Califórnia reabre após 15 meses de lockdowns e máscaras obrigatórias

Na terça-feira, a Califórnia retornou à normalidade do “business as usual” – ou quase. Após 15 meses de limitações necessárias diante da grave crise de saúde pública provocada pela pandemia, entrar em um estabelecimento comercial sem usar máscara soa no mínimo estranho, parece que falta algo, porque já virou hábito. Por outro lado, soa também de certa forma transgressor, libertador.

A regra de não precisar usar máscara na realidade vale só para quem já tomou as duas doses da vacina gratuita há pelo menos duas semanas, mas não há fiscalização nem necessidade de comprovação disso na maior parte dos lugares. Em todo o Estado, pessoas comemoraram em bares, restaurantes, cinemas, academias e salões de beleza. A palavra de ordem é virar a página da Covid e retomar a vida, “get over it”.

Claro que há também as pessoas mais cautelosas, que já se vacinaram e ainda pretendem usar máscara por mais algum tempo, ou aquelas que não podem se vacinar por questões de saúde. Nessa mesma linha, alguns estabelecimentos continuam solicitando que a clientela use máscara, embora não seja obrigatório. Aliás, ninguém pode ser proibido de entrar em estabelecimento usando máscara. Portanto, fica a cargo de cada um usar ou não.

Em nível federal, a recomendação é que ainda se use máscara em tudo associado a transportes públicos, tais como aeroportos, aviões, estações de trem e metrô, além de ônibus. Na Califórnia, máscaras também são obrigatórias nas creches e escolas de ensino fundamental, prisões e abrigos. O uso de proteção no rosto também continua valendo para ambientes de trabalho, o que deve acabar no mais tardar até o fim do mês.

Para eventos em área coberta com mais de 5 mil pessoas, como jogos de basquete, será preciso apresentar comprovação de vacinação ou teste negativo de Covid. Em San Francisco, as regras são ainda mais rígidas: se o promotor do evento permitir testes como atestado, todos os presentes têm que usar máscara durante o evento, estejam vacinados ou não.

Covid em baixa

De acordo com especialistas, a Covid está em pleno recuo na Califórnia. O número de casos e hospitalizações está abaixo dos do mesmo período no ano passado, quando a pandemia ainda estava no início. A média de mortes por Covid despencou 97% em relação ao pico da Covid no Estado. Nos últimos sete dias, somente 0,8% dos testes para coronavírus deram positivo – um dos menores percentuais dos EUA.

Esses resultados promissores contra a doença altamente contagiosa se devem ao esforço coletivo da população, de seguir rigorosamente as orientações de saúde pública, como usar máscaras e manter o distanciamento social – além de, é claro, a bem-sucedida vacinação em massa promovida pelo governo local.

Atualmente, 72% dos adultos na Califórnia (ou 57% da população) receberam pelo menos uma dose, um dos índices mais altos do país. Ainda assim, especialistas dizem que é cedo para cantar vitória e dar a batalha por encerrada. Surtos em locais onde a vacinação ainda é baixa são esperados.

Segundo levantamento do Condado de Los Angeles, entre adultos, apenas 25% dos negros e 39% dos latinos receberam ao menos uma dose. Entre brancos e asiáticos, esse número é de 55% e 72%, respectivamente.

Além disso, variantes do vírus, que tornam a doença mais transmissível, já foram identificadas no Estado. De acordo com especialistas, só está realmente protegido quem se vacinou e vive em uma região altamente vacinada.

Até agora, quase 4 milhões de californianos testaram positivo para Covid, mais do que toda a população do Condado de San Diego, e quase 63 mil pessoas morreram devido à doença, ou seja, o equivalente ao total de moradores da cidade de Redondo Beach.

Vacina começa a ser testada em crianças

Imunização para próximo ano escolar (Foto: CDC/Pexels)
Imunização para próximo ano escolar (Foto: CDC/Pexels)

Um grupo de 75 crianças de 5 a 11 anos de idade está participando de um estudo experimental de vacinação contra Covid, promovido pela Kaiser em Sacramento, Oakland e Santa Clara. Dois terços receberão a vacina, enquanto o restante receberá uma substância inócua sem saber. Nem os médicos têm acesso à informação sobre quem está recebendo a vacina de verdade – no caso, da Pfizer, patrocinadora da pesquisa.

O estudo é organizado dessa forma para ter certeza de que os pacientes mirins não estão sendo sugestionados a sentirem sintomas supostamente provocados pela vacina ou não. O grupo comparativo também é necessário para medir a eficácia da vacina: percentual de vacinados e de não-vacinados que contraiu a doença.

Em todo o país, são 4.600 crianças participando do experimento. Se tudo der certo, a vacinação de crianças poderá ser aprovada já para o próximo ano escolar, que começa em meados do segundo semestre, de acordo com o Centro de Estudos de Vacina da Kaiser Permanente. O instituto também abriu recentemente um estudo similar com a Moderna, desta vez para crianças de 6 meses a 11 anos.

Dentre adultos, as vacinas Pfizer e Moderna já provaram ser muito mais do que seguras e eficazes na prevenção da Covid. Quase 150 milhões de americanos já receberam duas doses, perfazendo 45% da população vacinada. No mundo, já são 480 milhões de imunizados.

L.A. quer reforçar proteção ao inquilino

A cidade de Los Angeles quer fortalecer as leis de proteção ao inquilino, como por exemplo proibir locadores de assediar ou coagir seus moradores. O novo regulamento está sendo redigido pelo jurídico da prefeitura, após ter sido aprovado em linhas gerais pelo Conselho da Cidade.

Pelo decreto, vai se tornar ilegal ameaçar inquilinos com agressões físicas ou tentar suborná-los para que deixem o imóvel, além de ser vetado eliminar serviços ou se recusar a fazer reparos que estejam previstos no contrato de aluguel. Os administradores e donos de imóveis também não poderão enganar inquilinos sobre seus direitos, tal como dizer que a pessoa é obrigada a se mudar, além de se recusar a receber pagamento de aluguel dentro das leis.

A privacidade do inquilino também deverá ser mais preservada. Locadores só podem perguntar sobre a vida do morador o que estiver previsto em lei. Eles também não poderão revelar para outros o que foi lhe dito em confiança, como o status imigratório do locatário.

Se ocorrerem violações a esse código em elaboração, os inquilinos poderão processar os locadores e solicitar indenização de até $10 mil por infração, mais um adicional de $5 mil cada se for contra idosos ou portadores de deficiência, além das custas processuais.

Leis similares já existem em San Francisco, Santa Monica e West Hollywood. A portaria ainda necessita ter sua redação final aprovada pelo Conselho da Cidade para ser promulgada e entrar em vigor.

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