Como é curtir uma noite no tradicional São João de Caruaru

O São João de Caruaru é uma das maiores festas juninas do Brasil! São mais de 60 dias de festa com inúmeras atrações e um púbico enorme: a expectativa é que supere a marca de 4 milhões de pessoas neste ano! Fui conhecer de perto essa festa incrível e conto para vocês nesse post como foi a minha experiência no tradicional evento junino da Capital do Forró. Vem comigo!

São João de Caruaru

O São João de Caruaru é organizado desde 1984 pela Fundação de Cultura de Caruaru. A cada edição, centena de artistas locais e nacionais se apresentam em diversos polos espalhados pela cidade, incluindo a zona rural.

Em 2023, a festa começou no dia 28 de abril e será encerrada hoje (01/07). São mais de 60 dias de celebrações! Até o dia 2 de junho, as festividades estiveram concentradas na zona rural de Caruaru, com o São João na Roça. A partir do dia 3 de junho, começaram os eventos na cidade, distribuídos em 25 polos.

Pórtico na Praça Silva Filho. Foto: Prefeitura de Caruaru.

Ao término do São João de Caruaru, mais de 1.200 atrações terão se apresentado no evento, sendo 80% artistas da própria cidade, o que fortalece a cultura regional. Além disso, o impacto econômico também é grande. A expectativa é que o evento movimente mais de R$ 500 milhões na economia local, com a geração de mais de 7 mil empregos formais e impactando mais de 13 mil empregos indiretamente.

São números impressionantes, que dão um pouco da dimensão da festa. Mas nada melhor para entender a grandiosidade do São João de Caruaru que vivenciar a festa, não é mesmo?

Desembarcando no São João de Caruaru

Partindo do Recife, fui de ônibus (super confortável!) até Caruaru, na companhia de dezenas de outras pessoas, que como o Melhores Destinos também foram convidadas pela Empetur. Teve até serviço de bordo, com snacks e bebidas sem álcool. Foram pouco mais de 130 km até o nosso destino, trajeto que durou cerca de 2 horas.

Pouco antes do desembarque, com o ônibus parado na entrada da cidade, um fato chamou minha atenção: a todo instante, outros ônibus e vans de turismo também chegavam a Caruaru. Eram muitos veículos. Naquele momento, só conseguia pensar no comentário feito pela diretora de comunicação da Empetur, Silvia Fragoso, ainda no Recife, quando falei que seria a minha primeira vez no São João de Caruaru. Com um sorriso orgulhoso no rosto, ela me disse: “Tu vai ver o que é gente! Ninguém anda não.”

É claro que havia algum exagero na fala de Silvia, mas o distanciamento com a realidade não era tão grande. De fato, houve um momento naquela noite em que eu quase não consegui andar. Mas ainda não é hora de falar sobre isso, chegaremos lá.

Entrada da vila cenográfica. Foto: Prefeitura de Caruaru.

O relógio marcava quase 18:00 quando desembarcamos na Praça Silva Filho. De lá, caminhamos por aproximadamente 650 metros até o Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, principal polo do São João de Caruaru. Do pórtico na entrada da praça até o local que recebe os maiores públicos da festa, bandeirolas por toda parte, tudo remetia ao São João, a Pernambuco, ao Nordeste.

Ao passar pelo pórtico, entramos na vila cenográfica. Do lado direito, uma locomotiva puxando vagões carregados de cultura popular, do cordel à capoeira, do boi ao pife, clara referência ao icônico Trem do Forró, que ia do Recife a Caruaru em época de São João. No mesmo lado, um pouco adiante, estava o mercado, com muito artesanato local. Bonecas de pano, redes, artefatos de couro, bordados e muito mais.

Do outro lado da “rua” – toda a estrutura é montada sobre a praça – os estabelecimentos que lembram uma cidadezinha de interior, com direito a bodega, delegacia, igreja, o tradicional coreto da pracinha e até a casa da rezadeira.

Vila cenográfica. Foto: Prefeitura de Caruaru.

Deixando a vila para trás, chegamos ao Polo do Repente. Infelizmente, não havia apresentação no momento em que passamos por lá. Se houvesse, provavelmente teria me perdido do grupo, pois sou facilmente hipnotizado pela cantoria dos repentistas. 😅

Continuando pela Praça Silva Filho, passamos ainda pelo Teatro de Mamulengos. Dei azar de novo. Tinha acabado de terminar uma apresentação e não poderíamos esperar pela próxima. Vão contando. Já são dois motivos para voltar em 2024. 😌

Adiante, mais comércio, com um segundo mercado e o pavilhão dos food trucks, que ficava em frente ao polo Camarão, espaço que homenageia o sanfoneiro pernambucano Reginaldo Alves Ferreira, também conhecido por Mestre Camarão. Por lá, nos abrigamos da chuva por alguns minutos antes de seguirmos para o Pátio de Eventos. A concentração de pessoas ali já era maior, o que dava uma ideia do que estava por vir, considerando que ainda não havia passado das 19:00, horário em que começam os shows no palco principal do São João de Caruaru.

