EUA quer acelerar deportação de solicitantes de asilo na fronteira

Foto24 Imigrantes deportados EUA quer acelerar deportação de solicitantes de asilo na fronteira
Na sexta-feira (29), Trump ameaçou novamente fechar a fronteira dos EUA com o México. Imigrantes deportados chegam à América Central (detalhe)

A administração atual decidiu que as condições que justificam o TPS, desastres naturais que ocorreram há quase 20 anos, não se aplicam mais

Na sexta-feira (29), o Presidente Donald Trump ameaçou novamente fechar a fronteira do México, ou grande parte dela, se o governo do país vizinho “não parar imediatamente toda a imigração ilegal vinda para os Estados Unidos”. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, minimizou a declaração de Trump em entrevista coletiva no sábado (30). “Queremos ter uma boa relação com os EUA, não vamos polemizar”, disse o líder mexicano.

Os requerentes de asilo, geralmente, têm direito a entrar nos EUA durante o processo para obter essa condição. Porém, a fila de espera para análise desses casos chega a 700 mil imigrantes, e, portanto, os estrangeiros aguardam anos até sair a decisão. Com a demora, autoridades de fronteira acusam imigrantes ilegais de abusarem do direito em pedir asilo com justificativas falsas. Assim, essas pessoas conseguem viver durante anos nos EUA. A maioria dos imigrantes que pede asilo nos EUA após terem entrado ilegalmente no país não são mexicanos, e sim, centro-americanos que conseguiram atravessar o México.

Entre janeiro e abril de 2018, o aeroporto San Pedro Sula em Honduras recebeu 23.601 chegadas, aproximadamente 64% vindos do México, que tem agido como “braço” do controle migratório dos EUA. O México tem parado inúmeros centro-americanos antes que eles alcancem a fronteira com os EUA.

Agora, cerca de 57 mil hondurenhos e 195 mil salvadorenhos questionam se enfrentarão o mesmo futuro incerto. No início de 2018, a administração Trump anunciou o fim do Status Temporário de Proteção (TPS) para imigrantes beneficiados naturais de El Salvador e Honduras. O programa permite que os beneficiados trabalhem e vivam legalmente nos EUA.

A administração atual decidiu que as condições que justificam o TPS para ambos os países, desastres naturais que ocorreram há quase 20 anos, não se aplicam mais. Essa decisão afetará não somente os EUA, pois custará aos contribuintes no país US$ 3.1 bilhões para deportar 252 mil beneficiados pelo TPS e seus 245 mil filhos, mas também à América Central. O aumento nas deportações aumentará ainda mais a crise econômica e a brutalidade rampante das gangues de rua.

Entre os 30% a 50% os beneficiados pelo TPS têm vivido nos EUA há mais de 2 décadas. Para muitas chegadas aos aeroportos em San Pedro Sula e San Salvador, o ponto de partida é Maryland, Los Angeles ou Nova York. A recepção de boas-vindas dura poucas horas nos aeroportos superlotados.

“Esta é a última vez que você ouve as autoridades”, relatou um deportado salvadorenho. Além disso, os deportados estão sozinhos. Caso deem sorte, eles conseguirão empregos em centros telefônicos, uma indústria crescente na América Central graças aos incentivos fiscais, baixos custos operacionais e o fluxo recente e constante de funcionários falantes de inglês. Em El Salvador, os centros telefônicos empregam cerca de 20 mil pessoas. Entretanto, a maioria dos deportados terão dificuldades em não interagir com o crime organizado, risco aumentado pelas novas ondas de deportação para a América Central. Em 1996, o Congresso dos EUA aprovou o “Illegal Immigration Reform and Immigrant Responsability Act”, o qual que determina que condenados por crimes nos EUA tenham que ser deportados aos seus países de origem. Como resultado, a América Central absorveu 46 mil deportados com antecedentes criminais, entre 1998 e 2005. Essa onda levou a expansão da cultura das gangues de rua em El Salvador, Guatemala e Honduras, além de apoiar grupos como as sangrentas Mara Salvatrucha (MS-13) e Barrio 18. El Salvador possui o número mais alto de membros de gangues, cerca de 65 mil, com 0.5 milhão de simpatizantes e dependentes.

Fonte: Brazilian Voice