aluno da University of Nebraska-Lincoln cujas aulas presenciais iniciaram desde o final de agosto. Ele tinha agendado para tirar o visto de estudante (F-1), mas os consulados fecharam e a emissão de vistos foi suspensa.

“Eles sempre marcam data para a entrevista de visto mas cancelam de última hora. Está sendo assim há quase três meses. O prazo para eu chegar na minha universidade está acabando (20 de setembro) e provavelmente terei que fazer esse semestre todo online e só entrar lá no próximo. Ainda estou na esperança que abram a fronteira para pelo menos os estudantes, que já deveriam ter sido isentos do travel ban desde o começo”, afirma.

Enquanto isso, Bruno está fazendo o primeiro semestre online, mas conta que se sente prejudicado porque tem aula que exige o modelo “in-person”, pois exige movimento e performance, segundo ele.

Além disso, o lado financeiro também está pesando. Ele está pagando aluguel onde iria morar. “630 dólares por mês. 1260 dólares já foram pagos sem eu estar lá por causa do contrato. Quis garantir meu apartamento pois na época parecia estar tudo certo. Eu iria fazer uma quarenta em outro país antes de entrar. Mas nunca iria imaginar que os consulados iriam ficar cancelando as entrevistas de última hora e até hoje está assim”, desabafa.

“A gente continua no escuro”

Jogadora de vôlei da University of North Carolina – Asheville, Camilly Cristiny,

Os estudantes tentam pressionar as autoridades brasileiras para que intercedam, mas, segundo eles, nada foi feito até agora. “Temos tentado entrar em contato com o Itamaraty, embaixada, deputados, mas recebemos sempre a mesma resposta – que eles não podem fazer nada – e a gente continua no escuro, sem saber quando vamos poder retornar para as nossas faculdades”, diz a jogadora de vôlei da University of North Carolina – Asheville, Camilly Cristiny, que também segue fazendo aulas online em sua casa no Rio de Janeiro e não perdeu a bolsa. Mesmo assim, sente por estar perdendo os treinos.

O Gazeta News entrou em contato com os deputados Kim Kataguiri, Tabata Amaral e Caroline De Toni, mencionados pelos estudantes, e também novamente com o Itamaraty, mas não houve retorno até o momento da publicação desta matéria.

A informação dada ao GN pelo Itamaraty no dia 18 de agosto é de que “o governo brasileiro está em permanente contato com as autoridades norte-americanas em busca de soluções para esses e outros casos decorrentes de restrições migratórias e sanitárias impostas durante a pandemia de COVID-19. É necessário, porém, compreender que, em todo o mundo, a autorização de ingresso em território de país estrangeiro é competência exclusiva e soberana das autoridades imigratórias do respectivo país”.

 

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Fonte: Gazeta News