Influências europeias, indígenas e africanas marcam festejos no Brasil

Reconhecido mundialmente pela alegria do seu povo, o Brasil é palco de inúmeras manifestações que exaltam tradições seculares e ajudam a contar a história da cultura brasileira.

No oitavo capítulo da série de reportagens sobre cem lugares imperdíveis no país, a Folha elenca destinos para curtir as festas populares do país. O Carnaval, a maior delas, é hors-concours —e, assim, fica de fora da lista.

Festival de Parintins (AM)

Cortejos inspirados na lenda sobre a ressurreição de um boi acontecem desde o século 19. Mas foi em 1965 que a tradição se tornou um festival. O duelo anual entre os bois Garantido e Caprichoso acontece no Bumbódromo, um estádio para 35 mil pessoas construído especialmente para o evento, que atrai cerca de 80 mil turistas para a cidade. Em 2018, a festa ganhou o título de patrimônio cultural do Brasil.
O festival começa na última semana de junho, mas os ingressos são vendidos já no final de janeiro em festivaldeparintins.com.br

Círio de Nazaré, Belém (PA)

Diz a tradição que, no século 18, um homem encontrou uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré em Belém. Até mesmo sob a guarda do governador da capitania, a imagem sempre desaparecia e voltava ao seu lugar original, onde enfim se ergueu a Basílica de Nazaré. A primeira procissão em devoção à santa ocorreu em 1793 e, desde então, reúne milhares de fiéis todos os anos. Maior manifestação católica do país, foi reconhecida como patrimônio da humanidade pela Unesco.
O Círio de Nazaré acontece todo segundo domingo de outubro

Bumba-Meu-Boi, São Luís (MA)

Estrela dos festejos juninos maranhenses, o Bumba-Meu-Boi congrega manifestações católicas, africanas e indígenas, criando um universo cultural e religioso descrito por Mário de Andrade como “a mais estranha e original de todas as nossas danças dramáticas”. Em 2019 esse “complexo cultural” foi declarado patrimônio da humanidade.
As apresentações acontecem entre maio e junho no centro histórico de São Luís

São João, Campina Grande (PB)

O dia de São João é só em 24 de junho mas, na Paraíba, a festa dura o mês todo. São 32 dias de festividade, que neste ano celebra os 40 anos do “maior São João do Mundo” —título disputado também por Caruaru (PE). São esperadas mais de 57 mil pessoas por noite no Pátio do Povo, onde 340 atrações se apresentam, incluindo diversas quadrilhas e nomes como Elba Ramalho, Alok e Zé Vaqueiro.
A festa ocorre todo ano, em junho

Lavagem do Bonfim, Salvador (BA)

No final do século 18, escravizados lavavam e ornamentavam a Igreja Nosso Senhor do Bonfim para a festa homônima. Para o candomblé, a tarefa se tornou também um culto aos orixás, sendo parte da cerimônia das Águas de Oxalá. Depois de rituais realizados ao longo do ano, um cortejo de 7 km vai da Igreja da Conceição da Praia até a Igreja do Bonfim, onde as baianas despejam água de cheiro dos seus vasos nas escadarias.
A Lavagem do Bonfim ocorre sempre na quinta-feira posterior ao 1º domingo após o dia de reis



Festa do Divino Espírito Santo, Pirenópolis (GO)

A celebração da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos chegou ao Brasil com os portugueses e se disseminou por todo o país. Com a coroação do imperador e o hasteamento da bandeira do Divino, as folias tomam as ruas. Pelo grande número de rituais, personagens e componentes e pela intrínseca relação da festa com a identidade da cidade, a celebração de Pirenópolis recebeu o título de patrimônio cultural do Brasil.
A principal comemoração acontece no dia de Pentecostes, sempre 50 dias depois da Páscoa e 10 dias antes do feriado de Corpus Christi

Congada, Catalão (GO)

Mais um exemplo do sincretismo religioso da época do Brasil colonial, as congadas mesclam, pelo menos desde o começo do século 19, as crenças africanas e o culto católico à Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, considerados intercessores do povo preto. Com roupas coloridas e danças ao som de tambores, apitos, chocalhos, a festa é celebrada em todo o país. Mas é em Catalão que acontece uma das suas mais tradicionais manifestações.
A celebração dura cerca de dez dias, sempre na primeira quinzena de outubro

Festa do Peão, Barretos (SP)

Competições de montaria sempre foram parte da cultura sertaneja. Mas foi em 1956 que o Brasil ganhou sua primeira festa do peão, que se tornou o maior rodeio da América Latina. Além da montaria, os shows de grandes nomes da música sertaneja e a tradicional queima do alho (festival de comida tropeira) reúnem quase 1 milhão de pessoas durante duas semanas.
Neste ano, a festa será realizada de 17 a 27 de agosto no Parque Rodeio Show; ingressos a partir de R$ 40 em totalacesso.com

Oktoberfest, Blumenau (SC)

Em 1810, o rei bávaro Luís 1º convidou toda a cidade de Munique para celebrar seu casamento. A festa foi tão boa que logo marcaram a segunda edição, para o ano seguinte. E assim começou a tradição da Oktoberfest, um festival de cerveja que se espalhou pelo planeta. O de Blumenau, o segundo maior do mundo, é realizado desde 1984. São 19 dias de festa com muita cerveja e mais de 150 pratos tradicionais da Alemanha, como o bretzel, o goulash e o spätzle, além de desfiles e shows.
Neste ano, acontece de 4 a 22 de outubro no Parque Vila Germânica; ingressos a partir de R$ 22, mas alguns dias e horários têm entrada gratuita; oktoberfestblumenau.com.br

Natal Luz, Gramado (RS)

Desde os anos 1980, Gramado abriga uma das mais importantes celebrações de Natal do Brasil, que se tornou também um dos maiores espetáculos do tipo no mundo. A comemoração se estende do fim de outubro até o fim de janeiro, com a pequena cidade da serra gaúcha toda enfeitada. Há intensa programação de shows natalinos, desfiles com carros alegóricos e cerimônias como a do acendimento das luzes.
A próxima edição do Natal Luz irá de 26 de outubro a 21 de janeiro; a venda de ingressos começa em junho em natalluzdegramado.com.br

Fonte: Folha de S.Paulo

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