Donald Trump com Covid-19: o que se sabe sobre a doença do presidente dos EUA

A notícia de que o presidente Donald Trump estava infectado com o novo coronavírus balançou o centro da política dos Estados Unidos a um mês das eleições presidenciais. O republicano deve deixar o hospital nesta segunda-feira (5), mas, do dia do diagnóstico até hoje, ele enfrentou dúvidas sobre o real estado de saúde e viu outros funcionários da Casa Branca contraírem a Covid-19.

Além disso, os compromissos de campanha do candidato à reeleição precisaram ser cancelados. Com a infecção ainda recente, os desdobramentos da doença do presidente serão vistos ao longo dos próximos dias. Veja abaixo o que se sabe e o que ainda falta saber sobre Donald Trump com Covid-19.

Presidente dos EUA, Donald Trump, durante evento na Casa Branca para anunciar a nomeação de Amy Coney Barrett — Foto: Carlos Barria/Reuters

Quando Trump pegou Covid-19?

Não se sabe ainda quem infectou o presidente nem há certeza sobre qual foi o evento em que ele contraiu o novo coronavírus. Há algumas pistas, no entanto: Em 26 de setembro, a Casa Branca ficou cheia para o anúncio da nomeação de Amy Coney Barett para a Suprema Corte. Muitos dos convidados que também se infectaram estavam sem máscara e se sentaram muito próximos; Na noite de 1º de outubro, saíram os resultados positivos do teste para Covid-19 de Donald e Melania Trump. No dia seguinte, o presidente relatou sintomas e foi atendido em hospital. Esses seis dias batem com o período de incubação do novo coronavírus, que pode chegar a 14 dias desde a infecção até o aparecimento dos primeiros sinais da doença.

Trump acena ao deixar a Casa Branca antes de ser internado em hospital militar em Washington. — Foto: AP Photo/Alex Brandon

Trump e Melania começaram a cumprir quarentena ainda na tarde de quinta-feira, depois que souberam que a assessora Hope Hicks, de 31 anos, contraiu o novo coronavírus. Horas mais tarde, quando já era madrugada de sexta (2) no Brasil, o presidente usou as redes sociais para avisar que ele e a primeira-dama tiveram diagnóstico positivo para Covid-19. Porém, segundo reportagem do “Wall Street Journal”, Trump recebeu resultado positivo para o coronavírus horas antes de divulgar a doença, por meio de um teste rápido. De acordo com o jornal, o presidente aguardava a confirmação de outro teste, mais robusto, antes de anunciar oficialmente que estava com o vírus. Os médicos de Trump não quiseram comentar essa informação.

Quais sintomas Trump apresentou?

Em um primeiro momento, horas depois da confirmação do diagnóstico, a Casa Branca disse que Trump teve apenas fadiga. A primeira-dama apresentou, também segundo comunicado oficial, dor de cabeça e tosse moderada. Esse comunicado foi divulgado momentos antes de um helicóptero pousar na Casa Branca para buscar o presidente e levá-lo até o Centro Médico Militar Walter Reed, perto de Washington. Naquele momento, veículos de imprensa dos EUA afirmavam que Trump também teve febre e falta de ar, mas o governo americano não confirmou.

Centro Médico Militar Walter Reed, onde Trump foi internado — Foto: Reuters/Joshua Roberts

Desde a internação, médicos que acompanharam o tratamento de Trump deram detalhes sobre o estado de saúde do presidente: ele teve queda na saturação de oxigênio ainda na sexta-feira e no sábado. O republicano chegou, inclusive, a receber oxigenação artificial para ajudar na respiração e, assim, voltou a melhorar. Outros sintomas relatados no hospital foram cansaço, congestão nasal e tosse. Na tarde desta segunda-feira, o médico Sean Conley disse que o presidente preenchia os requisitos de alta: ausência de febre e boa oxigenação.

Que tipo de tratamento Trump recebeu?

Também na sexta-feira, a Casa Branca informou que Trump recebeu oito gramas de um coquetel antiviral em fase de testes nos EUA: trata-se de anticorpos monoclonais produzidos pela farmacêutica Regeneron. O presidente passou por esse tratamento antes de ir para o hospital. As pesquisas e o uso experimental desses anticorpos funcionam da seguinte forma: Cientistas buscam os linfócitos B de pacientes que já tiveram a Covid-19; Depois, eles identificam os anticorpos e fazem vários estudos para descobrir qual deles consegue neutralizar o vírus e, assim, evitar que ele entre nas células humanas; No caso do tratamento de Trump, uma dupla de anticorpos foi utilizada.

Cientista trabalha na farmacêutica Regeneron, que desenvolve coquetel experimental para tratamento da Covid com uso de anticorpos. — Foto: Regeneron via AP

Os cientistas usam os genes dos anticorpos neutralizantes e inserem em uma célula padronizada, chamada de célula CHO; Com isso, os pesquisadores tentam criar um coquetel com os anticorpos isolados do coronavírus para uso preventivo ou durante a evolução da doença. Além disso, enquanto ainda estava na Casa Branca, Trump tomou suplementos alimentares, um analgésico e um medicamento para proteger o estômago. E, no hospital, o presidente tomou doses de remdesivir, outro antiviral em fase de testes. O comunicado oficial não menciona a hidroxicloroquina, medicamento que havia sido defendido por Trump no passado para uso contra a Covid-19.

Como fica a campanha de Trump, agora?

O republicano, naturalmente, precisou cancelar compromissos e eventos da campanha pela reeleição após o diagnóstico de Covid-19 e a entrada no hospital. O mais marcante foi o cancelamento de comícios na Flórida e no Wisconsin que ocorreriam no fim de semana. Os dois estados são considerados essenciais na disputa com o democrata Joe Biden — Trump venceu nesses dois locais em 2016, resultados que pavimentaram a vitória republicana no Colégio Eleitoral.

Carro com o presidente dos Estados Unidos, Trump, passa por apoiadores em uma carreata fora do Walter Reed Medical Center em Bethesda, Maryland — Foto: Alex Edelman/AFP

Os debates, porém, continuam uma incógnita. Os dois últimos encontros entre os candidatos estavam previstos para 15 e 22 de outubro. Não se sabe se Trump estará completamente recuperado até lá — de maneira segura, ou seja, que ele não esteja mais transmitindo o novo coronavírus. Também não se sabe qual será a estratégia de campanha de Trump nos próximos dias — o republicano, mesmo com a pandemia, vinha adotando comícios presenciais como método para angariar multidões e chamar a atenção do eleitorado em estados com a votação mais acirrada. No domingo, Trump chegou a deixar o hospital em um carro para cumprimentar apoiadores que estavam do lado de fora do hospital. Embora não tenha saído do veículo, ele recebeu críticas por ter colocado em risco funcionários da segurança que estavam embarcados. A equipe médica do presidente, porém, disse que todos estavam protegidos.

Fonte: Brazilian Press