Foto: Prefeitura de Caruaru.

Palco principal

Quando finalmente chegamos ao Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, o primeiro show da noite já havia começado. Do camarote, uma visão privilegiada da área de festa, que ainda não estava lotada, mas já impressionava, e uma boa proximidade do palco, onde se apresentava o caruaruense Benil, cantando muito forró.

Mas não dava pra estar ali e se contentar com o camarote, queria sentir ainda mais de perto a energia do São João de Caruaru, então desci ao Pátio de Eventos para acompanhar o segundo show da noite, da minha conterrânea, a cearense Taty Girl.

Nordestino orgulhoso que sou, foi ali, no meio da multidão, que me arrepiei pela primeira vez, cantando e vendo o público cantar grandes sucessos do forró, música genuinamente nordestina e marca das festas de São João.

Pátio de Eventos durante o primeiro show da noite, ainda com muito espaço livre. Foto: Orseni Pequeno.

Mas lembra que disse que houve um momento em que quase não consigo andar? Pois bem, quando terminou o show da Taty Girl, eu e os colegas que me acompanhavam decidimos voltar ao camarote para assistir dali o show do cantor João Gomes (para mim, o mais esperado da noite).

Não foi fácil. Enquanto tentávamos sair, muita gente vinha em sentido contrário, tentando se aproximar do palco. Um congestionamento e tanto, daqueles que você vai sendo levado pelo movimento da massa, sem muito controle. Não sei exatamente quanto tempo levamos para chegar ao camarote, mas o importante é que chegamos bem. E apesar do aperto, não houve qualquer confusão.

Aliás, devo dizer que não vi uma briga sequer dentro do Pátio de Eventos. Antes que alguém comente “eu tava lá e teve briga sim”, não estou dizendo que não teve, mas que não presenciei. O que vi foi muito policiamento. Divididos em pequenos grupos, os policiais cobriam boa parte da área de festa, o que parecia estar de acordo com o acréscimo de 20% no investimento em segurança que o Governo de Pernambuco fez para o São João 2023, como destacou o presidente da Empetur, Eduardo Loyo, também presente no evento.

De volta à festa, o retorno ao camarote rendeu o segundo momento de arrepio da noite. E não foi por medo do empurra-empurra na saída do show da Taty Girl. Mas teve relação com a lotação.

Pátio de Eventos lotado durante a apresentação do cantor João Gomes. Foto: Orseni Pequeno.

Eu sabia que o público havia aumentado muito em comparação com o momento em que chegamos, mas apenas quando retornei ao camarote e olhei para o Pátio de Eventos que me dei conta que o espaço estava completamente tomado. Eram mais de 100 mil pessoas reunidas ali no momento em que João Gomes subiu ao palco. 100 mil pessoas celebrando a cultura nordestina. Para mim, era impossível não me arrepiar. Para o cantor pernambucano, foi impossível segurar o choro no palco.

Após o showzaço de João Gomes, Gustavo Mioto fechou a noite trazendo a música sertaneja para o São João de Caruaru, ainda com bom público no Pátio de Eventos.

Visão geral do Pátio de Eventos, já no final da festa. Foto: Orseni Pequeno.

Já na parte final do último show, retornamos ao ônibus e voltamos ao Recife, encerrando, assim, a minha breve passagem pelo São João de Caruaru.

O que fica do São João de Caruaru

Foram pouco mais de 8 horas na Capital do Forró, tempo suficiente para compreender a paixão do pernambucano pelo São João de Caruaru e me apaixonar também. É bem verdade que já tinha bons sentimentos pela cidade, preservados desde a visita que fiz ainda antes da pandemia, quando conheci a grandiosa Feira de Caruaru, a arte de Mestre Vitalino no Alto do Moura e os detalhes da vida de Luiz Gonzaga no Museu do Forró. Mas estar lá no período junino, justamente no Dia de São João – quase esqueço esse detalhe – foi diferente. De uma forma muito positiva, claro.

Mas também ficou a sensação de que havia muito mais para ver e sentir. É claro que se você puder ir por apenas uma noite, provavelmente vai valer a pena, mas ficou claro para mim que é preciso ter mais dias em Caruaru para celebrar tudo o que o São João da Princesinha do Agreste tem a oferecer. Além do repente e do teatro de mamulengo, que não consegui assistir, faltou ver as quadrilhas, a apresentação dos bacamarteiros, o Boi Tira-Teima e outras muitas expressões da cultura popular pernambucana e nordestina.

Quem sabe em 2024…

O Melhores Destinos viajou a convite da Azul e da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). 

Fonte: Melhores Destinos

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