Com atração até debaixo d’água congelada, Tignes tem diversão com férias na neve

A cidade de Tignes, nos alpes franceses, é considerada um dos principais destinos da Europa para a prática de esportes na neve, em especial esqui e snowboard. Mas suas atrações vão muito além disso.

Trilhas na neve, passeios em trenó puxado por cachorros e, para os que não têm medo do frio, até o mergulho nas águas congeladas de um lago são algumas das diversas experiências que essa pequena cidade de pouco mais de 2.500 habitantes pode proporcionar aos turistas.

Após ficar submersa devido à construção de uma usina hidrelétrica em 1952, a comuna de Tignes foi reconstruída praticamente do zero nos anos 1960, com o objetivo específico de explorar o turismo de inverno.

Aproveitando a cadeia de montanhas que a cerca, e com altitude superior a 2.000 metros, a região é conhecida por ter uma das mais longas temporadas de inverno da Europa, com quase seis meses de neve, do início de dezembro ao início de maio.

Atualmente, Tignes é dividida em cinco “vilas”. Les Brévières, situada no pé da barragem, e 1800 (antiga Les Boisses), no alto dela, com uma reprodução da antiga igreja da cidade, são as mais antigas. Ficam mais afastadas das principais pistas de esqui da região.

As vilas de Le Lac e Lavachet podem ser consideradas o “centro” de Tignes. É lá que ficam os principais prédios da administração local e alguns dos melhores hotéis, restaurantes e mercados da cidade.

No entanto, por ser uma área de desenvolvimento recente, não espere encontrar ruas e chalés com o mesmo charme e carisma de outras cidades dos alpes franceses, como Chamonix ou mesmo a vizinha Val d’Isère.

É lá também onde fica o lago de Tignes, em que são realizadas as atividades de mergulho sob o gelo. A atração acontece dia e noite, dura cerca de 20 minutos, e depende de condições favoráveis do gelo.

Por valores que vão de 99 a 130 euros (R$ 549 a R$ 721, pela Evolution 2), mesmo pessoas sem experiência em mergulho podem experimentar ficar de um a dois metros abaixo do gelo, observando o balé de luzes e sombras nesse labirinto congelado.

A vila de La Claret é a que reúne a maior parte dos turistas que buscam se divertir nas encostas nevadas de Tignes entre um gole e outro de “génépi” (espécie de licor de ervas, tradicional da região dos Alpes). De lá sai a maior parte dos teleféricos para os mais de 300 km de pistas que interligam Tignes e Val d’Isère, formando um dos dez maiores complexos de esqui da Europa.

A visita a La Claret vale mesmo para quem não se arrisca a descer a montanha em alta velocidade —há um ônibus gratuito que liga as vilas (exceto Les Brévières).

Por 17 euros (R$ 94) é possível comprar uma passagem de ida e volta até o topo de La Grande Motte (ponto mais alto esquiável do complexo turístico, a 3.454 m de altura), pegando o funicular subterrâneo Perce-Neige e depois um teleférico.

No retorno, vale a parada para ao menos um chocolate quente no restaurante Le Panoramic, com uma estrela no Guia Michelin, de onde é possível tirar lindas fotos da montanha.

Não por acaso, foi em La Claret que o Club Med decidiu abrir seu mais novo hotel “all inclusive” de neve. A rede hoteleira já tinha uma unidade na região, mas abandonou o prédio antigo e construiu um novo estabelecimento com 430 acomodações, piscina aquecida, dois restaurantes e spa para receber turistas do mundo todo —e, especialmente, do Brasil.

“Nós temos 14 resorts de esqui na França e o público brasileiro é um dos que mais vem aos nossos hotéis, principalmente em janeiro, durante as férias escolares. Nesse mês, recebemos de 400 a 500 clientes brasileiros por semana”, diz Janyck Daudet, CEO da América do Sul do Club Med.

“Tudo aqui é organizado para os brasileiros passarem as férias com tranquilidade.”

A construção do prédio projetado por Jean-Philippe Nuel, arquiteto e designer especialista em hotéis de luxo, durou dois anos e consumiu investimento de 128,9 milhões de euros (R$ 715,7 milhões).

A abertura do estabelecimento era prevista para 2021, mas foi adiada em um ano para coincidir com o início do que vem sendo considerada a primeira temporada de inverno europeu sem restrições desde 2019, quando a pandemia de Covid-19 golpeou com força a indústria de turismo mundial.

Sem regras obrigando o uso de máscaras por hóspedes e funcionários, garrafas de álcool gel espalhadas por todos os cantos e placas recomendando medidas protetivas, a estadia no hotel realmente lembra os tempos pré-pandemia. Nos bastidores, porém, medidas para evitar um surto de Covid estão mantidas.

“Criamos uma função de chefia dentro do hotel que é o ‘safe together’, que conhece todas as regras de engenharia de segurança. Os protocolos para a cozinha são muito mais estritos. Ainda temos um quarto para isolar pessoas com Covid. É o novo normal. De certa forma, é uma herança boa desse período duro para nós”, acredita Daudet.

Se as restrições sanitárias acabaram, a crise energética na Europa decorrente da Guerra da Ucrânia ainda pode resultar em pequenos contratempos. O governo francês proibiu o aquecimento de piscinas no país acima de 19°C.

Se você tem a intenção de relaxar em um ofurô cercado de neve depois de uma tarde de esqui, por exemplo, melhor guardar o dinheiro e programar sua viagem para a temporada 2023/2024.

Onde ficar

Club Med Tignes
Inaugurado no último dia 3, este “all inclusive” é uma das opções mais fáceis para quem pretende começar a praticar esportes na neve. Além de bebidas e refeições, estão incluídas nas diárias o “ski pass”, que dá acesso aos teleféricos, e aulas de esqui, snowboard e caminhada na neve durante a estadia. Diárias a partir de R$ 2.289.

Belambra Clubs Val Claret
Localizado no prédio que era ocupado pelo Club Med, essa unidade da rede francesa de hotéis serve como uma segunda opção de “all inclusive” na região. Também tem acesso direto às áreas de esqui, mas aulas de esportes na neve e “ski pass” devem ser pagos à parte. Diárias a partir de 231 euros (R$ 1.300).

Les Suites – Maison Bouvier
Do mesmo grupo que administra o restaurante Le Panoramic, este hotel inaugurado em 2007 é o primeiro cinco estrelas de Tignes. Fica em Val Claret, mas um pouco mais afastado do acesso às pistas de esqui do que outros hotéis dessa lista. Diárias a partir de 350 euros (R$ 1.970).

Le Refuge
Um dos primeiros “refúgios” construídos à beiras do lago de Tignes, esse hotel três estrelas passou por diversas renovações ao longo dos anos (a última em 2003) e é uma boa opção de hospedagem para quem deseja se ficar em uma região mais central. A diária inclui café da manhã e depósito para guardar equipamentos de esqui. Diárias a partir de 104 euros (R$ 585).

Fonte: Folha de S.Paulo

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