Na campeã Argentina, gastronomia vai de empanadas a restaurante premiado no 50 Best

Se antes da vitória na Copa do Mundo a Argentina já era destino badalado entre brasileiros, agora o país vizinho espera ainda mais turistas para o verão. Além do turismo cultural e de aventura, já bastante consolidados no país, a revitalização da gastronomia tradicional popular pode ser uma atração à parte na próxima temporada.

Na capital, Buenos Aires, entre as opções clássicas de bodegões e pizzarias portenhas se destaca o restaurante Don Julio, foi eleito este ano o melhor da América Latina e o número 14º do mundo na renomada lista 50 Best.

Instalado há 21 anos em um casarão do século 19, o Don Julio tem ambiente simples e despretensioso. Don Julio quer entregar ao cliente pratos sem frescura, mas com muito sabor. “A ideia é honrar a cozinha popular tradicional argentina”, afirma Pablo Rivero, um dos proprietários.

É o destino ideal para quem busca saborear cortes de carne com osso e sem, como os clássicos bife de chorizo e o lomo, de raças angus e hereford, que chegam à mesa no ponto perfeito, à escolha do cliente.

A qualidade da carne é garantida por uma criação própria para o restaurante. “Nós investimos numa produção de gado regenerativa, seguindo a tendência mundial para produzir preservando o ambiente”, explica Rivero.

Para acompanhar os bifes, há ótimas opções de queijos e vegetais, como os aspargos assados. Os legumes variam no menu conforme a época, e são fornecidos por produtores orgânicos de La Plata e San Vicente.

Na cava ficam cerca de 15 mil garrafas —todas argentinas. Um sistema criado pelos sommeliers, a degustação sensorial, permite conhecer mais dos terroirs da Argentina, relacionando os vinhos e suas regiões.

Já era preciso fazer reserva, e agora, com a premiação no 50 Best, a necessidade só aumentou. A espera na porta, no entanto, é suavizada com uma taça de champanhe, entregue a cada cliente na hora que chega.

Além do Don Julio, turistas brasileiros —especialmente os paulistanos— devem se sentir em casa na Argentina. A esquina das ruas Guatarruchaga com Guatemala, por exemplo, no bairro portenho de Palermo, lembra em muito o burburinho que se forma em frente ao badalado A Casa do Porco, no centro de São Paulo.

Quem busca a cozinha clássica de Buenos Aires sempre pode apelar aos botecos, pizzarias e cafés. Muitos estão na lista dos chamados “notáveis” (a Los Notables, Café & Cultura), um reconhecimento dado a estabelecimentos portenhos de qualidade que também foram cenários de eventos importantes.

Entre eles estão o famoso Café Tortoni, o London City —que era frequentado pelo escritor Julio Cortázar—, e o bodegón Los Galgos, que serve milanesa com papas fritas e o famoso sanduíche de miga, feito com bastante recheio e pão sem casca.

Mais rebuscado e elaborado, o Mengano é boa opção em Palermo. O lugar se autodenomina um “bodegón de platitos”. O ambiente charmoso segue o estilo dos botecos que inspiram o chef Facundo Kelemen a aplicar técnicas que aprendeu em Nova York para gourmetizar clássicos da cozinha de boteco Argentina.

O viajante pode provar releituras como o ótimo nhoque com pesto e um arroz crocante com mariscos. É recomendável, ainda, aceitar a dica do chef na hora de provar as empanadas de carne picante: “São para comer de uma bocada só”. Caso contrário, é melhor proteger a roupa.

Também deve-se evitar ir embora do Mengano sem provar as sobremesas, em especial o sorvete de morango, tangerina e sambayon. A carta de vinhos tem garrafas de vinícolas da região mais austral do mundo, localizadas na Patagônia extrema.

Seguindo tendência mundial em busca de uma vida mais natural, algo que ganhou muita força pós-pandemia, surgem também muitas opções para vegetarianos e veganos no circuito portenho.

No bairro de Villa Crespo, o Chui foi construído em um terreno onde antes era uma serralheria e hoje ostenta um belo jardim com antigos ladrilhos à vista. O menu sem carne utiliza ingredientes cultivados por pequenos produtores agroecológicos.

No espaço aberto, com mesas em meio às arvores, a cozinha também é aberta e prepara pratos e pizzas na brasa e em fornos à lenha. Há uma vitrine com frascos de conservas artesanais da casa.

Vale provar os pratos focados em cogumelos cultivados ali mesmo no restaurante, como o interessante patê cremoso. Entre as entradas, o mais interessante é o abacate assado com leite de tigre. As pizzas também vêm em sabores diferentes, como uma de batatas com cogumelos.

Fonte: Folha de S.Paulo