Fora da Oktoberfest, Blumenau conquista turista com museus, parques e restaurantes

Os 40 mil metros quadrados da Vila Germânica, no coração de Blumenau (SC), são velhos conhecidos de quem já foi ou ao menos ouviu falar da Oktoberfest. Considerada a maior festa alemã das Américas, o evento reúne milhares de amantes de cerveja todos os anos.

Em 2022, por exemplo, a cidade curou de vez a ressaca dos dois anos anteriores em que o festival precisou ser cancelado devido à pandemia de coronavírus. Foram mais de 634 mil pessoas em 19 dias de festa —cifra que equivale a quase o dobro da população de Blumenau. Entre músicas e comidas típicas, foram consumidos, segundo a Secretaria Municipal de Turismo, 683 mil litros de cerveja.

A edição 2023, de 4 a 22 de outubro, promete ser ainda maior, com mais dias de entrada gratuita. A venda de ingressos começou no início de maio, pelo site oficial do evento.

Mas nem só de cerveja —ou melhor, de Oktoberfest— vive o turismo de Blumenau. A cidade tem outras atrações, que incluem desde museus e parques até hotéis luxuosos.

Como chegar

Para quem vai de avião, o aeroporto mais próximo é o de Navegantes, no litoral de Santa Catarina. De lá, há várias opções de transfer até Blumenau. O serviço custa R$ 60, e o trajeto dura cerca de uma hora.
Você pode escolher, claro, um caminho por outras cidades da região, como Joinville ou mesmo a capital, Florianópolis. Nesse caso, o critério é a posição geográfica ou quanto tempo você está disposto a passar na estrada —o que pode ser uma boa maneira de conhecer outras atrações nas redondezas.




Onde ficar

Se você quer luxo, a dica é o Villa do Vale Boutique Hotel. A hospedagem está localizada no centro de Blumenau, mas o hóspede tende a se esquecer disso, porque os quartos ficam em uma casa histórica no alto de um morro onde até o caminho, sinuoso e arborizado, ajuda a mudar os ares.

Trata-se de uma hospedagem exclusiva —depois de uma expansão no período pandêmico, o hotel conta agora com 20 suítes, com diárias a partir de R$ 1.640—, e o atendimento é focado na personalização da experiência, desde os mimos para os hóspedes até a mordomia de receber o café da manhã pontualmente no conforto do quarto.

Tente não sair sem experimentar a tapioca recheada com a linguiça blumenau —ingrediente que, por óbvio, está presente de várias formas em quase todos os restaurantes da cidade.

Também no centro de Blumenau, em localização privilegiada, o Hotel Glória fez fama por seu café colonial —considerado por alguns o melhor da cidade— que atrai hóspedes e não hóspedes em manhãs e fins de tarde. Lá as reservas podem ser feitas com diárias em torno de R$ 250.

Uma opção mais modesta e para quem gosta de contato com a natureza é a Pousada Rio da Prata. Afastada do centro, na região conhecida como Nova Rússia, a hospedagem traz seis chalés, de diferentes tamanhos, no meio da mata atlântica —o local surgiu a partir da iniciativa de seus proprietários que, há 30 anos, criaram uma ONG para preservar a floresta.



O que fazer em Blumenau

Passeio panorâmico de ônibus

O jeito mais prático e rápido de conhecer boa parte da cidade é fazer o passeio panorâmico de ônibus que percorre quase 30 dos principais pontos turísticos.

Por R$ 70 e durante quatro horas, a experiência conduzida por guias mostra tudo, desde o centro histórico até a Ponte de Ferro, um dos cartões-postais, passando por locais cheios de história e curiosidades. É possível conhecer, por exemplo, o cemitério de gatos e o teatro Carlos Gomes, envolto em lendas.

Museu da Cerveja

Quem não quer sair de Blumenau sem saber mais sobre sua tradição cervejeira pode conhecer o museu dedicado à bebida. Além de entender todo o processo de fabricação, o tour guiado explica como a cerveja está diretamente relacionada às raízes de Blumenau, hoje considerada a capital nacional da bebida.

Lá você entende também como a Oktoberfest, para além do fenômeno turístico, é uma expressão da resiliência da cidade, atingida por enchentes históricas que deixaram centenas de mortos ao longo das últimas décadas.

Há, claro, degustação inclusa no passeio. A dica é experimentar a Catharina Sour, resultado do primeiro estilo brasileiro de cerveja reconhecido internacionalmente. Existem rótulos com maracujá, pêssego, jabuticaba. Este repórter provou e adorou, mas, um spoiler: a acidez faz dela algo na linha “ame ou odeie”. O Museu da Cerveja abre todos os dias, das 9h às 19h. O ingresso custa R$ 60.

Parque da Vila Germânica

Outra atração normalmente relacionada à bebida, mas que deve agradar vários públicos é o Parque da Vila Germânica, que sedia a Oktoberfest. No resto do ano, o local continua bastante ativo. Em datas especiais, como a Páscoa e o Natal, a decoração característica enche os olhos dos visitantes. Há ainda feiras sazonais voltadas, por exemplo, a setores como o de casamentos e de móveis, que atraem, consumidores e empresários. Além disso, as dezenas de restaurantes do local, vários deles no tradicional estilo enxaimel, servem a típica comida alemã diariamente.

Museu da Hering

Fora do tema gastronômico, uma atração é o Museu da Hering, marca da indústria têxtil, que nasceu em Blumenau. O espaço exibe, além dos primeiros passos da empresa e alguns de seus feitos, registros históricos de como a criação da fábrica ajudou a cidade a se desenvolver.

Um charme a mais no passeio é a visita ao jardim suspenso idealizado pelo famoso paisagista Roberto Burle Marx, o mesmo que projetou o calçadão de Copacabana. A visita é gratuita e pode ser agendada no site da Fundação Hermann Hering.




Onde comer

O orgulho blumenauense de suas origens alemãs se traduz com muita clareza na gastronomia. O jovem restaurante Norden Bar & Biergarten, por exemplo, inaugurado ainda durante a pandemia em uma casa de 125 anos, serve o que talvez seja o melhor schweinehaxe (joelho de porco assado acompanhado de chucrute e dumplings) que você pode provar na cidade.

Já o Senac Blumengarten honra o prédio histórico que ocupa, sede da primeira maternidade de Blumenau, e ajuda a formar todos os anos novos futuros nomes da alta gastronomia. É o restaurante de onde você não pode sair sem provar o tradicional schnitzel (carne suína empanada) e o clássico strudel de maçã.

Blumenau tem uma comunidade italiana muito relevante em termos numéricos, culturais e, claro, gastronômicos. Digno de nota é o restaurante Funiculì Funiculà, sediado em um prédio tombado como patrimônio histórico, que emula como poucos os sabores das cantinas do sul da Itália.

Fonte: Folha de S.Paulo