Cartagena é boa opção para explorar o mar do Caribe com voo direto e sem visto

Uma lancha deixa o cais e vai ganhando velocidade conforme avança pelo mar. Nela, uns 30 turistas navegarão meia hora até chegar a um dos principais atrativos de Cartagena: o mar azul claro, da cor do Caribe.

Nos arredores da cidade de Cartagena, o mar e a areia são mais cinzas. A água muito azul e a areia muito branca ficam distantes, perto de ilhas mais afastadas. Para chegar nelas, é preciso pegar uma das lanchas que partem das praias e do cais perto do centro. Há pacotes para ir e voltar no mesmo dia, e que incluem day use em hotéis.

Estes pacotes, também chamados de “pasadia”, permitem ao viajante aproveitar espreguiçadeiras e camas ao ar livre, toalhas, piscinas, spas, drinques e pratos típicos, mas sem precisar se hospedar. Os hoteis mais luxuosos recebem um número limitado de visitantes, o que deixa as praias com espaço mais livre.

O combo de opções incluídas varia. No passeio oferecido pelo hotel San Pedro de Majagua, há trilhas na mata, passeio de caiaque e mergulho, pagos à parte. Os pacotes, que partem de 326 mil pesos (R$ 358), incluem o almoço e os translados de ida de volta, de lancha, com saída do centro de Cartagena.

O caminho até as ilhas é uma atração à parte. Antes de alcançar mar aberto, o barco faz algumas curvas para contornar ilhas e trechos de costa. De uma das margens, um forte aponta seus canhões para a lancha. Eles já não funcionam, mas fazem o viajante imaginar por um momento como seria estar em um navio pirata tentando achar tesouros. Era, afinal, ali que esse tipo de história acontecia.

Cartagena fica quase na esquina entre América Central e América do Sul, do lado com saída para o Atlântico. Os espanhóis aproveitaram a localização e fizeram dali uma espécie de caixa forte e ponto de escoamento de prata e de outras riquezas de suas colônias, especialmente do Peru.

A circulação intensa de pessoas e mercadorias tornou a cidade um lugar com referências de várias partes. No centro histórico, ambulantes vendem frutas tropicais cortadas e anunciam esmeraldas e charutos. Os carros trazem adesivos de times de futebol, o esporte favorito da América do Sul, e da MLB, a liga de beisebol dos Estados Unidos onde brilham muitos jogadores caribenhos. Há descendentes de espanhóis, de indígenas e de africanos pelas ruas.

Até hoje, o centro de Cartagena é cercado por uma grande muralha. Se um dia ela serviu para impedir a passagem de estrangeiros, agora eles entram e se espalham pelas ruas estreitas sem dificuldade. Há ali uma série de construções antigas do tempo colonial, várias delas com cores fortes nas fachadas. Elas fazem a alegria de quem busca cenários para fotos e de quem gosta de refletir sobre como a América Latina se tornou o que é hoje.

Perto do centro histórico, fica Bocagrande, um bairro com diversos hotéis de frente para o mar. A praia ali é menos colorida, e parte dela está em obras, que ainda devem durar alguns meses. Algumas das hospedagens da região trazem referências históricas. O Hotel Caribe preserva boa parte de sua estrutura antiga, como um hall decorado com mármore e um elevador ainda com mostrador analógico. No Hilton, vizinho dali, uma área no subsolo simula uma casa colonial.

Referências a Gabriel García Marquez (1927-2014) são frequentes em paredes e livrarias. O escritor começou aqui sua carreira de repórter, no fim dos anos 1940. Hoje, parte de suas cinzas estão no Claustro de la Merced, parte da Universidade de Cartagena, no centro histórico.

García Marquez ganhou o prêmio Nobel em 1982. Dois anos depois, a Cidade Amuralhada de Cartagena foi eleita pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Nas décadas seguintes, o turismo foi ganhando mais força, enquanto a Colômbia combatia o narcotráfico e as guerrilhas internas. O acordo de paz com as Farc foi assinado em Cartagena em 2016, perto das muralhas.

Durante a pandemia, alguns hotéis de luxo foram expandidos e reformados. Eles buscam atrair viajantes em busca de experiências como ser recebido com toalhinhas geladas para as mãos ao chegar e tomar um espumante enquanto passeiam em iates pela orla.

Alguns dos novos hotéis possuem bons restaurantes e cafés abertos ao público, como o Sofitel Legend Santa Clara, cujas mesas ficam em um pátio dentro de um antigo convento, repleto de árvores e plantas.

Nestes espaços, são servidas novas versões de pratos típicos como a pesca do dia, um peixe frito geralmente servido com arroz de coco (um tanto adocicado) e plátano (espécie de banana) frito em lâminas. É comum também encontrar receitas com frutos do mar, mandioca e beterraba.

Se o turista quiser economizar, há barracas nas ruas que vendem arepas, um bolinho de massa de milho frito na hora que custa em torno de R$ 5. Eles podem levar vários recheios, como ovo frito. Para se hospedar, há hostels no centro histórico, ao lado de bares com preços mais em conta. Neles, uma cerveja colombiana custa em torno de 7.000 pesos (R$ 7,70). Há também festas a bordo de ônibus e barcos mais simples, que cortam a noite, no asfalto e na água, com luzes piscando e música tocando.

Cartagena espera atrair mais turistas brasileiros este ano, por duas razões: desde janeiro, há um voo direto para São Paulo, que vence a distância em seis horas e meia, operado pela Avianca. As passagens custam a partir de R$ 1.056 por trecho.

O outro motivo é que o México ficou um pouco mais distante: desde o ano passado, o país passou a exigir visto para turistas brasileiros. A Colômbia não pede nem passaporte para quem é do Brasil —apenas comprovantes de vacinas contra Covid e febre amarela são exigidos nos guichês do pequeno aeroporto local.


QUEM LEVA

Avianca (voo direto de SP), Copa e Latam.

PASSEIOS e DAY USE

Makani Luxury Beach Club
O clube fica na ilha Tierra Bomba, a cerca de 30 minutos de Cartagena. Pacote diário inclui transporte, drinque de boas-vindas e espreguiçadeiras perto do mar. O local tem piscinas, bar e restaurante, com consumo pago à parte.
Pasadia: a partir de 190 mil pesos (R$ 209).

San Pedro de Majagua
A 1 hora de Cartagena, tem duas praias pequenas, de área cristalina, várias redes e espreguiçadeiras embaixo das árvores. Oferece atividades, como mergulho e trilha de bike pela ilha. Pacote diário inclui o almoço.
Pasadia: a partir de 326 mil pesos (R$ 358)

ONDE FICAR

Capilla del Mar
Hotel mais simples, com quartos amplos e de frente para a praia de Bocagrande.

Hilton
O espaço tem acesso direto à praia, quadras esportivas e áreas temáticas, como uma que simula uma casa colonial.

Caribe
Inaugurado em 1945, o hotel mantém a aparência antiga, como elevadores com mostrador de ponteiro e quartos com decoração retrô, mas conforto de cinco-estrelas. Há suítes presidenciais e acesso direto à praia.

Sofitel Barú Calalablanca Resort
Recém-reformado, fica na região de Baru, de frente a uma praia com águas cristalinas. Traz experiências como degustação de café e oficina de turbantes.

Fonte: Folha de S.Paulo